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35 mil litros de combustível adulterado seriam distribuídos no Piauí

Até agora são 19 presos, entre gerentes de postos, motoristas de transportadoras de combustível e representantes de distribuidoras.

23/05/2018 12:33

A Polícia Rodoviária Federal apreendeu 35 mil litros de combustível adulterado que seriam distribuídos para postos no Piauí. A apreensão durante a Operação Estanque foi realizada em Teresina e Timon, mas o produto também seria levado para municípios como Piripiri e Capitão de Campos. Os nomes dos postos não foram divulgados. 

Nos áudios coletados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), através da quebra de sigilo telefônico dos envolvidos, um deles menciona que entregou combustível em “uns lá na José dos Santos e Silva. O nome do homem grampeado é Américo, motorista que transportava o produto.


Dentre as distribuidoras alvo da operação está a Tropical, que subcontratava a empresa JN LTDA no Piauí para transportar os combustíveis. Da Tropical foram presos vigilantes e motoristas. Da JN foram presas duas pessoas, incluindo um dos donos, identificado como Gerson. A polícia também tem mandado em aberto contra o irmão dele.

Até o momento já são 19 presos encaminhados ao sistema prisional, entre gerentes de postos, motoristas de transportadoras de combustível e representantes de distribuidoras.

Esquema

De acordo com o promotor Romulo Cordão, coordenador do Gaeco, a gasolina adulterada vinha de São Luís e chegava às distribuidoras de Teresina, onde eram adulteradas para serem entregues nos postos do estado. Essa adulteração envolvia mistura com água e etanol acima da medida estabelecida em lei pela Agência Nacional de Petróleo e pelo Inmetro. “A gente sabe que gasolina e água não se misturam, mas dentro dos tanques dos postos, existe um lastro que deve ser preenchido. Eles colocavam a água ali para completar o volume do tanque", explicou o promotor.

Detalhes da operação Estanque foram divulgados durante coletiva de imprensa na sede da Gaeco. (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

A adulteração não era feita só nos postos, mas também nas garagens onde ficavam armazenados os combustíveis. Nesses locais eles misturavam o combustível com álcool e outros aditivos para encorpar a gasolina e dar-lhe volume.

Cada barril era repassado aos postos por um preço médio de R$ 60. Este valor, segundo apurou o Gaeco, estava abaixo do praticado no mercado. Em outro áudio do motorista Américo ele diz que "a 4,20 o litro da gasolina, tem que cobrar é 84 reais no mínimo pra compensar os custos".




Foi a partir desta fala que o Ministério Público do Trabalho chegou a um outro esquema: as fraudes trabalhistas e salariais da quadrilha. O procurador do Trabalho Edno Moura afirmou que os donos dos postos compensavam a perda salarial dos funcionários com combustível. “Eles ainda lucravam em cima dessa transação clandestina porque o valor praticado era a metade do valor de mercado. Fora os constrangimentos e a jornada exaustiva", diz o procurador.

As denúncias encaminhadas ao Gaeco envolvem desrespeito às leis trabalhistas, uso de drogas para inibir o sono, transporte irregular e adulteração de combustível. Em áudios divulgados pela força-tarefa, um dos motoristas relatou que o salário recebido era cerca de R$ 1 mil a menos do que constava em seu contracheque. E justificava o furto do combustível como forma de compensar o salário não recebido integralmente. 

A força-tarefa concluiu que se trata de uma associação criminosa, que furta e comete vários crimes contra a ordem econômica, tributária, trabalhista e ambiental.

Por: Nayara Felizardo, com informações de Maria Clara Estrêla (do Gaeco)
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