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Senador defende "œeletrochoque" em caso de depressão profunda

Marcelo Castro falou sobre o método em uma audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado.

19/09/2019 12:35

Assunto polêmico entre profissionais de psiquiatria e da Saúde como um todo, o tratamento com eletroconvulsoterapia (ECT), popularmente chamado de eletrochoque, em casos extremos de depressão com risco de suicídio, é visto com bons olhos pelo senador Marcelo Castro (MDB), que defendeu o método em uma audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado na última quarta-feira (18).

Em seu pronunciamento,o parlamentar, que além de psiquiatra também já ocupou o Ministério da Saúde durante o governo de Dilma Rousseff (PT), reconheceu a complexidade do assunto mas pontuou que só a medicação convencional não é o suficiente em episódios de depressão profunda, uma vez que estes demoram a fazer efeito no paciente.


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“É tão útil no tratamento psiquiátrico mas tão demonizado pela sociedade, de maneira geral[...] Eu, que fui psiquiatra por muitos anos e trabalhei em hospitais, sei da sua utilidade. As vezes é o único recurso que podemos dispor para trazer a saúde mental as pessoas, e no caso de depressão profunda, com risco de suicídio, não tem outra alternativa”, argumentou o senador. 

Senador defende “eletrochoque” em caso de depressão profunda. (Foto: TV Senado)

Em um adendo a fala de Castro,  o psiquiatra Fábio Gomes de Matos, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) convidado para participar da audiência, afirmou que “eletrochoque é quando você coloca o dedo na tomada” e ressaltou que o tratamento por ECT é uma “terapia hospitalar extremamente controlada”, o que foi reforçado pelo parlamentar piauiense.

“Às vezes a depressão é tão profunda que a pessoa fica em um estupor profundo [...] Aquilo que com duas ou três sessões de eletroconvulsoterapia, que hoje se faz sem nenhum trauma, com anestesia e curarização, onde a pessoa não tem as convulsões musculares, é um recurso muito útil, e nesses casos de depressão profunda é o tratamento de eleição”, defendeu Castro.

A audiência pública faz parte de uma série de atividades realizadas pelo Senado em alusão ao “Setembro Amarelo”. Durante a sessão, os especialistas convidados também defenderam o fortalecimento das políticas públicas prevenir as ocorrências de suicídio e a criação de serviços eficientes de atendimento ao cidadão.

Tratamento é indicado como última opção

O diretor do Hospital Areolino de Abreu, o psiquiatra Ralph Webester, esclarece que o tratamento de eletroconvulsoterapia (ECT) é indicado em casos em que os medicamentos usados no tratamento da depressão não funcionam.

A técnica recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) consiste em estímulo elétrico para gerar uma convulsão. O ECT funciona como um “reset” no cérebro do paciente. Durante o procedimento, o paciente internado é anestesiado e recebe um relaxante muscular.

O psiquiatra Ralph Webster, diretor do Hospital Areolino de Abreu. (Foto: Assis Fernandes/ODIA)

Apesar de ser comprovada a sua eficácia no tratamento contra a depressão, o psiquiatra Ralph Webester explica que a ciência ainda não é capaz de explicar o motivo pelo qual o tratamento funciona.

“As pesquisas nesse sentido são muito escassas, no sentido de explicar o porquê desencadear uma convulsão funciona. As teorias da reconfiguração elétrica do cérebro são as mais aceitas, mas não sabemos ao certo porque o humor e a psicose melhoram”, afirma.

Cerca de 90% dos casos de suicídio estão ligados a algum transtorno mental, entre eles a depressão. O psiquiatra alerta para a importância do acompanhamento de pacientes com quadro depressivo, em especial o apoio de amigos e familiares.

“Precisamos ter um acompanhamento de muito perto, principalmente da família. Tentar ouvir o paciente, entender mais do que julgar e compartilhar a sua dor, para que de alguma forma ele se sinta mais aliviado da dor que sente e a possibilidade de desistir da vida seja só uma diante de tantas outras possibilidades que possa ter em vida”, finaliza.

Por: Nathalia Amaral e Breno Cavalcante.
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