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CVV: Piauí é o 3° estado que mais recebe ligação

Além do Centro, Teresina possui outras instituições que fazem atendimentos gratuitos a população.

10/09/2018 08:04

Centro de Valorização da Vida (CVV), que pode ser acionado através do número 188, é um serviço nacional de prevenção ao suicídio e conta com a participação de voluntários para ouvir e se doar às pessoas que estejam passando por situações conturbadas. O Piauí é o 3° estado no ranking nacional que mais recebe ligações mensalmente, totalizando quase 10 mil ligações, considerando a proporção populacional. Somente no posto de atendimento do Estado, são recebidas duas mil ligações e as demais são direcionadas para postos de outros estados.

Segundo Eyder Mendes, coordenador e voluntário do CVV no Piauí, 90% dos casos de suicídio podiam ter sido evitados se a pessoa tivesse trabalhado essa questão emocional com alguém de confiança, como um profissional da saúde, como psiquiatra, psicólogo ou até pessoas que fazem trabalho voluntário, como o CVV.

“Essa é uma das formas de salvar vida das pessoas e de trabalhar essa questão da saúde mental. As pessoas que procuram o CVV são de idade e sexo variados, assim como os problemas abordados, sejam pessoas idosas falam de solidão e desamparo por parte dos familiares; jovens que reclamam que os pais não os compreendem e lhes cobram bastante; fim de relacionamento também são muito comuns, entre outros”, frisa.

Grupo de enlutados se fortalece através do diálogo

ONG Centro Débora Mesquita é mais uma instituição que compõe a rede de prevenção ao suicídio. Há cinco anos, ela surgiu por conta de um drama familiar e tem feito deste fato uma estratégia para ajudar outras pessoas que vivenciam o mesmo problema. Além de dispor de profissionais da psicologia e psiquiatria e oferecer um serviço especializado, a ONG possui um grupo de apoio aos enlutados.

Formado há um ano, o Programa de Apoio aos Enlutados por Suicídio (PAES) é o primeiro grupo fundado para apoiar e reunir pessoas que perderam familiares e amigos de maneira prematura. Késia Mesquita é presidente da ONG e explica que o objetivo do grupo é minimizar esse sofrimento, mostrando para as pessoas, amigos e familiares que eles não estão sozinhos.

“Muitas vezes as pessoas não sabem ou não tem a informação de que esse é um problema de saúde como qualquer outro. Chegamos nessa escala desastrosa porque as pessoas têm vergonha de procurar ajuda profissional por conta do preconceito e tabu. Agora, quando elas vão para um serviço de saúde e veem que não estão só, admitem que precisam de ajuda. É um grupo de apoio entre iguais, que vão se ajudando e se fortalecendo”, pontua.

Para Késia Mesquita, é preciso não apenas falar de suicídio, mas ampliar a rede e levar informação para as pessoas, sobretudo de onde buscar ajuda e orientação sobre o suicídio. De acordo com ela, entidades públicas e privadas devem unir forças para enfrentar este mal cada vez mais comum entre nós.

“Hoje trabalhamos com informações através de palestra, treinamentos e capacitações, tanto para órgãos púbicos e privados, igrejas, associações e intervenções. Recebendo pessoas com comportamento de risco, pessoas em extremo sofrimento emocional e fazemos o acompanhamento psicológico capacitado. Fundamos a ONG porque, na época, o Provida não existia e quando passamos por toda a situação e precisamos internar a Débora, nos faltou direcionamento e de quem procurar. E sentimos que a própria rede não estava informada sobre isso”, comenta.

Histórico da ONG

Débora Mota Mesquita foi diagnosticada aos 23 anos com o transtorno de humor conhecido como Transtorno Bipolar. Antes do diagnóstico, julgavam ser apenas características de uma personalidade forte. Débora ainda chegou a realizar o tratamento psiquiátrico e terapêutico, porém, após sofrer uma grande decepção, entrou em crise, rejeitou toda e qualquer medicação, e com tentativas fracassadas de internação, por parte da família, adicionadas à falta de informação quanto às opções para proteger a caçula da família, Débora acabou provocando o próprio óbito no dia 20 de Julho de 2012, aos 24 anos de idade. Deixou incompleto o curso de Direito, um salão de beleza, amigos e uma família que a amava muito.

Por: Isabela Lopes
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