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Ansiosa, paciente aguarda segundo transplante de córnea em dois anos

Cristina Natália passou pela primeira cirurgia, no olho direito, em 2013. Agora, aguarda para realizar o mesmo procedimento no olho esquerdo

26/08/2015 07:19

Há quase sete meses, o Jornal ODIA contou a história de Cristina Natália Borges Araújo, de 22 anos, diagnosticada com ceratocone, que é a diminuição da visão de forma gradativa. A jovem, que em 2010 entrou na fila de espera para receber o transplante de córnea, passou pela primeira cirurgia, no olho direito, em 2013. Um ano depois, ela descobriu que precisaria realizar o mesmo procedimento no olho esquerdo. Agora, ela aguarda seu segundo transplante de córnea, que deverá ser realizado nos próximos dias. 

Cristina afirma que não achava que o transplante demoraria tanto, por já fazer parte do sistema, mas que isso não tira sua ansiedade e nervosismo. Ela aguardou quase um ano e quatro meses para que, finalmente, fosse comunicada que seu transplante seria realizado. 

“Eu achei que seria mais rápido, que demoraria no máximo uns sete meses, mas eu estou muito ansiosa, até mais do que da primeira vez, porque antes eu não sabia como era e agora eu já sei o que vou sentir, como vai ser. Quando ligaram me avisando que eu seria a próxima a receber o transplante, no mesmo dia, eu já fui fazer os exames, de tão ansiosa”, conta sorrindo. 

Devido ao problema de visão, Cristina Natália precisou se afastar da escola, já que não conseguia estudar, além de deixar de fazer coisas simples. Após a realização da primeira cirurgia, ela voltou a frequentar a escola, está concluindo o Ensino Médio e fazendo um curso técnico em saúde bucal. 

Apesar de tão jovem e de tudo que passou desde 2010, Cristina Natália afirmou nunca ter desanimado e perdido as esperanças de voltar a enxergar novamente e ter uma vida normal. “Eu sempre diz planos estudar e nunca pensei em parar nada. Eu estava preparada para receber essa ligação, e até acompanhava pelo site a posição que eu estava, mas fiquei muito feliz ao receber a notícia”, disse. 

Familiares e amigos são os grandes responsáveis por dar força e encorajar a estudante a não desistir. Muito religiosa, ela está bastante confiante no resultado da cirurgia, principalmente com a adaptação da nova córnea. “A recuperação é um processo demorado. A partir de um mês é que dá para começar a enxergar um pouco, mas é só com um ano que se acostuma mesmo com a córnea nova”, destacou.

Central: 340 pessoas aguardam na fila por transplante de córnea no Piauí 

 Assim como Cristina Natália, outras 340 pessoas aguardam na fila de espera da Central de Transplante do Piauí para serem submetidas à cirurgia de transplante de córnea. Segundo Maria de Lourdes de Freitas, gerente da Central, essa quantidade de pacientes é devido à grande demanda, que aumenta a cada dia. Somente este ano, 115 transplantes de córnea foram realizados, número maior que no mesmo período do ano passado, afirmou a gerente. 

Foto: Assis Fernandes/ ODIA

“O transplante de córnea tem uma demanda muito grande, principalmente por ser uma cirurgia que dá qualidade de vida ao paciente, onde ele pode voltar a se socializar e desenvolver suas atividades. Somos referência, inclusive para pacientes de outros estados, e isso faz com que aumente ainda mais a demanda. Este ano, fizemos 115 transplantes, quase dois terços da nossa lista, mas a nossa meta é alcançar 200 cirurgias por ano”, disse. 

Maria de Lourdes pontua que o tempo de espera pode variar, sobretudo pela falta de córneas aptas para doação. Ela explica que a córnea pode ser retirada até 6h depois do coração ter parado de bater e que, devido ao aumento de acidentes que têm ocorrido, a coleta do órgão tem conseguido ser atingida. Contudo, ela destaca que a quantidade de descarte de córnea ainda é muito grande, o que, de certa forma, não permite que a fila de transplante avance.

“A gente precisa fazer um pente fino de qualidade no tecido, para detectarmos se aquela córnea realmente pode ser transplantada. Quando o paciente sofreu algum tipo de trauma na região da face, precisamos ver se o olho não foi atingido por algum fragmento, ou com edema ou traumatismo, ou que tenha outra lesão que impeça o transplante, e esse descarte chega a mais de 30%”, frisa.

Por: Isabela Lopes- Jornal O Dia
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