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Imunoterapia pode ser a solução para a cura do câncer, segundo especialista

Tratamento tem tido resultados bastante significativos sobretudo com cânceres de melanoma, pulmão, cabeça, pescoço, bexiga, linfomas, rins e pele

06/05/2017 09:32

A busca por novos tratamentos contra o câncer é um dos principais desafios da indústria farmacêutica, que chega a demorar anos até a aprovação e comercialização de um medicamento eficaz na cura da doença.  Apesar de já existir há mais de 100 anos, a imunoterapia tem avançado a cada dia, e seu tratamento consiste em utilizar o sistema imune do paciente para tentar eliminar o tumor. 

Segundo o Antônio Buzaid, diretor geral do Centro Oncológico Antônio Ermínio de Moraes, do Hospital Beneficência Portuguesa e membro do Comitê Executivo do Centro Oncológico Israelita Albert Einstein, o grande avanço da Imunoterapia veio no intuito de entender melhor a capacidade dos cânceres escaparem do sistema imune. “Na realidade, todo câncer aparece porque ele burlou o sistema imune. Se ele não tivesse escapado, o sistema imune teria matado. A célula cancerígena aprende vários truques para não ser visível ao sistema imune, mas estamos buscando avanços para frear esse ataque. Enquanto tratamentos como a quimioterapia, que atua diretamente na célula cancerígena, a imunoterapia tem que usar de qualquer forma a célula do corpo da pessoa”, cita. 

Esse tratamento tem tido resultados bastante significativos sobretudo com cânceres de melanoma, pulmão, cabeça, pescoço, bexiga, linfomas, rins e pele e, com os avanços das pesquisas, essa lista tem aumentando. Na prática, quando o paciente está com o sistema imunológico reforçado, as chances de combater as células tumorais são mais efetivas. Buzaid explica ainda que as drogas como anti-PD1, anti-PDL-1 e os inibidores de checkpoint são essenciais para desarmar o câncer e evitar que ele escape. “A Imunoterapia é, ao meu ver, a área de mais importância na Oncologia. Todo mundo quer entender porque o câncer escapa do sistema imune e desenhar armas que evite esse escape. A imunoterapia pode tratar pessoas de todas as idades, pois é tolerável e tem menos efeitos colaterais, em geral”, fala. 

Contudo, apesar de ter bons resultados, o tratamento apresenta algumas desvantagens, como funcionar em uma pequena fração de pacientes. Um fármaco que funciona em uma pessoa pode não surtir o mesmo resultado em outro, como por exemplo no caso do câncer de pulmão, que é usado o PDL1. “O tratamento de imunoterapia são injeções administradas de 2 ou 3 semanas. É um tratamento mais caro que a quimioterapia. Chega a custar 15 mil, e só quem tem mais dinheiro paga, pois essas drogas não existem pelo SUS [Sistema Único de Saúde], nem a curto prazo. Algumas companhias brasileiras estão buscando desenvolver essas drogas para o SUS, o que cairia o preço em até 90% e nós aconselhamos esses estudos, para que chegue à população mais carente”, destaca Buzaid. 

O médico oncologista salienta ainda os outros tratamentos existentes, como a cirurgia, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e terapia alvo. Para ele, seria de fundamental importância que houvesse uma interação entre todas, de forma que os resultados fossem mais rápidos e eficientes. E frisa que, ao seu ver, as cirurgias deveriam ser realizadas apenas em último caso. “Para mim, a cirurgia será diminuída absurdamente, radioterapia e quimioterapia também. Daqui alguns anos vai crescer bastante a terapia alvo, mas a grande arma, que tem maior potencial para eliminação do câncer, é a imunoterapia. Entendendo melhor o mecanismo de escape das células cancerosas ao sistema imune, que vai fazer com que possamos desenvolver melhores drogas. Esse, ao meu ver, é o futuro da oncologia”, pontua Antônio Buzaid, médico oncologista. 

Essa e outras novidades foram apresentadas durante o Workshop Latino-americano de Oncologia para a Imprensa, promovido pela Bayer, nos dias 2 e 3 de maio, em São Paulo.

Por: Isabela Lopes - Jornal O DIA
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