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"œEle não foi juiz", diz magistrado sobre atuação de Moro na Lava-Jato

Juiz do TRT de Campinas-SP afirma que atuação de Sérgio Moro revelada pelo The Intercept BRasil não é normal e agiu de forma "anômala".

23/09/2019 15:19


Juiz Carlos Eduardo Oliveira Dias, do TRT da 15ª Região, Campinas-SP (Foto: Elias Fontenele/O Dia)

De passagem por Teresina para realizar uma palestra, o juiz do trabalho Carlos Eduardo Oliveira Dias (do TRT da 15ª Região, Campinas, São Paulo) concedeu entrevista ao Sistema O Dia nesta segunda (23) e falou sobre alguns pontos do noticiário nacional envolvendo o poder judiciário e sobre seu artigo, publicado no mês de julho, intitulado "E se Moro fosse juiz?".

O artigo visa tanto questionar o que poderia acontecer se na época do vazamento das mensagens pelo site The Intercept Brasil, o agora ministro, ainda fosse juiz, quanto uma espécie de crítica relacionada a atuação do ex-juiz na condução dos processos relacionados à Operação Lava-Jato. O magistrado comentou pontos de seu artigo e não hesitou em dizer que Moro não atuou como um juiz.

 “Ao agir da forma como o portal expôs, identifica que ele não agiu como juiz. Existe uma diferença muito grande entre ser juiz e atuar como juiz, então o título tem um duplo sentido, porque mesmo enquanto juiz ele não agiu como juiz na condução dos processos e as conversas das quais ele não negou a veracidade, revela que ele teve um comportamento absolutamente condenável para qualquer magistrado, enquanto juiz”, disse o juiz.

Apesar da reação de Moro de considerar ‘normal’ as conversas reveladas pelo site nas mensagens, o magistrado afirma que o artigo também teve por objetivo deixar claro que as coisas não são bem assim. O juiz reitera que conversa entre juiz e partes do processo são normais , mas se limita a assuntos que não digam respeito aos processos em que o magistrado atua.

“E é por isso que eu disse, ele não foi juiz, porque por princípio, o juiz tem uma postura imparcial e equidistante das partes, ele não pode se aproximar mais de um ou de outro com uma finalidade. Conversar com advogados, procuradores, partes, quaisquer pessoas sobre um processo que o juiz vai julgar, isso não é uma conduta normal, essa é uma conduta completamente anômala”, explica o juiz.


Juiz comenta pontos do artigo que fala sobre a atuação do ex-juiz Sérgio Moro. (Foto: Elias Fontenele/O Dia)

Sobre os preceitos éticos que norteiam a atuação dos juízes, Carlos Eduardo afirma que seu artigo traz a discussão de forma ampla, e que as normas valem todos os magistrados, e não somente ao ex-juiz. Para o magistrado, após a divulgação de conversas pelo site The Intercept Brasil, a atuação de Sérgio Moro, teve finalidade política.

“Eu tenho a impressão que sim, pelo que acompanhei. Claro, havia uma suposição nesse sentido, pelo que nós vimos. Com uma preocupação ostensiva de fazer nota pública, de se explicar pra imprensa. [...] O juiz que aparece muito no processo, tem algo errado”, diz o juiz do TRT de Campinas, São Paulo.

Carlos Eduardo afirma ainda que, caso ainda integrasse o Conselho Nacional de Justiça, tenderia a representa-lo à corregedoria. O magistrado participou nesta segunda (23) da abertura da XIII Semana Institucional do TRT do Piauí, que acontece de hoje (23) ao dia 27 de setembro. 

Por: Rodrigo Antunes
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