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Mototaxista de Teresina cria HQs e faz campanha para lançar histórias

As histórias são feitas enquanto Luís Celso (61) espera por passageiros, na praça do Esplanada, zona Sul da Capital

29/12/2021 10:39

Um artista nato e autodidata. Aos 12 anos, Luís Celso Vieira Damasceno (61) desenvolveu a habilidade de desenhar. Na época, ele olhava e se inspirava no primo. Hoje o mototaxista, que mora no bairro Porto Alegre, zona Sul de Teresina, já coleciona dezenas de histórias. Os desenhos são feitos enquanto ele espera por passageiros, ali mesmo na praça do bairro Esplanada. Entre uma corrida e outra, surgem histórias e personagens únicos.

Às vezes, familiares, amigos e até desconhecidos que passam pelo local se tornam personagens de seus contos. E as temáticas são as mais variadas, do dia a dia ou de inspirações futuristas. Uma de suas histórias está prestes a ser publicada. A HQ ‘Cenouras Maldita’, que reunirá seis contos curtos em 52 páginas, está em busca de financiamento.

(Fotos: Assis Fernandes/ODIA)

A ideia é que os quadrinhos de Luís Celso ganhem vida, finalmente, possam ser lançados. Para isso, foi iniciada uma campanha para arrecadar recursos no Catarse, um site de financiamento coletivo (crowdfunding). Por meio do link, os usuários podem contribuir para até projeto até o dia 20 de fevereiro de 2022, quando encerra a ação. Qualquer pessoa pode apoiar com o valor do quadrinho e ainda tem opções para acrescentar outros brindes.

Além das ‘Cenouras Malditas’, Luís Celso coleciona outras histórias muito interessantes, que misturam a regional com o futurismo, como os ‘Filhos do Tempo’, uma HQ que se passa no município de Piracuruca, onde, durante um passeio da região, cinco jovens pisam em uma pedra e descobrem um laboratório secreto. O conto foi iniciado em 2017, já possui mais de 270 páginas, e, segundo o mototaxista, ainda não tem previsão para ser concluído.

“Mas, entre uma história e outra, eu vou criando outras pequenas histórias. A 'Filhos do Tempo' eu faço uma ou duas páginas por dia. Começou com cinco protagonistas, agora são oito, e vou criando todo dia alguma coisa. Muitas das minhas histórias não têm texto, são apenas desenhos, coisas do dia a dia. Eu vejo uma pessoa passando, acho o traço dela interessante e a partir daí coloco ela na história”, conta o mototaxista Luís Celso.

Para Bernardo Aurélio, editor de quadrinhos, Luís Celso é dono de um traço kitsch, mas sem o teor pejorativo. “É popular, de massa, de grande alcance. Na verdade, o melhor adjetivo seria alguma coisa entre o kitsch e o ‘naife’, porque os desenhos dele são simples, mas com uma técnica forte de hachura. Não é um desenho acadêmico, no sentido de que Celso é um autodidata. Normalmente, seus gibis são mudos, mas ele começou a colocar os textos. Um ilustrador às avessas. Primeiro desenha, depois imagina os diálogos. Sempre me impressionou a sua dedicação ao desenho e aos quadrinhos, nunca deixando se abater pelas adversidades da vida. Muito pelo contrário, sua produção, mesmo desenhando no meio da praça, é muito grande. Tem histórias de mais de 100 páginas”, ressalta Bernardo.

A HQ ‘Cenouras Malditas’ terá o seguinte formato: 48 páginas, 210 x 297 mm, com lombada quadrada.

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