Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Sites de checagem de fatos e notícias ganham destaque em ano eleitoral

Em ano de campanha, é comum o uso das redes sociais para proliferar informações inverídicas no intuito de se autopromover. Entenda como se dá o trabalho de checagem de notícias pelas agências.

08/04/2018 08:25

Com a inserção das plataformas virtuais, as pessoas, hoje em dia, possuem inúmeras fontes de informação e o grande fluxo de dados que circulam pela web levou ao surgimento de uma modalidade de informação chamada de “fake news”, ou notícias falsas. O termo, vindo do inglês, é um dos mais mencionados nos meios digitais nos últimos tempos e , em ano eleitoral, isso tende a aumentar: com a disputa pelo poder, é mais comum do que se pensa a criação e circulação de informações falsas nas redes, que são bastante utilizadas por partidos e candidatos nas campanhas eleitorais.

Com o objetivo de dar mais clareza às informações que circulam e combater as fakes news, existem agências que trabalham com o jornalismo de ‘Fact-checking’, uma modalidade especializada na checagem de fatos. A fiscalização e a qualificação das agências que trabalham no segmento é feita pela International Fact-Checking Network (IFCN) do Instituto Poynter, que confere às empresas um selo de qualidade e a habilitação para atuar. Atualmente, em todo o mundo, a IFCN possui 46 agencias verificadas. Destas, duas são brasileiras, a Agência Lupa e a Aos Fatos.

O Portal O Dia conversou com a jornalista Natália Leal, subeditora da agência Lupa. Em entrevista exclusiva, ela conta que a principal dificuldade de trabalhar com checagem de fatos no Brasil é a transparência. “Nós trabalhamos com a verificação de discursos oficiais. Muitas vezes o acesso aos dados públicos é uma barreira. Por exemplo, a fonte usada não é verdadeira, nomes podem estar errados ou a tabela de dados está desatualizada. Além disso, trabalhamos com o banking, que é a verificação de vídeo, fotos tiradas de contexto, correntes ou boatos que circulam na internet”, explica.

Etiquetas utilizadas pela Agência Lupa.

Uma das ações realizadas pela agência Lupa é o “tuitaço”, uma espécie de checagem de “ao vivo”, como por exemplo, no julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula, na última quarta-feira (04). “O monitoramento dos dados começou no dia anterior, para sabermos qual era o conteúdo compartilhado e o grau da veracidade dos fatos. Checamos e retuitamos com a etiqueta de verdadeiro ou falso”, disse.

Questionada sobre qual a expectativa para as eleições deste ano, a jornalista comenta que o cenário atual aponta para a circulação de muita informação mal apurada. “Estamos vivendo um momento de grande polarização política. As vezes por não concordar com uma notícia queremos classifica-la como falsa, porém, uma coisa não está ligada a outra. E tudo isso tem impacto nas eleições, por isso a necessidade de checagem”, afirma.

Mecanismos de defesa

Recentemente, as gigantes Google e Facebook, em parceria com veículos de comunicação, anunciaram projetos para combater as fake news. Um exemplo de ferramenta é o Google Digital News Initiative (DNI), que tem como objetivo desqualificar as informações falsas compartilhadas na plataforma e fortalecer a qualidade das notícias, tanto na criação, quanto na distribuição.

No Brasil, a agência Aos Fatos criou o robô Fátima, que no último dia 01 de abril – conhecido como o Dia da Mentira – ganhou o desafio criado pelo site Catraca Livre para combater fakes news nas redes sociais. O robô, que tem uma conta oficial no Twitter ajuda os internautas a checarem os fatos, dando dicas e mostrando fontes confiáveis de informação.

Google e Facebook, em parceria com veículos de comunicação, anunciaram projetos para combater as fake news.

No último dia 02, foi comemorado o Dia Internacional da Checagem. Para comemorar a data a Agência Lupa em parceria com Facebook, lançou o Projeto Lupe, desenvolvido para checagem dos conteúdos relacionados às eleições deste ano no Brasil. “O projeto consiste em um robô especializado em checagem. Seu algoritmo identifica os conteúdos mais compartilhados na internet e com acesso ao nosso banco de verificação de dados, ele classifica automaticamente o que é verdadeiro ou falso e informa ao público”, conta Natália Leal.

Investir nestas ações e ferramentas de checagem de informações é de suma importância para o atual cenário brasileiro e mundial, sobretudo no que diz respeito ao período eleitoral. É isto que afirma o especialista em Tecnologia da Informação, Lucas Aguiar. “Nenhum sistema é 100% eficaz, ainda mais quando se trata de um volume tão grande de dados. No entanto, é um trabalho de combate que precisa ser feito”, explica.

Mas uma observação deve ser feita, segundo o especialista em TI: barrar a proliferação das fake news não é somente trabalho de empresas de tecnologia, e sim uma ação coletiva. Para Lucas, não adianta, por exemplo, o Google barrar notícias falsas, se as pessoas continuarem compartilhando em outras mídias. Trata-se mais de um trabalho de reeducação do uso das mídias que de reformulação delas.

Edição: Maria Clara Estrêla
Por: Geici Mello
Mais sobre: