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Páscoa: religiões divergem sobre os milagres da ressurreição; entenda

De acordo com o evangelho, reviver não significa ressuscitar. Para os espíritas, Jesus Cristo não ressuscitou e nem fez milagres nesse sentido

16/04/2017 08:24

A Páscoa é a data mais importante dentro do calendário cristão. De acordo com o cristianismo, nesse período é celebrada a ressurreição de Jesus Cristo para vida eterna. A ressurreição de Jesus é a base e o fundamento para toda a fé cristã, e é a partir da crença nesse acontecimento que a fé é manifestada pelos fiéis.

O domingo de Páscoa é o ápice do ano litúrgico, voltado para celebrações religiosas em homenagem à ressurreição de Jesus Cristo. Segundo o padre Luís Eduardo Jesus transmite a mensagem de que, quem nele crê, viverá eternamente. “Ele nos diz que nós também glorificaremos a Deus e nós também ressuscitaremos. Nós acreditamos na ressurreição do Senhor, pois, se ele não ressuscitou, nós também não ressuscitaremos”, afirma.

As histórias de ressurreição na Bíblia, entretanto, surgem antes da crucificação de Jesus, e são considerados os principais milagres do “filho de Deus” na terra, amplamente apreciados através do Novo Testamento.


(Foto: Jaílson Soares/ O Dia)
No entanto, de acordo com o evangelho, reviver não significa ressuscitar, pois ressurreição significa viver para a vida eterna. “O que Jesus Cristo fez não são ressurreições, ele revivificou, ou seja, deu vida novamente, mas não uma vida eterna”, esclarece o padre Luís Eduardo. Ele explica ainda que os milagres tiveram como objetivo restaurar a fé da humanidade e faziam parte do plano de salvação divina para a humanidade.

De acordo com o padre, a diferença pode ser observada no milagre de Lázaro. Pois, ao ser ressuscitado, Lázaro saiu do sepulcro com os pés e as mãos envoltos em panos, enquanto no sepulcro de Jesus, os lençóis foram encontrados dobrados. “Essas ressurreições foram sinais para que as pessoas pudessem crer que ele era o Messias, o enviado de Deus na Terra. Todas as pessoas que ele ressuscitou voltaram a morrer, pois a verdadeira ressurreição é a de Jesus Cristo, e que será a nossa também”, pontua o padre Luís Eduardo.

Padre Luís Eduardo: “O que Jesus Cristo fez não são ressurreições, ele revivificou, ou seja, deu vida novamente, mas não uma vida eterna”. (Foto: Jaílson Soares/ O Dia)
Na tradição cristã, a ressurreição é a passagem da morte para a vida, através da salvação. “Nós lutamos contra essa morte que é o pecado. Por isso, nós celebramos com tanto fervor a vitória sobre a morte, pois acreditamos que depois da ressurreição teremos a vida eterna. Esta virá no último dia, no juízo final. Até lá, nós estaremos sepultados, não estaremos em nenhum outro lugar”, diz o padre Luís Eduardo.

Ressurreição x Reencarnação

Para os espíritas, no entanto, a ressurreição é vista de outra forma. A Páscoa não possui um significado especial dentro da doutrina. O Espiritismo entende que os fenômenos identificados como ressurreição no Evangelho não constituem um retorno à vida física após a morte consumada, pois seria biologicamente contrário à lei natural.

Segundo o espiritismo, os três milagres de ressurreição de Jesus Cristo seriam uma manifestação de cura de enfermidades, e não de retorno à vida. “O espírita entende que, pelo pensamento, um espírito sábio e bom como Jesus tem a força de atuar sobre a matéria para contribuir com sua recuperação. Então, os ditos milagres de ressurreição foram a ação magnética de Jesus sobre os corpos doentes para proporcionar sua cura de estágios de morte aparente”, afirma o expositor espírita, Marko Galleno Alves.


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Já em relação à ressurreição de Jesus Cristo, Marko Galleno explica que o Espiritismo entende que as aparições de Jesus após a sua morte foram manifestações espirituais. “Seu corpo físico deve ter sofrido algum processo de desintegração que não podemos entender ainda qual. E o espírito, que é o ser pensante, pois o corpo é apenas veículo, se manifestou aos discípulos”, esclarece.

Os espíritas acreditam que a ressurreição seria a volta do espírito ao mesmo corpo que utilizava durante a vida física, enquanto a reencarnação é o renascimento do espírito em outro corpo físico, para continuar sua existência de aprendizado e amadurecimento através de outras experiências, mantendo sua essência e suas conquistas de outras vidas.

Apesar de não acreditarem na ressurreição de Jesus Cristo, os espíritas creem que a sua manifestação espiritual é importante. “Independentemente de se crer na ressurreição ou reencarnação, a mensagem de continuidade da vida alarga a nossa compressão de mundo. Nos faz ver que as consequências de nossos atos se prolongam além da vida presente”, finaliza Markos Galleno.


Por: Nathalia Amaral
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