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202 cubanos podem deixar Piauí com fim de parceria no 'Mais Médicos'

Segundo Comissão Coordenadora Estadual do Mais Médicos, retorno de cubanos ainda não foi confirmado pelo Ministério da Saúde.

14/11/2018 14:23

Após o anúncio feito nesta quarta-feira (14), pelo Governo de Cuba, sobre o fim da participação do país no programa Mais Médicos no Brasil, 202 médicos cubanos que atuam em municípios piauienses devem deixar o estado. Contudo, segundo informações da Comissão Coordenadora Estadual do Mais Médicos, o retorno dos médicos cubanos ainda não foi confirmado pelo Ministério da Saúde.

No Piauí, os cubanos correspondem a 61,7% dos habilitados no programa, que possui ao todo 327 médicos ativos atuando em 134 municípios. Além destes, o Programa Mais Médicos também possui 34 vagas em aberto para médicos brasileiros. “Essas vagas são correspondentes aos médicos brasileiros que entraram e depois saíram do programa, por qualquer motivo, e a reposição é feita através de edital”, explica a coordenadora da Comissão, Idvani Braga. Os profissionais são responsáveis por atender em especial à população carente, em municípios que possuem déficit de médicos atuando na saúde pública. 

Médicos cubanos foram recepcionados no Palácio de Karnak em 2016. (Foto: Arquivo O Dia)

Segundo ela, nenhuma informação sobre o retorno dos médicos cubanos ao país de origem foi repassada à Comissão Coordenadora Estadual. “Nós temos três médicos de referência do Ministério da Saúde que acompanham o Mais Médico no estado, mas até agora não recebemos nenhuma informação sobre esse caso”, afirma.

O anúncio sobre o fim da parceria entre Cuba e Brasil no Mais Médicos é atribuído, pelo país caribenho, à "referências diretas, depreciativas e ameaçadoras à presença de nossos médicos" feitas pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL). Em nota publicada em um jornal cubano, o governo comunicou que as declarações de Bolsonaro questionam "o preparo de nossos médicos e [condicionam] sua permanência no programa à revalidação do título e como única forma de se contratá-los a forma individual".

"Não é aceitável questionar a dignidade, o profissionalismo e o altruísmo dos colaboradores cubanos que, com o apoio de suas famílias, prestam atualmente serviços em 67 países. Em 55 anos, 600 mil missões internacionalistas foram realizadas em 164 países, envolvendo mais de 400 mil trabalhadores de saúde, que em muitos casos cumpriram essa honrosa tarefa em mais de uma ocasião", disse o governo cubano.

Em suas redes sociais, o presidente eleito Jair Bolsonaro fez críticas à decisão do governo de Cuba. Segundo ele, "a ditadura cubana demonstra grande irresponsabilidade ao desconsiderar os impactos negativos na vida e na saúde dos brasileiros e na integridade dos cubanos". O presidente argumentou ainda que havia condicionado a continuidade do programa  à "aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias. Infelizmente, Cuba não aceitou", alegou.

O programa Mais Médicos foi criado em 2013, no governo de Dilma Rousseff (PT), com o objetivo de ampliar a oferta desses profissionais em municípios do interior do país.


Por: Nathalia Amaral
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