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Seis filhotes de cachorro e outros animais morreram carbonizados em incêndio

O incêndio de grandes proporções atingiu cerca de 150 casas localizadas no assentamento 8 de março, vitimando fatalmente uma criança de dois anos.

16/10/2017 18:11

Sensação de desespero. É assim que os moradores do assentamento 8 de março, localizado no povoado Chapadinha Sul, zona Rural de Teresina, descrevem o sentimento ao ver mais de 150 casas sendo queimadas em um incêndio que atingiu o local na tarde deste domingo (16). As famílias, além de perderem todos os bens materiais, também perderam animais de estimação como cachorros, galinhas e gatos. É o caso da lavradora Maria da Conceição, que perdeu todos os filhotes de uma ninhada de cães.

Emocionada, a lavradora conta que, no momento em que as casas começaram a ser atingidas pelo fogo, a família conseguiu tirar poucas coisas de dentro da residência, uma delas foi a cadela de estimação. Contudo, por conta da rapidez com que o fogo se alastrou, a família não teve tempo de resgatar os seis filhotes de cachorro, com poucos dias de vida, que estavam em um dos cômodos.

A família da lavradora Maria da Conceição perdeu tudo no incêndio. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

“Eu escutei a minha cachorra latindo, e só deu tempo de soltar ela, quando tentamos tirar os cachorrinhos, o fogo tomou conta de tudo e não deu mais tempo”, conta. A família perdeu todos os bens, incluindo cama, fogão e uma barraca que a lavradora usava para vender refeições em eventos na capital. “Meu filho que me deu a barraca para conseguir algum dinheiro vendendo arrumadinho, ele ainda está pagando as prestações. Agora virou tudo cinza”, relata Maria da Conceição. 

Assim como as outras 150 famílias do assentamento 8 de março que perderam tudo na tarde deste domingo, a família da lavradora Maria da Conceição ficou apenas com a roupa do corpo. Todos os alimentos, roupas, objetos pessoais foram carbonizados no incêndio. A casa da família agora é apenas uma pilha de cinzas. “É muito triste ver tudo o que você batalhou, tudo o que você conseguiu com seu suor acabar assim em menos de 20 minutos”, destaca.

Cerca de 150 casas foram destruídas pelo fogo. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

A comunidade 8 de março é formada por pessoas em situação de extrema vulnerabilidade social. As famílias do assentamento são compostas principalmente por lavradores, que vivem do que é plantado e colhido na região. O lavrador Luciano de Araújo mora no assentamento desde a sua fundação, há quase dois anos, e conta que o incêndio levou todo o alimento que ele havia colhido nos dias anteriores. “Eu perdi feijão, milho, tudo o que eu plantei, quando cheguei aqui não tinha mais nada, acabou tudo”, afirma.

 Luciano de Araújo perdeu todo o alimento colhido na plantação. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Criança morre em incêndio

As perdas materiais, no entanto, não são comparadas a perda de uma criança de dois anos, vítima do incêndio. Os moradores relatam que a menina, identificada apenas como Eloá, chegou a ser retirada de dentro do imóvel, mas acabou retornado sem que a mãe percebesse. O corpo da criança foi encontrado ao lado da cama, no imóvel de apenas um cômodo.

O corpo da criança foi encontrado ao lado da cama, no imóvel de apenas um cômodo. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

“A mãe colocou todos os três filhos para fora [da casa], a Eloá de dois anos, um de sete anos e outro de nove anos. Depois de salvar os três, ela voltou para pegar os documentos, e a menina entrou junto com ela, sem que a mãe percebesse. Depois que ela se deu conta que a menina tinha voltado para dentro da casa, o fogo já tinha tomado de conta [sic]”, conta a lavradora Maria da Conceição.

Controle do fogo

De acordo com o Comando de Socorro do Corpo de Bombeiros, a guarnição foi acionada por volta do meio dia para um atendimento de fogo no mato, mas ao chegar ao local os bombeiros se depararam com um incêndio de grandes proporções.  Os moradores chegaram a tentar apagar as chamas usando baldes de água, mas o local possuía apenas uma torneira e não foi suficiente para controlar o fogo. Segundo a corporação, o incêndio iniciou na vegetação e acabou atingindo as casas de palha instaladas nas proximidades da mata. No entanto, a suspeita dos moradores é de que o incêndio tenha iniciado em uma das casas, e por causa do material de taipa e palha em que as casas foram construídas, as chamas se alastraram rapidamente. 

Doações

As famílias do assentamento 8 de março perderam o pouco que tinham e agora dependem de doações para continuar a batalhar por um novo lugar para morar. Os moradores pedem doações de alimentos, roupas, utensílios domésticos, mobílias, redes, colchões ou qualquer material que ajude as famílias a reconstruírem os seus lares. Para ajudar, os interessados podem se direcionar ao assentamento, que fica localizado no povoado Chapadinha Sul, na zona rural de Teresina, nas proximidades da BR 316. Parar chegar ao local, basta dobrar à direita, após a Escola Municipal Manoel Nogueira Lima, logo após o Rodoanel. 

Famílias pedem doações de alimentos, roupas ou mobílias. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Atendimento em saúde

A equipe multiprofissional da Unidade de Atenção Básica de Saúde da Chapadinha Sul está no local fazendo um mutirão para atender os moradores do assentamento. Em especial, as pessoas que usam medicamentos de controle especial, como hipertensos e diabéticos. A equipe, formada por psicólogos, médicos, dentistas, enfermeiros e assistentes sociais estará no local até amanhã (17), dando assistência às famílias. Os atendimentos foram disponibilizados pela Fundação Municipal de Saúde (FMS), em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesapi).

Equipe de saúde esteve no local dando assistência médica às famílias. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Veja fotos:

(Créditos: Jailson Soares/O Dia)


Por: Nathalia Amaral
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