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Com oxigênio em baixa, pacientes do Hospital do Buenos Aires são transferidos

O presidente da FMS diz que o estoque do kit intubação está "œno limite do limite do limite" em algumas unidades e faz apelo: "œnão é férias, é distanciamento social".

29/03/2021 10:28

Em meio ao colapso do sistema de saúde, pacientes do Hospital do Buenos Aires, em Teresina, precisaram ser transferidos para outros hospitais em razão da baixa reserva de oxigênio disponível para atendê-los na unidade. Uma parte deles foi levada para o Hospital de Urgências de Teresina (HUT) e a outra parte, para o Hospital do Dirceu. As transferências ocorreram na noite deste domingo (28).

Transferir pacientes de unidades com nível crítico de oxigênio para unidades que possuem incremento em sua reserva é uma das estratégias adotadas pela Fundação Municipal de Saúde de Teresina (FMS) para garantir o tratamento adequado aos pacientes com covid-19 e evitar que mais vidas sejam perdidas. O Hospital do Dirceu, por exemplo, que foi um dos que receberam os pacientes transferidos do Hospital do Buenos Aires, recebeu a instalação de um novo cilindro de oxigênio na noite de ontem (28). 

“Esse tanque que instalamos no Dirceu tem três vezes a capacidade do anterior e permite que a gente interne lá pacientes que precisam de oxigênio em maior quantidade. Ontem de noite tivemos que transferir vários pacientes do Hospital do Buenos Aires porque a quantidade de oxigênio existente lá baixou da margem de segurança. Transferir pacientes de uma unidade a outra é uma das estratégias. A outra é não internar paciente que consome muito oxigênio onde nossa reserva é menor”, explicou o presidente da FMS, Dr. Gilberto Albuquerque.

Gilberto Albuquerque é presidente da FMS - Foto: Raimundo Lima/O Dia

Além do Hospital do Dirceu, o Hospital do Promorar e a UPA do Renascença também possuem uma capacidade maior de estoque de oxigênio para atender à demanda. Mas mesmo com essa capacidade de atendimento ampliada, preocupa a dificuldade de se obter cilindros de oxigênio no mercado. De acordo com Gilberto Albuquerque, a empresa que produz esses cilindros já teve que deslocar os insumos de outras regiões para manter o abastecimento aqui em Teresina.


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“Kit intubação está no limite do limite do limite”

Além da dificuldade em se conseguir oxigênio para manter os pacientes graves com covid-19 respirando, outra questão que gerou alerta foi a falta de kits de intubação. Tratam-se dos medicamentos utilizados em pacientes que precisam de respiração mecânica, tais como analgésicos e relaxantes neuromusculares. São insumos que estão em falta não só no Piauí, mas no Brasil e no mundo como um todo devido à alta demanda.

Kit intubação também está em falta em Teresina - Foto: Sesapi

O presidente da FMS informou em entrevista à reportagem de O Dia que o estoque de insumos do kit intubação está em um nível crítico em Teresina, sobretudo porque são medicamentos utilizados não só no tratamento de pacientes covid, mas também naqueles que precisam de cirurgias. “O medicamento de primeira linha está muito racionado. É o mesmo usado em cirurgias e, como nós trabalhamos com muitas cirurgias, estamos consumindo nossa capacidade de reserva. Estamos no limite do limite do limite e não temos mas como adiar o uso do medicamento”, explicou Gilberto Albuquerque.

Teresina está na expectativa de que o Ministério da Saúde encaminhe alguns desses medicamentos para suprir o estoque na rede de saúde pública já nos próximos dias e há ainda um contrato de compra do município com uma farmacêutica em vigência desde janeiro. Os insumos adquiridos na compra devem ser entregues ainda esta semana, mas por conta do nível crítico do estoque, a FMS não descarta que algumas cirurgias em pacientes não covid sejam prejudicadas.

“Evitem passear na casa dos outros e não aceite visitas”

Em meio ao colapso do sistema de saúde com o estoque de medicamentos e oxigênio em baixa, e com profissionais da linha de frente exaustos, o presidente da FMS fez um apelo para que os teresinenses pratiquem o isolamento social e se afastem um dos outros de modo a frear a contaminação pelo coronavírus e evitar que o que já está ruim, piore ainda mais.

Gilberto Albuquerque lembra que desde janeiro, quando foram feitos estudos epidemiológicos a respeito da propagação da doença, que o poder público alerta que o pico da segunda onda da pandemia em Teresina se daria na segunda quinzena de fevereiro e durante o mês de março. Isso, por consequência das aglomerações de final de ano e do feriado de Carnaval. 


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O presidente da FMS destaca que a previsão era de uma média de óbitos de 24 a 39 pacientes dia. O Piauí já teve pico de 45 óbitos assim como essa média se mantém acima dos 30 nas últimas semanas. Dos 27 estados brasileiros, só o Amazonas não tem problema com oxigênio e o kit intubação desapareceu do mercado. A aquisição de insumos e equipamentos, sozinha, não é suficiente. A única maneira de frear a curva pandêmica, diz ele, é se afastar uns dos outros.

“Esse vírus passar de uma pessoa para outra com menos de dois metros de distância. Se usar a máscara continuamente, mesmo em casa, reduz em 95% a chance de pegar. Se lavar as mãos com sabão frequentemente e usar álcool em gel, também. Nesse momento a população precisa fazer sua parte mais ainda. Evitem passear na casa dos outros, não aceitem visitas em casa nesse período. Não é férias, é distanciamento social. Não chegue perto de ninguém e nem deixem chegarem perto. É a melhor maneira de nos protegermos,” finaliza Gilberto Albuquerque.

Por: Com informações de Raimundo Lima, da O Dia TV
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