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Robôs inteligentes buscam novos talentos no mercado de trabalho

Segundo a Stafory, este trabalho, que antes levava uma semana, agora é feito em uma hora

30/04/2018 09:37

O robô russo Vera entrevistou 1,4 milhão de solicitantes de emprego, uma mostra da força que a inteligência artificial ganhou no mundo do trabalho. Mas este fenômeno não está isento de conflitos éticos. Antes de criar o "Robô Vera", a start-up russa Stafory tinha um exército de pessoas para encontrar novos talentos.

Mas desde janeiro de 2017, é um programa informático que se encarrega desta função, através de ligações telefônicas nas que faz sempre as mesmas perguntas, para encontrar candidatos para postos pouco qualificados. Segundo a Stafory, este trabalho, que antes levava uma semana, agora é feito em uma hora.

"Antes, transcrevia-se as entrevistas", explica Alexéi Kostarev, cofundador da empresa. "Agora não. (Vera) responde as perguntas que lhe fazem. Nós a formamos fazendo-a escutar entrevistas e com a Wikipedia. Também a fizemos ler 160.000 livros".

"Robô Vera" tem 200 clientes, incluindo multinacionais como a Ikea. Também pode realizar entrevistas informativas, por exemplo em caso de demissão. "As pessoas são mais honestas com um robô, lhe dizem coisas que não diriam a uma pessoa", diz Kostarev.


Foto: Reprodução

'Preconceitos'

A plataforma americana de recrutamento ZipRecruiter propõe uma "experiência em tempo real". Cada oferta é publicada simultaneamente em uma centena de sites e redes sociais, enquanto o algoritmo notifica imediatamente os candidatos mais pertinentes entre seus 10 milhões de assinantes.

A empresa que busca candidatos recebe uma lista com os melhores. "O algoritmo é tão sofisticado que é impossível saber a posteriori como foi feita a seleção", explica Ian Siegel, diretor executivo da ZipRecruiter. "Mas o nível de satisfação é muitíssimo mais alto que com o método tradicional".

Siegel garante que o algoritmo leva em conta os preconceitos que um empregador pode ter na hora de contratar e que tenta corrigi-los. "Todos estes algoritmos aprendem com base em decisões humanas, de modo que existe um risco de que institucionalizem estes preconceitos", explica.

Homem branco de 42 anos

Por exemplo, se um algoritmo se baseia em plataformas como LinkedIn, uma rede social popular sobretudo entre executivos, poderia deduzir que o perfil ideal de um responsável informático é um homem branco de 42 anos com um diploma.

Como corrigir estes vieses discriminatórios? Utilizando sistemas de IA "mais fracos", segundo Jérémy Lamri: algoritmos "simples", com critérios predefinidos pelos humanos, e sem aprendizado de máquina.

Mas a tendência é criar programas capazes de detectar qualidades ainda mais subjetivas, já que os critérios para contratar mudaram com o tempo. Os conhecimentos perderam importância e hoje se dá mais relevância às competências no campo da conduta, do comportamento, que são mais difíceis de medir.

"Se amanhã alguém inventar um escâner capaz de identificar a capacidade de uma pessoa de ser eficaz, acredito que muitas empresas o adotariam", aponta Jeremy Lamri. Mas "tem que ter um marco ético. Não é porque a tecnologia pode fazer uma coisa que tem que fazê-la".

"Cada vez há mais ferramentas novas, por exemplo para detectar as emoções no rosto", explica Laurent da Silva, diretor-geral da Badenoch & Clark e da Spring, subsidiárias da Adecco dedicadas à contratação de executivos.

As máquinas podem se ocupar da seleção inicial, "mas a transação final será feita durante um encontro", afirma.

Fonte: Jornal Do Brasil
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