Comer aquela picanha bem gorda e não se privar de bacon, salame, maionese e embutidos seria a dieta dos sonhos para quem nunca gostou dos tradicionais alimentos saudáveis. E é justamente essa ideia que está ganhando força através da internet. Estamos falando da dieta cetogênica, que vem conquistando adeptos no Piauí e preocupando os médicos.
O grande disseminador da dieta é o cardiologista e nutrólogo Lair Ribeiro. O especialista defende a ingestão de gordura e o não consumo de carboidrato. Segundo ele, é possível substituir qualquer remédio por alimentos. As ideias do médico são repassadas através de vídeos no youtube e de entrevistas que ele concede com frequência.
Um texto atribuído a Lair Ribeiro explica como funciona a dieta cetogênica. “Quando você ingere uma dieta que não tem carboidrato, mas ela tem uma riqueza em gordura, ela forma uma coisa chamado cetonas, que o cérebro também usa. O cérebro só usa dois nutrientes e é feito de colesterol. Grande parte da membrada do cérebro é colesterol, mas o cérebro se alimenta predominantemente de glicose e o coração se alimenta predominantemente de ácido graxos, que são gorduras. Quem come muito pouca gordura tem o coração fraco! Sei que essa informação é muito chocante porque muitas pessoas tem o chamado gordurofobia. A pessoa tem medo de gordura”.
O objetivo da dieta cetogênica é usar a gordura corporal para produção de energia, em vez de usar a glicose. Alguns alimentos saudáveis que são consumidos incluem ovos, peixes, requeijão, queijo, abacate, coco e amêndoas.
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Sem remédios e sem cardiologista
A dieta cetogênica tem sido motivo de discussões na família de Camila Freitas, depois que o seu pai, aos 63 anos, decidiu seguir as orientações adquiridas através da internet. “Ele já teve dois infartos e, mesmo assim, decidiu abandonar os remédios e o cardiologista. Eu já cansei de conversar sobre o risco dessa decisão, mas não adianta”, lamenta.
Camila reconhece que o pai está bem mais magro e adquiriu mais disposição física. “A autoestima melhorou e até a visão. Ele controlou o diabetes e dorme melhor. Antes ele tinha muita dor muscular e agora não toma mais remédio para as dores”, conta.
No entanto, Camila se preocupa com a ideia fixa que o pai tem de não largar a dieta e de não tomar os remédios e nem ir ao cardiologista. “Eu sei que esse tipo de regime é até indicado por alguns especialistas, mas para quem já teve infarto é muito perigoso”, comenta.
De fato, a dieta cetogênica é contraindicada para pessoas com mais de 65 anos, ou com histórico de problemas como insuficiência hepática ou renal, doenças cardiovasculares, AVC e pacientes em tratamento com medicamentos à base de cortisona.
Segundo o endocrinologista Álvaro Regino, a dieta cetogênica, como qualquer outra dieta, precisa de acompanhamento profissional. Alguns efeitos colaterais mais comuns, quando o regime é feito por muito tempo são dores de cabeça, fraqueza, insônia e prisão de ventre.
Álvaro Regino explica que, ao tirar todo o açúcar da deita, o corpo começa a produzir cetoácidos para conseguir as fontes de energia. “O organismo passa a viver em estágio de acidose (acidez excessiva do sangue e fluidos corporais), o que provoca desequilíbrio e consequências graves para a saúde. É uma dieta de alto risco”, afirma.
Dieta do tipo sanguíneo
O tipo sanguíneo pode interferir nos resultados de uma dieta, de acordo com um estudo desenvolvido pelo médico naturopata Peter d'Adamo, nos Estados Unidos. O livro foi publicado 1996, mas repercute até hoje.
A dieta baseia-se na ideia de que os tipos sanguíneos têm forte influência no organismo, determinando a eficiência do metabolismo e do sistema imunológico, o estado emocional e até a personalidade de cada indivíduo. De acordo com cada tipo, os alimentos são considerados benéficos (evitam e curam doenças), nocivos (podem agravar doenças) e neutros (não trazem, nem curam doenças).
O sangue tipo O, por exemplo, necessita de comer proteínas animais diariamente, caso contrário, podem desenvolver doenças gástricas como úlceras e gastrites devido à alta produção de suco gástrico. É o oposto do sangue tipo A, que deve evitar proteínas de origem animal, pois têm dificuldades para digeri-los.
Já o sangue tipo B tolera uma dieta mais variadas e é o único que não tem problema com laticínios em geral.
O sangue tipo AB, por sua vez, necessita de uma dieta equilibrada, sendo que a alimentação desse grupo é baseada na dieta dos grupos sanguíneos A e B.
De acordo com essa dieta, existem seis alimentos que devem ser evitados, independentemente do tipo sanguíneo: leite, cebola, tomate, laranja, batata e carne vermelha.
Dietas restritivas e seus riscos
As dietas radicais conquistam muitos adeptos devido à promessa de resultados rápidos. Perder dois, cinco ou até 10 quilos em sete dias, por exemplo, é um ótimo argumento para quem trava lutas homéricas contra o excesso de peso.
As opções são variadas, oferecendo vantagens - e riscos – diferentes. Segundo Álvaro Regino, todas as dietas terão baixo risco se acompanhadas por, pelo menos, dois especialistas, o nutricionista e o endocrinologista. “Mesmo a dieta radical, se bem programada, terá riscos mínimos. Caso contrário, é possível sofrer desnutrição, deficiência de nutrientes como vitaminas e potássio, levando a graves problemas cardíacos”, orienta o endocrinologista.