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Período das queimadas assusta a população e aumenta demanda dos Bombeiros

Somente no mês de agosto e nos primeiros dias de setembro, o Corpo de Bombeiros registrou 115 atendimentos de queimada em vegetação no município.

10/09/2017 07:25

Fumaça, calor, fuligem... Começa o período do B-R-O-BRÓ - os meses mais quentes do ano em Teresina - e a cidade se veste de cinza. Somente no mês de agosto e nos primeiros dias de setembro, o Corpo de Bombeiros registrou 115 atendimentos de queimada em vegetação no município.

Segundo o major José Veloso, Relações Públicas dos Bombeiros, a tendência é de que estes números aumentem a partir da segunda quinzena de setembro e no mês de outubro. “Os chamados que estamos atendendo até agora estão dentro da média esperada, mas deve crescer periodicamente, em função dos meses que vão ficando mais quente com clima mais seco, umidade relativa do ar baixa, ventilação intensa, que termina propiciando a propagação do fogo”, disse.


O major José Veloso diz que a tendência é o número de chamados aumentar mais daqui para frente (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

Para evitar esses focos de incêndio, ele orienta que os proprietários de terrenos mantenham o local limpo, sem vegetação e lixo. Em média, o Corpo de Bombeiros atende 10 chamados diariamente, em diferentes zonas de Teresina e na área rural. Contudo, esse número é ainda maior. “A grande demanda que temos recebido são de focos de incêndio em terrenos baldios, em imóveis que foram adquiridos e os proprietários não muram. A limpeza é a palavra-chave para evitar esse tipo de acontecido, porque temos condições de clima favorável e é algo que não podemos interferir”, alerta.

Dessa forma, ele recomenda que os proprietários de terremos mantenham a limpeza em dia, inclusive com uma faixa de aceiro em volta do imóvel, garantindo que, em caso de incêndio, o fogo não se propague e não cause maiores danos. O relações públicas dos Bombeiros ressalta que é responsabilidade do dono do terreno garantir que o local não seja um possível foco de incêndio. 


Os Bombeiros atendem em média 10 chamados por dia na zona urbana e rural de Teresina (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

A capina continua sendo a forma mais segura de manter um terreno limpo. Contudo, em grandes áreas, é possível utilizar o fogo com forma de limpar o espaço, porém, essa técnica deve ser feita com cautela. É o que destaca o major Veloso. “Usamos o fogo até para apagar o fogo, que é uma técnica. O problema é o uso sem que sejam observadas as questões de segurança. O lavrador que precisa usar o fogo para limpar o terreno, deve se preocupar com o entorno, garantindo uma queimada controlada”, explica.

Além disso, é preciso seguir algumas orientações, como o horário que deve ser evitado, entre 10h e 16h. Também é importante fazer um aceiro em volta do terreno, que consiste em uma faixa de área larga e limpa, garantindo que o fogo não ultrapasse aquela borda e avance para um local não desejado. É recomendado ainda que seja feito o corte da vegetação mais alta, para que o fogo fique mais rasteiro e de fácil controle.


Em agosto e nos primeiros dias de setembro, o Corpo de Bombeiros registrou 115 atendimentos de queimada em vegetação no município (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

O major Veloso lembra que atear fogo em terrenos de maneira irregular é considerado uma prática criminosa, podendo gerar multa e até detenção. A Lei Federal 9.605/98 considera crime ambiental o ato cometido por infratores para a remoção de material acumulado, como lixo e mato alto em terrenos baldios. Mesmo com a prática, podem ser penalizados com multa que varia de R$ 500,00 a R$ 1 milhão e detenção de três a seis anos.

Para combater os incêndios, o Corpo de Bombeiros do Piauí conta com um efetivo de 316 bombeiros, sendo 113 apenas em Teresina, além de pontos em Parnaíba, Floriano, Picos e no aeroporto do Capital. Além dos caminhões já usados, há ainda duas pick-ups que servem de apoio para apagar o fogo, comportando 600 litros de água e utilizada em locais de difícil acesso.

Moradores temem incêndios

Em 2014, a dona de casa Maria de Fátima Ferreira (54), que reside no Conjunto Sol Nascente, bairro Redonda, zona Sudeste, levou um grande susto. Ela estava em sua residência quando uma enorme labareda por pouco não atingiu o imóvel. Assustada, ela saiu de casa às pressas e os vizinhos ajudaram a apagar o fogo até que o Corpo de Bombeiros chegasse ao local. O caso aconteceu em pleno B-R-O-bró. 


Foto: Moura Alves/O Dia

A mesma situação se repetiu nos dois anos seguintes, em 2015 e 2016, o que tem deixado a dona de casa apreensiva nessa época do ano. “Todo ano quando chega nesse período eu já fico com medo, preocupada se vai pegar fogo de novo, por isso que este ano já mandamos capitar o terreno do lado”, conta.




A medida de roçar o terreno ao lado custou à Maria de Fátima R$ 200, valor que deveria ter sido pago pelo proprietário do lote, mas que nunca foi localizado. O filho da moradora, o agente de portaria Danilo Ferreira (30), explica que essa foi a medida encontrada para que a família não fosse surpreendida novamente. “Nós contratamos uma pessoa para roçar o terreno vizinho, que está abandonado e o dono nunca apareceu. A gente tira do nosso bolso e sabe que não vai ser ressarcido, mas como minha mãe fica sozinha boa parte do tempo, ficamos com receio de acontecer de novo”, frisa.


Foto: Moura Alves/O Dia

Na última quarta-feira (06) realizaram uma nova queimada em frente à casa de Maria de Fátima, deixando a moradora apreensiva e preocupada. De acordo com Danilo Ferreira, muitos moradores ateiam fogo para eliminar o mato dos terrenos, que são usados por assaltantes como esconderijo.

Por: Isabela Lopes, especial para o Portal O Dia
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