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Exclusivo: Celular de estudante agredida tinha localizador instalado por filho de delegado

Em entrevista exclusiva ao O Dia, a estudante Victoria Soares, bastante abalada, se mostrou “indignada” com a forma com que o acusado foi preso.

12/05/2023 às 12h35

28/09/2023 às 12h35

A estudante de Direito Victoria Soares concedeu uma entrevista exclusiva ao O Dia, onde conta detalhes do relacionamento conturbado entre ela e o empresário Matheus Vitor, filho de delegado, que foi preso na manhã desta sexta-feira (12) acusado de agredir a vítima em um condomínio de Teresina. Bastante abalada, Victoria se mostrou “indignada” com a forma com que o acusado foi preso e revelou que o ex-namorado chegou a instalar até mesmo um localizador no seu celular, para rastreá-la onde fosse.

“Eu quero deixar a minha indignação porque ele não foi preso como todo mundo é preso. Porque ele não foi preso com algemas? Porque ele estava andando em uma farmácia? Eu tenho medo. A cara dele está exposta, todo mundo está sabendo. Porque ele tem segurança e eu não tenho segurança? Ele estava no banco de trás da viatura, sem algemas. Era uma prisão ou um passeio? Será que ele estava de conversa com os amiguinhos do papai dele?”, questionou.

Victoria Soares - (Assis Fernandes/O DIA) Assis Fernandes/O DIA
Victoria Soares

Ao lembrar das agressões, Victoria contou que, no início, achava os ataques de ciúmes de Matheus normais em um relacionamento. Porém, foram se agravando com o tempo. “Eu fui machucada por duas vezes, com lesões. Ele sempre foi ciumento e sempre disse para mim: eu tenho a sensação de posse de ti, tenho ciúmes de ti. E eu não consegui ver isso como algo doentio, ameaçador, como risco de morte. Eu só conseguia ver uma pessoa que me amava muito”.

A estudante foi agredida várias vezes, mas só registrou queixa duas vezes. “Registrei B.O nas duas últimas. Ele me perseguia no meu local de trabalho, isso com três ou quatro meses de namoro. Meu celular tinha um localizador, ideia dele. Mas eu estava romantizando tudo, iludida, apaixonada. E depois tudo isso aconteceu, só vergonha”.

Matheus Vitor - (Reprodução / Redes Sociais) Reprodução / Redes Sociais
Matheus Vitor

E ainda muito arrasada com tudo que aconteceu, Victoria revelou que as forças para denunciar o agressor vieram do medo de morrer. “Sabe porque eu tive coragem? Porque eu sei que se não tivesse visibilidade eu ia virar estatística. A prisão dele vai durar quanto? E se ele pagar fiança, quanto vai custar a minha morte? A tranquilidade dele e da família dele me revolta. Que essa prisão dure, que a justiça seja feita. Eu não tenho segurança, eu tenho medo de algo acontecer comigo”.

Victória Soares - (Assis Fernandes/O DIA) Assis Fernandes/O DIA
Victória Soares

Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Segurança Pública informou, em nome da Polícia Civil e do Departamento Estadual de Proteção à Mulher, que vem acompanhando as investigações relativas ao crime praticado contra Victoria Soares. "A Polícia Civil certifica que todas as medidas estão sendo tomadas para preservar a integridade da vítima e a responsabilização do autor".

Como foi a prisão

O delegado Tales Gomes, gerente de Polícia Especializada afirmou, em entrevista à imprensa na manhã de hoje (12), que Matheus Vitor foi surpreendido pelas equipes da Polícia Civil no momento em que chegava à casa de um familiar e chorou ao ser preso. “No momento da prisão, ele não estava acreditando que tinha um mandado de prisão contra ele. Chorou um pouco, se mostrando um pouco arrependido”, afirmou o delegado.

Ainda de acordo com o delegado, a arma de Matheus também foi apreendida durante a ação policial. O empresário era atirador esportivo e possuía a CAC, que é um certificado de registro para pessoa física que realiza atividades de colecionamento de armas de fogo, ou uso em tiro esportivo e caça.

Matheus Vitor foi encaminhado ao IML para realização de exames de corpo delito, e em seguida será conduzido ao sistema prisional, onde deverá aguardar o andamento do processo.

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