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Aplicativos facilitam encontros, desencontros, amizades e romances

Apps destinados a facilitar com que pessoas conheçam novas pessoas se tornam cada vez mais populares

02/02/2019 08:27

Cadastro de dados, se possível, algumas fotos e uma breve descrição do que ou quem se busca na rede social. Pronto, só basta isso para fazer com que um mundo de possibilidades de conhecer novas pessoas se abra através da pequena tela de um smartphone. É partindo deste princípio que os aplicativos destinados a facilitar com que pessoas conheçam novas pessoas se tornam cada vez mais populares, em diferentes faixas etárias.

O uso da tecnologia se tornou tão presente que já virou até música. Mesmo os mais avessos às novas plataformas já puderam escutar sobre o Tinder, o aplicativo que é apresentado na música de um dos maiores sucessos do verão - “Jenifer”, do cantor Gabriel Diniz.

O Tinder é um dos aplicativos de relacionamento mais populares do mundo para conhecer pessoas novas. Segundo a marca, são 26 milhões de matches - a confirmação de pessoas que se escolhem - por dia.


Arte: Fernando Barrial - Catálogo do 10º Salão de Humor Medplan

No site da plataforma, é possível encontrar uma explicação sobre o seu uso e uma indicação para a experiência: Deslize. Dê um Match. Converse. Encontre. É muito fácil e divertido usar o Tinder: deslize para direita se curtir alguém ou para esquerda se não estiver interessado. Se alguém curtir você de volta, deu Match! Criamos o processo de dupla confirmação, por isso, o Match só acontece quando há interesse mútuo. Sem estresse. Sem rejeição. É só deslizar, dar um Match e conversar online com seus Matches. Depois, que tal deixar seu telefone de lado e conhecer pessoas na vida real para dar início a algo novo.

Mas o Tinder é mais um no universo de aplicativos que buscam oferecer a mesma experiência. Happn, Kickoff, OkCupid, Grindr são algumas das outras plataformas capazes de facilitar o encontro entre as pessoas.

Nesta reportagem, O DIA mostra como a tecnologia é capaz de moldar diferentes histórias.

Ferramentas quebram barreiras da timidez

Victor* e Augusto* se conheciam pessoalmente por ter alguns amigos em comum. Mas os jovens nunca foram além de cumprimentos respeitosos nos muitos encontros que tiveram nas festas de aniversários ou saídas para barzinhos com os grupos afins. Uma coisa atrapalhava uma maior aproximação dos dois: a timidez. Usando o Tinder, os jovens se esbarraram nas redes sociais e, a partir dali, desenvolveram uma maior aproximação.

“Ficava naquela de perguntar para um amigo em comum quem ele era, o que ele gostava, mas nunca tinha tido coragem de conversar com ele. Temos tanto em comum, que até a timidez é proporcionalmente parecida”, afirma Victor.

Após dar match no Tinder, os jovens puderam colocar em prática a vontade mútua de se conhecerem melhor. Em uma semana, saiu o primeiro encontro pessoalmente e, em um mês, o pedido de namoro.


“Ficava naquela de perguntar para um amigo em comum quem ele era, o que ele gostava, mas nunca tinha tido coragem de conversar com ele.


“É muito estranho porque se não fosse o aplicativo, era provável que continuássemos um em cada canto sem nem ao menos nos falar. Hoje, até brincamos com isso. Esses aplicativos, para quem é tímido, são uma salvação”, considera o jovem.

Nenhum deles havia tido um relacionamento sério antes, mas, por conta do Tinder, o namoro já completou dois anos no último mês.

 Afinidades são mais fáceis de serem reconhecidas

Há seis anos, o fotógrafo e comunicólogo Caio Ablas decidiu lançar mão da tecnologia para conhecer novas pessoas. O jovem, à época com 24 anos, aceitou a indicação de um amigo e decidiu experimentar o Badoo, rede criada em 2006, que funciona até hoje com pequenas adaptações de quando foi lançada. O Badoo facilita o chat entre os usuários e aproxima pessoas que estão próximas em uma mesma região.

Como comumente acontece, a rede funcionou para Caio como um trampolim para que ele conhecesse alguém e se aproximasse em diferentes proporções. “Eu me aproximei de algumas pessoas as quais vi algumas qualidades, as quais me atraíram; e nessa desenvolvi uma conversa com a minha atual namorada, onde levamos para o Facebook e posteriormente para ligação via celular. Depois disso, nos conhecemos pessoalmente”, relembra.


“Tenho um relacionamento aberto, o que não é muito convencional. E foi por estar fora do convencional que acho que deu certo


Os jovens se conheceram em fevereiro, mas a falta de diálogo postergou o encontro pessoalmente. Sair do contato das redes para a vida real só aconteceu quatro meses depois, em julho. Dali em diante, Caio lembra que começou a conversar com a então namorada todos os dias e a relação realmente engatou.

“Tenho um relacionamento aberto, o que não é muito convencional. E foi por estar fora do convencional que acho que deu certo. Eu já não tinha perspectiva de ter um relacionamento padrão”, explica o fotógrafo que, antes da atual relação, teve outras duas experiências de namoro não tão duradouras como a atual.

Sobre enxergar as redes como aliadas para conhecer novas pessoas, ele é pragmático. “Acho que, sinceramente, não são aliados nem inimigos. Acompanham a velocidade e o avanço da informação e, ao mesmo tempo em que encurtam distâncias, trazem novos tabus. Fica "6 por meia dúzia", define.

 Diferenças entre o mundo virtual e o real

Além dos aplicativos para aproximar pessoas que buscam amizades ou romances, a internet também favorece uma série de outras plataformas que podem facilitar o encontro de usuários com as mesmas afinidades e gostos em comum. Foi assim que Nizia*, em um grupo voltado para compartilhar experiências de leitura, conheceu Alex* e começaram a trocar mensagens.

“No grupo de leitura, alguns davam suas opiniões, faziam suas participações. Ele me chamou no privado e começamos a conversar sobre vários assuntos. Inicialmente sobre tópicos do grupo e depois sobre assuntos particulares”, destaca.

O processo de descobrir gostos em comum, de compartilhar a rotina e gestos de carinho foram se tornando mais comuns com o passar dos dias. As conversas, através do WhatsApp, eram diárias e mais de uma vez ao dia. “Conversamos via redes sociais por uns seis meses, mais ou menos”, afirma.


Arte: Caio Rodrigues de Oliveira - Catálogo do 10º Salão de Humor Medplan

A empatia criada por meio das redes sociais, no entanto, não foi suficiente para que as maneiras de comportamento na vida real impulsionassem um relacionamento mais sólido. “Só nos encontramos uma vez e, na verdade, o encontro foi muito bom. Só que, por ele ser muito antissocial, não gostar de sair, fui percebendo que éramos muito diferentes. Percebi que nunca daríamos certo porque ele era muito diferente”, explica Nizia.

Apesar do relacionamento não ter se consolidado, Nizia destaca a importância das redes sociais, plataformas e aplicativos em sua vida. “Tenho amigos que moram em outros Estados e também no exterior com os quais me comunico constantemente, às vezes diariamente. Creio que esse foi só um caso que não deu certo. Poderia ter dado certo se ele não tivesse esse problema específico. Não creio que foi culpa das redes sociais”, reforça.

Especialista dá dicas de segurança para o uso de aplicativos

É difícil se manter reticente às muitas facilidades ofertadas pelo uso da internet e das redes sociais. Utilizar as plataformas para conhecer novas pessoas é, sim, uma chance de ampliar as possibilidades de vida, mas também é necessária certa dose de atenção e cuidados para se prevenir de uma exposição exagerada ou golpes.

Segundo Lucas Marques, co-fundador do Teresina Hacker Club, recentemente, descobriu-se vulnerabilidades no aplicativo Tinder, onde algumas informações como nome, idade, sexo, e-mails, número de telefone e até localização do GPS dos usuários estavam expostas quando o aplicativo era acessado em redes públicas. “Isso acontecia porque o Tinder utilizava algumas aplicações de terceiros, chamadas SDKs, que manipulavam essas informações em transmissões sem criptografia, o que permitia a interceptação desses dados”, revela.


Nunca forneçam informações pessoais, como número de CPF, cartão de crédito ou informações bancárias (Foto: Arquivo O Dia)

Lucas ainda lembra o fato das redes sociais serem um local em que pessoas mal intencionadas podem se utilizar para fins outros. Por isso, a atenção deve ser redobrada. “É altamente recomendado que os usuários deste tipo de plataforma nunca forneçam informações pessoais, como número de CPF, número de cartão de crédito ou informações bancárias, endereço de trabalho ou residencial para desconhecidos. E, claro, denunciar perfis que fazem isso”, destaca.

Em caso de necessidade de sair das plataformas, o usuário terá duas opções, a desativação da conta ou a ação de excluir todo o registro feito. “Ao desativar, os dados ainda existirão e serão mantidos pela empresa, mantendo o perfil do usuário apenas oculto para a rede. Quando o usuário exclui a conta, os dados são de fato excluídos, mas por motivos de disponibilidade da infraestrutura da rede, pode levar até 90 dias para que essas informações sejam completamente eliminadas dos servidores”, explica o especialista.

Para Lucas, com o surgimento de periféricos cada vez mais discretos e multifuncionais, além do fator comodidade e praticidade, o uso dessas tecnologias, principalmente para relacionamentos, será mais intensificado em um mundo cada vez mais corrido e conectado.

Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia
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