Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Em 20 anos, 50% das pessoas que hoje têm 40 anos terão demência

A síndrome demencial também envolve a atenção e a concentração diminuídas.

21/09/2018 10:14

O Alzheimer é uma doença que vem avançando e cujas estatísticas “são assombrosas”. É o que afirma Glenda Maria Santos Moreira, geriatra e chefe da Unidade Clínica Médica do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-Ufpi).

“A gente tem uma perspectiva de Alzheimer [ou de qualquer outra demência] ser campeã de público daqui a uns 20 anos. Entre as pessoas que hoje têm 40 anos, metade vai ter demência, isso a nível mundial. As estatísticas são assombrosas”, afirma a médica.

Segundo Glenda Maria, o Alzheimer é uma doença prevenível em alguns aspectos, mas não é uma patologia que se pode evitar. “Se eu for ter, eu vou ter. O que a gente pode é retardar ao máximo [o seu aparecimento]”, destaca.


Glenda Maria diz que doença pode ser retardada, mas não evitada (Foto: Poliana Oliveira/O Dia)

Dados

Segundo dados fornecidos pelo Relatório da Associação Internacional de Alzheimer (ADI), a cada 3,2 segundos, um novo caso de demência é detectado no mundo e a previsão é de que, em 2050, haverá um novo caso a cada segundo. Além disso, dados de 2017 da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que cerca de 50 milhões de pessoas vivem com demência no mundo, e isso deverá aumentar para 152 milhões em 2050.

Neste sentido, o dia 21 de setembro é lembrado como o Dia Mundial da Conscientização da Doença de Alzheimer. No HU-Ufpi, por exemplo, é realizado um evento educativo de conscientização e prevenção da doença. “Estamos levantando esse movimento do dia 21 de setembro pra poder fazer parte do que o mundo inteiro está falando, e lembrar a população leiga a respeito do que o Alzheimer é, mas mais do que tudo, lembrar que a gente precisa prevenir isso”, explica Glenda Maria.

Segundo a geriatra, estamos vivendo uma epidemia de demências e o público em geral chama de Alzheimer o que às vezes não é. Existem demências de todos os tipos, a degenerativa (que Alzheimer é campeã), mas também a vascular.

Alzheimer vai além do esquecimento da memória recente

A geriatra Glenda Maria Santos Moreira explica que o Alzheimer é uma síndrome de­generativa do sistema nervoso. Os neurônios passam por alte­rações e morrem. A síndrome demencial envolve a atenção e a concentração diminuídas, além do esquecimento da me­mória recente. Ela começa a re­petir palavras e histórias, como é o caso de José de Oliveira, aposentado que vive hoje aos cuidados da filha Waldirene Sousa.

“Quando ele lembra uma coisa, fala sobre aquilo segui­damente. O médico explicou que isso é da dimensão do Al­zheimer, porque a pessoa não quer esquecer aquilo que lem­brou. Agora, o passado, se você perguntar pra ele como era na infância, ele vai saber te contar tudo, mas se perguntar o que aconteceu dois minutos atrás, ele não sabe. Não lembra de nada”, relata Waldirene.

Fazendo referência à músi­ca “A lenda do Peixe Francês”, da banda piauiense Validuaté, Glenda diz que “o Alzheimer tem trinta segundos de memó­ria”. E a residente em Geriatria, Leticia Macêdo, completa di­zendo que essa é uma queixa que vem da família, que come­ça a perceber os sinais quando o próprio doente não nota que está desenvolvendo o Alzhei­mer. Nesse processo inicial, o choque é grande, quando a pes­soa percebe que esqueceu algo que fez.

Da perda da memória recente e das funções executivas (a for­ma como a pessoa se planeja e faz a gestão de suas atividades), a doença avança com a perda da linguagem até a perda de memórias de infância. Esse é o estágio final da doença. “A pes­soa fica totalmente dependente. Não consegue dar nome às coi­sas [por exemplo]. Aquele indi­víduo que perdeu a memória e já ficou mudo é uma demência sim, mas não é Alzheimer. A síndrome não tira a linguagem tão rapidamente”, explica.

No Alzheimer, todas as áreas do cérebro são afetadas, em es­pecial o hipocampo. Existem alguns procedimentos (como exames de imagem e do liquor da coluna) que podem mostrar uma deterioração no hipocam­po e se a pessoa pode vir a de­senvolver a doença.

Por: Ananda Oliveira - Jornal O Dia
Mais sobre: