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Falta de interesse por sexo no pós-parto é comum entre as mulheres

O corpo feminino sofre muitas transformações no pós-parto, destaca especialista.

03/02/2020 18:21

 “A gravidez e o pós-parto mexem muito com os hormônios e isso acaba diminuindo o desejo. Fora o cansaço do dia-a-dia com um bebê pequeno, que também contribui bastante. No meu caso, tem o agravante de minha bebê não ter sido planejada. Eu tomava remédio há 7 anos (bem certinho), e acabei engravidando. Foi bem difícil aceitar, então tenho muito medo de engravidar novamente e não confio em mais nenhum método anticontraceptivo”, este desabafo é da Amanda*, que faz parte do grupo de mulheres que diminuem o desejo pelo sexo no período pós-parto.

Durante a gravidez, Amanda* não sentiu grandes mudanças na libido. Mas depois que passou os 40 do resguardo, ela sentiu que tinha algo diferente durante o sexo. Tanto a questão psicológica quanto a relação sexual.

“Pensei que ia passar com o tempo, mas na verdade fez foi piorar. E após 13 meses, ainda não voltou ao normal. Meu marido achou estranho, tentou ser bem paciente e conversamos sobre o assunto. Expliquei que tinha lido sobre isso e que era bastante comum. Estou buscando ajuda profissional. Acredito que com o tempo, com minha rede de apoio esse quadro mude. Mas estou bem tranquila e confiante”, diz Amanda*.

Amanda* é um nome fictício para preservar a identidade do entrevistado.


O corpo feminino sofre muitas transformações no pós-parto

O sexo no pós-parto ainda é uma temática pouco debatida. As mulheres têm medo de falar que não sentem o mesmo desejo sexual após ganhar o bebê. Colocam culpa no cansaço, amamentação e até no psicológico. Segundo a ginecologista, terapeuta e sexóloga, Andréa Rufino isso ocorre por que a sexualidade envolve aspectos biológicos, emocionais e culturais. 

“No pós-parto, o corpo feminino passa por transformações. A prolactina, hormônio da lactação promove atrofia e ressecamento vaginal. Emocionalmente, a mulher se volta para os cuidados com o filho e as novas demandas que um recém-nascido exige. Neste sentido, há um predomínio de aspectos biológicos, emocionais e culturais estimulando as vias inibitórias do desejo sexual”, explica Andréa Rufino.

A volta do desejo sexual vai depender de cada mulher. As emoções, a dedicação para o próprio prazer e cuidado vai influenciar diretamente na vida da mãe. 

“É muito importante lembrar que a sexualidade não se reduz a prática sexual penetrativa. Aliás, a prática penetrativa vaginal é dispensável para o orgasmo feminino. A parceria, o companheirismo, a intimidade emocional, o afeto são potentes estimulantes do desejo feminino. As carícias genitais não penetrativa, levam aos orgasmos que são os mais intensos estimulantes do desejo”, fala Andréa Rufino.

Já sobre o papel do parceiro neste processo, a sexóloga diz que é importante o marido estar atento a maternidade como um todo. Vivenciando a paternidade e auxiliando nos cuidados com a mãe e o bebê.

Edição: Marco Antônio Vilarinho
Por: Sandy Swamy
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