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Despejo de idosa no Dirceu causa comoção nas redes sociais; família alega irregularidade

Maria das Dores da Silva Machado, de 59 anos, teve a casa leiloada em 2009 apesar de uma negociação de quitação de débitos. Ela mora há mais de 30 anos, no bairro Dirceu I, na Zona Sudeste de Teresina

17/07/2021 12:41

Maria das Dores da Silva Machado, de 59 anos, morava no mesmo endereço há 32 anos, no bairro Dirceu I, na Zona Sudeste de Teresina. Em 2008, a então Companhia de Habitação do Estado do Piauí (Coahb) – hoje Empresa de Gestão de Recursos do Piauí (Emgerpi), a convocou para fazer a quitação do imóvel que, em caso de atraso de débitos, seria leiloado em feirão especial. A família de Dona Maria alega que efetuou uma negociação paga em duas vezes, como consta em comprovantes enviados à reportagem neste sábado (17), mas teria sido informada que a residência já havia sido passada para outra pessoa em 2009. Na sexta-feira da semana passada, Dona Maria foi despejada de casa – o que gerou comoção em toda a região. (Veja vídeo).

“Nós fomos notificados sobre os débitos e isso não negamos. O fato é que nós negociamos e regularizamos a situação. Dividimos a quitação da casa em duas vezes e, na segunda parcela, já fomos informados que a casa havia sido leiloada. Mesmo assim, eles receberam o dinheiro que fomos pagar. Depois dessa negociação, desde 2009 – estamos travando essa batalha com a Emgerpi, que era a antiga Cohab. Na semana passada, colocaram ela para fora como se não fosse nada”, disse Cássia Kelly, de 32 anos, que é filha da Dona Maria.


Foto: Reprodução/Whatsapp

Kelly disse que o débito da casa de Dona Maria era de R$ 2 mil. Na época, a família não tinha dinheiro suficiente e, por isso, optou por um parcelamento em duas vezes.  


Foto: Reprodução/Whatsapp

“Minha mãe viveu a vida todo no local e criou os filhos lá. Fizemos todos os processos dentro do prazo e, mesmo com uma negociação, eles aceitaram o dinheiro e leiloaram a casa. O comprador procurou a minha mãe para tirar ela do local na época, mas não conseguiu”, completa.

Na sexta-feira passada, o comprador identificado como Gerson Gomes Pereira – não localizado pela reportagem – conseguiu, por meio de uma ordem de despejo do ano de 2013, retirar Dona Maria do local. Na residência, ela morava com um filho.  

“Ele chegou com vários policiais e retiraram ela a força do local, de um lugar que já estava quitado no prazo. Os vizinhos ficaram comovidos com a situação e divulgaram nas redes sociais”, afirma.

A casa de Dona Maria foi demolida nesta semana. Revoltados com a situação, vizinhos e amigos criaram uma campanha nas redes sociais para pedir a devolução do imóvel. A hastag #devolvaacasadadonamaria já conta com o apoio de artistas e lideranças comunitárias.

“Tivemos o apoio da página Fala Dirceu, que tem ajudado na divulgação desse absurdo. Agora queremos uma casa nova, pois ela não merece estar nessa situação. Até crianças já tem apoiado a iniciativa”, finaliza.

Dona Maria está morando na casa da filha e tem tido crise de ansiedade por causa da situação. Ela também está tomando medicação controlada, segundo a filha. A família tem um advogado particular, que está sendo pago por moradores da comunidade.

Outro lado

Em nota, a Emgerpi informou que foi citada indevidamente no processo de despejo de Dona Maria. O órgão disse que a possibilidade de negociação foi feita em 2008, mas sem sucesso. No ano de 2009, o imóvel foi arrematado para um leilão pelo senhor Gerson Gomes Pereira. A Emgerpi destacou ainda que o referido arremate foi avaliado por sentença judicial em 2013, reconhecendo-o como legítimo proprietário. 

Ainda por meio de nota, o órgão informou que desde a validação desse leilão não tem nenhuma responsabilidade sobre o destino do imóvel. 

Por fim, destacou a autoria da ação judicial de reintegração de posse não tendo nenhuma relação com os fatos divulgados. Os dados são de acesso público e estão disponíveis no site do Tribunal de Justiça. 

Veja abaixo a nota na íntegra:

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