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Bicicleta é alternativa de baixo custo para teresinenses

Apesar das vantagens ambientais e financeiras, meio de transporte não encontra a infraestrutura necessária.

15/01/2019 07:47

O estudante Roniê Bezerra usa a bicicleta como principal meio de transporte desde 2016 e já chegou a ir da Universidade Federal do Piauí (Ufpi) ao bairro Dirceu pedalando. A liberdade de escolher os próprios horários, não precisar esperar ônibus, não enfrentar a superlotação e não correr o risco de arrastões são algumas das vantagens que o fizeram optar pelas duas rodas. Porém, entre as desvantagens do meio de transporte, ele cita a demora maior para chegar ao destino, o que torna a viagem mais cansativa. O período chuvoso também é outra dificuldade.

“Me sinto bastante inseguro porque, muitas vezes, os motoristas não querem ceder para os ciclistas. Eu acho que falta mais espaço para o ciclista, na questão da segurança e os direitos do ciclista”, pontua Roniê, acrescentando que a bicicleta possui outras vantagens, como a consciência ambiental em não poluir o meio ambiente, o fato de estar constantemente se exercitando e a economia de dinheiro.

Para o conselheiro do CAU/PI, Anderson Mourão, as ciclovias são um caso interessante na mobilidade da cidade. De investimento mais barato, elas ajudam muito em aspectos como a fluidez do trânsito e redução das emissões de gases na atmosfera. Mas é preciso planejar. Para ele, a questão “não é só pintar faixas nas ruas”, mas providenciar uma boa infraestrutura.

“Em Teresina, por exemplo, você precisaria de instalações de pontos de apoio com vestiários e banheiros para a pessoa se refrescar. Teresina tem um clima muito agressivo, então a infraestrutura para bicicleta tinha que envolver isso. Se possível, ciclovias que tivessem alguma forma de proteção solar em alguns pontos mais críticos. Infraestrutura para bicicleta é fundamental. Em Teresina, você já tem uma demanda muito grande de quem trabalha e de quem faz por lazer”, ressalta.


Foto: Jailson Soares/ODIA

Segundo Anderson, outra forma é dar incentivos para empreendedores quando forem lançados empreendimentos, quiçá por meio de redução de impostos. Nesses locais, poderia existir um apoio para ciclistas, um bicicletário ou algo do tipo. Para ele, vai sendo criada uma cultura que pode modificar a mobilidade urbana.

Os desafios da mobilidade urbana

Para a consultora técnica em Planejamento Urbano Regional e Desenvolvimento Urbano, Ângela Napoleão Braz, há uma série de desafios a serem enfrentados na mobilidade urbana de Teresina. O primeiro deles, na avaliação da especialista, se refere à forma de olhar a questão.

“A mobilidade urbana deve ser vista sob uma perspectiva em especial, a do ordenamento em nossa cidade. Toda ordenação espacial é questionável se não existir uma adequada acessibilidade, meios de transporte público eficazes, uma rede viária capaz e inteligentemente planejada para atender toda a demanda necessária e produzir oportunidade para que todos exerçam seu direito à cidade”, pontua.

Ângela defende que desenvolvimento econômico não deve ser entendido como algo contrário à qualidade de vida da população. Uma mudança de mentalidade é necessária para atacar a questão e chegar a resultados verdadeiramente eficazes e que melhoram a vida das pessoas.

“Em Teresina, apesar das inúmeras investidas no sentido do ordenamento, tem-se a impressão que se negligencia as singularidades da vida urbana, os modos de viver, o habitar propriamente dito. Até parece que dotar a vida urbana de qualidade implica em conflito com o desenvolvimento econômico. E a esse propósito, quando se trata da mobilidade urbana, não se deve esquecer que a política econômica brasileira tem contribuído negativamente. O estímulo à indústria automobilística acaba por onerar o transporte público desencadeando uma “imobilidade” urbana, principalmente nas grandes cidades, e uma perda do espaço público”, enfatiza.

Outras atividades, a exemplo de desfiles, procissões, brincadeiras e o "uso da calçada como extensão da casa", além do simples ato de ir e vir, têm sido prejudicadas pelo aumento do tráfego de carros e a ocupação por eles desses espaços. Tais ações “gradualmente, desapareceram para dar lugar aos automóveis”, avalia Ângela.

Segundo Ângela, para chegar à solução desses problemas, é preciso uma participação mais eficaz do Estado e que ele represente uma série de papéis, como a defesa do interesse público, planejamento territorial, ordenação e integração dos sistemas, bem como o financiamento.

A Semplan espera que a versão final da minuta de lei, que esteve disponível para sugestões da população no ano passado, seja debatida em audiência nos próximos meses.

Edição: Virgiane Passos
Por: Ananda Oliveira
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