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"œNão há clima para intervenção política", diz cientista político

Para Ricardo Arraes, intervenção federal no Rio de Janeiro é algo natural por conta da violência. Já Oswaldo Munteal acredita que democracia está perto de acabar.

21/02/2018 10:48

O cenário atual tem diferenças substanciais do período que antecedeu o golpe militar de 1964. A avaliação do cientista político e historiador Ricardo Arraes, da Universidade Federal do Piauí, é no sentido de que não há sinalização da possibilidade da intervenção no Rio de Janeiro descambar para uma intervenção política. Ele afirma também não ver simpatia entre o governo do presidente Temer e os militares e aborda a intervenção no estado fluminense como natural devido aos problemas de violência urbana no estado.

Ricardo Arraes cita, por exemplo, o fato da intervenção ser localizada apenas em um estado e especificamente na área da segurança pública, garantindo ao governador do Rio de Janeiro a prerrogativa de continuar gerindo as demais áreas. “A única semelhança que vejo é o apoio das classes media e alta aos militares, mas se restringem a área da segurança pública. Para daí se rever numa intervenção maior, em âmbito político, acho muito difícil. Não há clima ideológico para isso”, diz ele, acrescentando que os militares não têm interesse em tomar o poder e o pano de fundo internacional é completamente diferente daquele da década de 1960.

O historiador piauiense também cita que os níveis de insegurança no Rio de Janeiro exigem mudanças drásticas e a única restrição a ser feita a intervenção é pela falta de planejamento na execução das ações a serem desenvolvidas. “Havia a necessidade de intervenção, mas com planejamento. O próprio interventor não quis falar com a imprensa, porque não tinha o que explicar, detalhar. Essa falha merece muitas críticas”, pontua o pesquisador.

Para Ricardo Arraes, a falta de planejamento coloca em risco os resultados da intervenção, à medida em que na hora que ela acabar, o cenário pode voltar a ser como era antes do decreto presidencial. “Primeiro que o Exército não é preparado para combater violência urbana, e sim para guerra. E quando eles saírem das ruas, os efeitos positivos é quem deve continuar, e não voltar a ser como antes da intervenção. Mas isso demanda planejamento e ações em todas as áreas”, pontua.

Por: João Magalhães - Jornal O Dia
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