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Casos de envenenamento no HUT sobem 70% nos primeiros meses de 2016

Somente este ano, já foram atendidos 29 pacientes em decorrência da ingestão de substâncias altamente nocivas; 13% são crianças entre 0 e 13 anos

25/04/2016 13:39

O caso da criança de 10 anos que deu entrada no Hospital de Urgências de Teresina na última semana, vítima de envenenamento em supostos rituais de magia negra, chamou atenção para um dado que é crescente na capital piauiense. A quantidade de pacientes que foram atendidos no HUT por ingerir substâncias químicas altamente nocivas ao organismo aumentou 70% nos primeiros quatro meses de 2016, em relação ao mesmo período do ano passado.

Em 2015, o HUT registrou 72 casos de envenenamento ou intoxicação, sendo 17 somente entre janeiro e abril. Em 2016, já foram atendidos 29 casos nos primeiros quatro meses do ano.

A grande maioria dos pacientes que dão entrada com quadro de envenenamento no HUT são homens, que representam 60% dos casos. Pacientes do sexo feminino respondem por 40% dos quadros de envenenamento que o hospital recebe. Com relação à faixa etária, 60% dos pacientes têm entre 21 e 40 anos, e apenas 13% são crianças entre 0 e 13 anos.

Em conversa com o PortalODIA, o médico Gilberto Albuquerque, diretor do HUT, explicou que a maioria dos casos de envenenamento ocorrem por ingestão de medicamentos em excesso. Ele pontua que, nesses casos, a intoxicação se dá de forma proposital, uma vez que a pessoa tem consciência de que aquilo pode lhe causar danos, muitas vezes, irreversíveis.

“O principal fator relacionado ao envenenamento é o suicídio. Pessoas que tomam medicamento em excesso ou que ingerem substâncias nocivas estão buscando a autodestruição. A família deve ficar atenta a esses sinais. Pessoas que sofrem de uma depressão profunda, por exemplo, estão mais propensas a tentar se envenenar que qualquer outra”, explica o doutor Gilberto.

Ele acrescenta ainda que, embora em menor número em Teresina, os casos de envenenamento acidental também são bastante frequentes e ocorrem quando a vítima ingere substâncias nocivas sem ter consciência disso. Os quadros mais comuns, segundo a direção do HUT, são de crianças que ingerem produtos de limpeza e inseticidas. As substâncias mais comuns nesses casos são água sanitária e veneno de rato, que os pais espalham pela casa.

O médico alerta ainda que, em adultos, o envenenamento acidental geralmente ocorre pela ingestão de produtos que já extrapolaram a data de validade, e que apresentam componentes químicos que causam a fermentação de substâncias nocivas.

Sinais

A direção do HUT alerta que é possível para os familiares perceber quando a pessoa apresenta um quadro de envenenamento. “Quando o paciente ingere algo nocivo, ficam sinais evidentes na boca e na pele. A salivação e a sudorese podem aumentar, a respiração fica alterada e, em alguns casos, chega-se à inconsciência”, explica.

Algumas substâncias podem causar ainda dor, sensação de queimação na boca e no estômago, sonolências, confusão mental, náuseas, vômitos, queda da pressão arterial e da temperatura corporal. Em casos extremos, o paciente pode vir a ter convulsões e paralisia em partes do corpo.

Primeiros socorros

“Tem que levar ao hospital imediatamente diante de qualquer alteração, por menor que ela possa parecer”, é o que diz o diretor do HUT. Ele explica que uma das principais causas de óbitos em quadro de envenenamento é a demora da família em procurar atendimento adequado. O doutor Gilberto Albuquerque alerta que, quanto mais tempo a substância passar dentro do corpo, mais danos ela causará.

O médico pede ainda que a família encaminhe junto com o paciente, embalagens de substâncias que podem ter sido ingeridas, frascos de remédios que a pessoa estava tomando, ou se, possível, a amostra do composto que teria causado a intoxicação. A identificação rápida do que provocou o envenenamento é decisiva para o tratamento e para a reversão do caso.

Por: Maria Clara Estrêla
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