Continuando
a série de reportagens sobre trabalho
informal, o
Jornal ODIA
traz hoje (21),
a história de pessoas que, sem
perspectivas de emprego, buscaram ocupações alternativas
para sustentar suas famílias. Ser
guardador e lavador de carros
não estava nos planos desses homens, que até desejam um serviço estável, mas por conta da
crise, falta de escolaridade, entre
outros empecilhos, precisam se
desdobrar com o que surge.
É o que conta o lavador de carros Ocílio Lopes da Silva, (32),
que iniciou nesta atividade há
seis anos, logo após deixar o sistema prisional. Ele explica que
tentou procurar um emprego
formal, mas não houve interesse por parte das empresas em
lhe contratar, por ser um ex-presidiário.
Sem alternativa, trabalhadores optam por lavar e cuidar de carro (Foto: Moura Alves/ O Dia)
“Não tive outra oportunidade de trabalho desde que ganhei
a liberdade do sistema prisional,
porque as empresas têm preconceito com ex-presidiários, o que
dificulta para que eu consiga me
estabilizar no mercado”, fala.
Sem alternativa, e com uma
família para sustentar, Ocílio Lopes da Silva contou com a ajuda
do cunhado para conseguir o
emprego que tem hoje. Atualmente, ele trabalha na Avenida
Maranhão e o pouco que ganha
é suficiente para as despesas diá-
rias. Antes de ser detido, ele também trabalhava como lavador de
carros, mas em um posto, o que
lhe rendia um salário mínimo no
final do mês.
Segundo ele, o valor era pouco, mas algo certo. Diferente
de trabalhar na informalidade,
onde ele fica dependendo da
procura dos clientes. “Tem dias
que não é tão bom, o que acaba comprometendo as contas
em algum momento. Mas isso
não me desanima, e como já me
acostumei com esse trabalho e
com a rotina, eu gosto”, conta.
O guardador de carros Cleilton Alves da Silva (37) trabalha
há 28 anos no Centro de Teresina. Ele conta que começou na
profissão aos nove anos e desde
então nunca mais largou. Sem
experiência em outras áreas e
por nunca ter trabalhado formalmente, ele acredita que esta
seja sua única alternativa para
manter sua família.
“Eu comecei aqui porque não
tinha outro emprego e como
eu nunca trabalhei em empresa
privada, nessa altura do campeonato é difícil conseguir. Aqui
é bom, porque no final do dia
eu tenho um trocado e dá para
ajudar nas despesas de casa e a
sustentar minha esposa e filhos”,
destaca.
Juarez Cardoso de Macedo
(42) também trabalha guardando carros no Centro de Teresina
há mais de oito anos. Ele trabalhava como ajudante de serviços
gerais e, após perder o emprego,
decidiu tentar um serviço informal, vez que não encontrou
outra ocupação em empresas
privadas.
“Um colega me ajudou a encontrar uma vaga aqui no Centro e acabei ficando. Comecei
como um bico e hoje é meu
emprego fixo. Aqui é melhor,
porque tem dinheiro todo dia,
não tenho patrão e eu faço meu
horário, chegando 7h e saindo
18h, de segunda a sábado”, fala
Por: Isabela Lopes