O ex-comandante do Exército, general Villas Bôas, voltou a criticar Olavo de Carvalho, ideólogo do governo Jair Bolsonaro. Segundo o militar, o escritor participou de "praticamente todas as crises" da gestão.
"Praticamente todas as crises que nós vivemos desde que o presidente Bolsonaro assumiu têm a participação direta ou indireta do Olavo de Carvalho, que não contribui", disse a jornalistas depois de deixar a comissão onde o ministro Sergio Moro (Justiça) discursava na Câmara.
"Temos tantas questões importantes, e a gente fica dispersando energia com questões que absolutamente não contribuem para a solução dos problemas", completou o general nesta quarta-feira (8).
O ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e o presidente Jair Bolsonaro (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)
A crise entre as alas olavista e militar do governo se acirrou nesta semana.
O general já havia se manifestado sobre o escritor por meio das redes sociais na segunda-feira (6).
"Mais uma vez o senhor Olavo de Carvalho, a partir de seu vazio existencial, derrama seus ataques aos militares e às Forças Armadas, demonstrando total falta de princípios básicos de educação, de respeito e de um mínimo de humildade e modéstia", escreveu. O ex-comandante também chamou Olavo de "Trótski de direita".
O escritor tem feito repetidos ataques a militares que participam do governo Bolsonaro. Inicialmente, as críticas foram dirigidas ao vice-presidente, general Hamilton Mourão, e mais recentemente passaram a atingir o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz.
O ideólogo de direita rebateu o general, que tem uma doença degenerativa grave, chamando-o de "doente preso numa cadeira de rodas". "Há coisas que nunca esperei ver, mas estou vendo. A pior delas foi altos oficiais militares, acossados por afirmações minhas que não conseguem contestar, irem buscar proteção escondendo-se por trás de um doente preso a uma cadeira de rodas. Nem o Lula seria capaz de tamanha baixeza".
Villas Bôas deixou o comando do Exército no início deste ano e passou a ocupar posto de assessor especial no GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Bolsonaro foi a público elogiar o escritor, que mora nos Estados Unidos, depois do episódio. "Sempre o terei nesse conceito, continuo admirando o Olavo. Quanto aos desentendimentos ora públicos contra os militares, aos quais devo minha formação e admiração, espero que seja uma página virada por ambas as partes", escreveu o presidente em suas redes sociais na terça-feira (7).
Nesta quarta, em evento com militares no Rio de Janeiro, afirmou que acredita nas Forças Armadas, mas defendeu que "cada um faça o seu papel".
Fonte: FolhapressPor: Angela Boldrinni