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Árvores nativas perdem espaço dentro do arranjo de desenvolvimento da cidade

Com a avanço do concreto, Teresina vem perdendo, a cada dia, sua flora nativa, motivo de preocupação dos gestores públicos

22/04/2017 11:22

Caneleiro, Tamboril, Juá, Oiticica, Ipês, Gonçalo Alves e Angico Branco. Alguns nomes até podem soar familiar, já que identificam árvores que fazem parte da flora de Teresina, mas andar pelas ruas da cidade e poder associar a classificação de cada nomenclatura a presença física das plantas é cada vez mais difícil. Isso porque as árvores nativas, ao longo dos anos, perderam espaço para plantas de natureza outras dentro do arranjo urbano. Agora, através de ações da sociedade civil organizada e gestão municipal, a cidade começa a recobrar as origens de sua arborização.

“No início da década de noventa fzemos um estudo para entender a arborização da cidade, naquele momento nós tínhamos uma avaliação que a cada 10 árvores plantadas em Teresina, 8 eram exóticas e apenas duas eram nativas. Era uma presença muito forte e isso começou a despertar toda uma ação do poder público de incentivo as nossas árvores nativas”, explica o coordenador de urbanização de Teresina, Clóvis Júnior.

 As árvores nativas são aquelas que ocorrem naturalmente em uma região, diferente das exó- ticas, que não ocorrem naturalmente. Uma espécie que é nativa Árvores nativas perdem espaço dentro do arranjo de desenvolvimento da cidade Com a avanço do concreto, Teresina vem perdendo, a cada dia, sua flora nativa, motivo de preocupação dos gestores públicos da Austrália é considerada exótica no Brasil, como é o caso do eucalipto, por exemplo.

Em Teresina, espécies como as fgueiras, acácia amarela, amendoeiras e coração de negro, ainda fazem parte com maior frequência da distribuição arbórea na cidade que as demais espécies nativas. Nos quintais, as árvores frutíferas e também exó- ticas são maioria.

“Produzir espécies nativas não é uma missão fácil, por isso muitas administrações deram mais valor as plantas exóticas, porque as nativas envolvem um estudo para germinação das sementes. O caneleiro, que a árvore símbolo da nossa cidade, só é produzido nos viveiros da Prefeitura, por exemplo. As exóticas podem crescem mais rápido, mas não tem uma vida longa como tem uma nativa. Por isso, a Prefeitura tem desenvolvido ações para que as nativas pudessem ter uma maior aceitação na cidade”, relata o coordenador.

Nas praças históricas no Centro da cidade ainda é possível encontrar uma maior quantidade de concentração das espé- cies nativas. Na Praça da Bandeira, por exemplo, oitis ainda ganham destaque para quem transita entre as estruturas do espaço. No entanto, nesses locais, muito também tem se perdido com substituição ou apenas não renovação da flora de origem. Distribuição de mudas Segundo Clovis Júnior, atualmente com dois viveiros em funcionamento em Teresina, a população pode fazer a solicitação de mudas de árvores nativas e frutíferas de forma gratuita. Cada pessoa pode retirar até dez mudas nos locais. De acordo com os dados do município, são distribuídos pela cidade uma média de 250 a 300 mil mudas anualmente.

Distribuição de mudas

Segundo Clovis Júnior, atualmente com dois viveiros em funcionamento em Teresina,a população pode fazer a solicitação de mudas de árvores nativas e frutíferas de forma gratuita. Cada pessoa pode retirar até dez mudas nos locais. De acordo com os dados do município, são distribuídos pela cidade uma média de 250 a 300 mil mudas anualmente.

Após se propagar por Teresina, plantio de Nim não é mais recomendado

De Norte a Sul de Teresina, basta observar as árvores presentes nas calçadas de grande parte das residências da Capital para comprovar: o nim é recorrente em toda a extensão da cidade. Após grande incentivo para sua propagação, agora, especialistas alertam que o cultivo da espécie e sua proliferação estão provocando prejuízos a outras espécies vegetais e até animais. Desde o iní- cio do ano, a Prefeitura de Teresina não distribui mais as espécie em seus viveiros, mas a planta continua se propagando pela cidade.


Árvore na calçada de uma residência em Teresina (Foto: Elias Fontinele/ODIA)

“O nim foi introduzido no país para reflorestamento, já que temos muitas regiões que tem quase as mesmas características daqui. É uma planta que tem um crescimento muito rápido, é uma invasora e termina inibindo outras espécies da região. Traz problemas para as aves causando infertilidade e alguns já citam causas de problemas em mananciais. Em Teresina, o modismo do nim teve avanço muito grande, mas no início desse ano para barrar com que ele não crie uma superpopulação, a Prefeitura não distribui mais. É proibido o plantio do nim hoje em praças, parques e margens de rios”, alerta o coordenador de arborização do município, Clóvis Júnior.

O nim, por sua característica de planta invasora, compete com as espécies nativas e ganham, pois propaga-se rápido e tem fácil poder de adaptação.

Mas isso não impediu que dona Amparo de Sousa e o esposo Raimundo Nonato, assim como toda a vizinha no bairro Por Enquanto, zona Norte de Teresina, escolhessem a espécie para fazer sobre na calçada de casa. “Ele é bom porque cresceu rápido, nem precisou de muita atenção e tem essa sombra que ajuda a dar um conforto no tempo quente”, avalia a senhora de forma positiva. Em suma, são essas as principais qualidades da espécie que levaram a planta a se propagar de forma tão rápida em Teresina.

Utilidades

O nim é uma planta originária da Índia, introduzida no Brasil em 1982. Trata-se de uma árvore que em poucos anos, atinge mais de 10 metros de altura. Produz os primeiros frutos entre dois e cinco anos depois do plantio e nas condições do Nordeste chega a produzir duas safras anuais. Desenvolve-se bem em regiões semiáridas, por ser resistente à seca e suportar temperaturas elevadas, adaptando-se facilmente a diversos tipos de solos.

Por: Glenda Uchôa
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