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Mais de 800 processos para asfaltar ruas de cadeirantes estão acumulados

O centro comercial da Capital, que recebe um grande número de pessoas todos os dias, é uma das áreas da cidade que não possui acessibilidade.

09/06/2018 08:51

Quem é cadeirante ou tem a mobilidade reduzida encontra desafios logo ao sair de casa: ruas sem rampas de acessibilidade, calçadas irregulares, meio fio muito alto. Essas são algumas das dificuldades encontradas pelos cadeirantes que residem em Teresina. Por conta da realidade, o número solicitações de asfaltamento de vias onde residem cadeirantes tem crescido a cada ano na Semduh, órgão municipal responsável por asfaltar as ruas de Teresina. Atualmente, mais de 800 processos se acumulam na secretaria, que não possui recursos para contemplar toda essa demanda.

A vida de Auricélia Nunes Evangelista, 40, mudou há cinco anos, quando ela realizou um procedimento cirúrgico na perna e acabou perdendo o movimento dos membros inferiores, passando a necessitar de cadeira de rodas para se locomover. O dia era 16 de fevereiro de 2013,  data que não sai da memória de Auricélia, que teve paralisia infantil quando criança, mas tinha uma vida normal, com trabalho, esposo e duas filhas.

“Eu fui fazer uma cirurgia porque tive um desligamento no meu pé, mas o médico disse que o problema estava na minha tíbia. Ele serrou o osso, só que atingiu um nervo que vai para a coluna e eu perdi o movimento das minhas pernas”. 

O erro médico custou para Auricélia Nunes, hoje cadeirante e atleta da Seleção Brasileira Paralímpica, o movimento de suas pernas. A nova condição de vida lhe trouxe grandes mudanças, desafios, mas muita força de vontade de superar esses obstáculos a cada dia, principalmente de se locomover pela cidade e poder realizar suas atividades normalmente.

O centro comercial da Capital, que recebe um grande número de pessoas todos os dias, é uma das áreas da cidade que não possui adaptação para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, como confirmado durante vistoria realizada pela Associação dos Cadeirantes de Teresina (Ascamte) e órgãos fiscalizadores, como a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional (Semduh).

Alguns locais podem passar despercebidos por quem não possui nenhum tipo de deficiência, mas, quem realmente necessita, sente na pele a falta de educação e reconhecimento por parte de empresas e órgãos públicos. Auricélia Nunes cita exemplos de pontos em Teresina que não possuem rampas adaptadas para passagem de cadeirantes.

“A cidade não abraça as pessoas com deficiência e as ruas têm muitas dificuldades para a gente que precisa de acessibilidade. Em locais como os shoppings, lá possuem faixas de pedestres e sinal sonoro, mas não tem uma rampa de acessibilidade. A Avenida Marechal Castelo Branco também não tem acessibilidade para cadeirantes, assim como na Avenida Frei Serafim, que possui apenas no canteiro central. A rua ao lado do Tribunal de Justiça é inviável para um cadeirante, porque os carros estacionam em cima das calçadas e os nós tendo que nos aventurar no meio da rua, dividindo espaço com os carros e motos”, comenta.

Mas, não é apenas no centro da cidade que os cadeirantes encontram dificuldades para se locomover. Alguns, muitas vezes, mal conseguem sair de suas próprias residências, vez que as ruas são impróprias para circulação de uma cadeira de rodas. O resultado são pessoas que vivem isoladas e dependentes de terceiros. O asfaltamento de vias onde residem cadeirantes é uma das principais solicitações de associação e de pessoas com mobilidade reduzida, o que garantiria maior autonomia para essas pessoas.

Por mais de dois anos, Auricélia Nunes solicita o asfaltamento da rua que reside, no bairro Vila Bandeirante, zona Leste de Teresina. Entretanto, a via foi contemplada com a colocação de parelelepípedos, o que continuou não dando a mobilidade desejada pela cadeirante.  “A rua era toda esburacada, eu fiz várias solicitações para asfaltar e, finalmente quando chega, são essas pedras, que dificulta do mesmo jeito. Eu não sei andar sozinha nessa rua, porque minha cadeira não anda e eu tenho medo de cair, então preciso estar sempre acompanhada”, conta.

Por: Isabela Lopes
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