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A arte que emerge da sucata

Zé Rodrigues transforma sucatas em obras de arte que impressionam pela criatividade

20/03/2021 13:09

Com peças espalhadas pelo Brasil afora em lugares como Austrália, Alemanha e Holanda, o artesão piauiense Zé Rodrigues transforma sucatas em obras de arte que impressionam pela criatividade, pela transformação de material que, seguramente, iria para o lixo em razão de não mais ter serventia aparente. No entanto, para o artista, ao olhar aquele amontoado de ferro velho emergem de seu pensamento a delicadeza de uma bailarina, o voo de uma águia, o salto de um cavalo alado ou de outra qualquer figura que a imaginação persegue em sonhos, talvez, insondáveis.

Foto: Assis Fernandes/ODIA 

Mas, como sustentam os mais sensitivos, nada acontece por acaso; tudo tem um porquê, uma razão de ser: em uma visita à Central de Artesanato Mestre Dezinho, em 2002, Zé Rodrigues, então metalúrgico que trabalhava com esquadrias e outras peças para construção civil, avistou uma obra feita com sucata de automóvel, surgiu a ideia de trabalhar também com escultura. Perguntado o porquê da escolha pela sucata como matéria prima, o escultor ressalta que, além da abundância desse material, a preservação do meio ambiente também pesou na decisão: “Vi na sucata de metal a matéria prima ideal para o que imaginara, e vi também a oportunidade de da minha parcela de contribuição à preservação do meio ambiente”, observa.

Embora, só tenha despertado para esse artesanato somente na idade adulta, quando criança Zé Rodrigues fazia seus brinquedos, distraindo-se com o que produzia a sua genialidade criativa, o que já chamava a atenção dos mais próximos. Mesmo já conhecido e reconhecido pelo trabalho que executa no universo cultural, o artesão argumenta que não vive somente de arte: “Trata-se de um hobby que complementa minha renda, pois sou funcionário público da Prefeitura Municipal de Teresina há mais de 20 anos, tocando clarinete na banda, mas hoje sou agente de portaria na biblioteca do bairro São João”, assinala. 

Foto: Assis Fernandes/ODIA 

A respeito de peças mais complexas, o artista deixa claro que toda peça tem suas particularidades, porém lembra que um dos trabalhos mais demorados, cerca de dois meses, foi uma águia que ele colocou na calçada de sua oficina, mas já confeccionou uma escultura de um metro e oitenta de altura para homenagear o ídolo Michael Jackson. Perguntado se está repassando esse conhecimento para alguém, ele é taxativo: “Não é um trabalho tão simples, portanto não estou passando essa arte para outro. Em primeiro lugar, é uma atividade de alto risco, que para ser executada é necessária a realização de alguns cursos, como o de soldador”, explica, acrescentando que, mesmo sem ensinar esse ofício a outro, em razão dessas particularidades mencionadas, vem servindo de exemplo para a perpetuação dessa arte: Pessoas de outros estados já fazem trabalho similar depois que assistiram a matéria sobre mim que estão em sites na internet”, informa.

José Rodrigues Chaves (Zé Rodrigues) nasceu em Teresina e é músico desde os 18 anos, começando a arte com sucata em 2002, tendo feito exposição individual na Oficina da Palavra, exposição em conjunto na Casa da Cultura e participação no Festival Artes de Março, no Teresina Shopping. “Não tenho uma inspiração específica, deixo a imaginação fluir. A própria natureza já é uma inspiração, só basta termos atenção ao que temos ao nosso redor”, acentua, assinalando que se sente imensamente feliz com a venda de suas obras: “Quando as pessoas compram minhas peças, sinto uma satisfação imensa , porque ressalta a valorização da arte e abre também o mercado para os artistas em geral”, conclui.

Fonte: Marco Antônio Vilarinho
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