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"Me senti fazendo campanha sem ter sido avisada", diz jornalista sobre PT

À Folhapress, a jornalista Paula Holanda conta que receberia R$ 1 mil para tuitar sobre WD, mas que não conhece o governador nem o Estado

27/08/2018 11:25

A polêmica do final de semana em torno do nome do governador Wellington Dias no Twitter ainda ganha desdobramentos nesta segunda-feira (27). Em entrevista à agência de notícias Folhapress, a jornalista Paula Holanda, que participou da mobilização pró-PT nas redes sociais, disse que receberia quase R$ 1 mil para integrar a ação, mas que não assinou nenhum contrato. Paula, que é influenciadora digital e tem mais 6.700 seguidores no Twitter, afirmou ainda não conhecer o Piauí nem seu governador.

“Não tenho nenhuma ligação com o Piauí e não o conheço. Pesquisei rapidamente e pela opinião pública da esquerda, ele [Wellington] aparentemente não foi um bom governador”, tuitou Paula. Ainda segundo a jornalista, lhe foi passado que a mobilização seria, na verdade, uma ação de esquerda, com pautas feministas, negras e LGBT.

A jornalista disse que aceitou postar tuítes favoráveis a candidatos do PT – Gleisi Hoffmann, presidente nacional da sigla e candidata a deputada federal, e Luiz Marinho, que disputa o governo de São Paulo. Ao receber uma terceira demanda, desta vez sobre o governador do Piauí, ela disse ter percebido que não atuava pelas pautas de esquerda em geral, mas especificamente em favor de candidaturas do PT, o que, segundo ela, não tinha ficado claro nos contatos feitos com a agência.

“Senti estar fazendo uma campanha sem ter sido avisada”, afirmou Paula. Após a declaração da jornalista, outros perfis do Twitter apagaram as publicações ou admitiram que foram contratados para fazer comentários positivos sobre os candidatos.

Segundo Flávia Penido, advogada especialista em Direito Tributário e Direito Digital, o Twitter veda a prática em seus termos de uso e tem excluído usuários sob suspeita de fornecer informações falsas. “A partir do momento em que não é informado que os tuítes estão sendo publicados mediante pagamento, ou por contas falsas, o ambiente da rede social está sendo manipulado e contaminado. Isso é conhecido como compartilhamento não orgânico ou não autêntico. É pernicioso à democracia”, pontua Flávia Penido.

À reportagem da Folhapress, Paula confirmou as informações tuitadas de que receberia uma quantia para participar da mobilização, mas não especificou se os cerca de R$ 1 mil era por tuíte ou pela ação toda. A jornalista preferiu não dar mais detalhes como quais outros influenciadores digitais foram contratados e a quais outros candidatos a Agência Lajoy, responsável pela ação, demandou conteúdo.

A dona da Lajoy, Joyce Moreira Falete Mota, informou à Folhapress que sua agência foi contratada por uma empresa chamada Be Connected. Esta firma pertence a Rodrigo Queles Teixeira Cardoso, que aparece no site do diretório do PT de Belo Horizonte como membro suplente do colegiado e que foi nomeado, em julho passado, secretário do deputado federal Miguel Corrêa (PT-MG).

Influenciadores foram criticados por causa de publicações

A mobilização em torno do nome do governador Wellington Dias gerou um debate sobre o assunto nas redes sociais, sobretudo após a divulgação de um e-mail de uma influenciadora, identificada apenas como Isabela. No texto, ela comunica que a proposta da ação era “fazer uma militância política à esquerda” e para isso vários digital influencers do Brasil haviam sido contratados.

A ação foi duramente criticada pelos próprios usuários do Twitter , que não acreditaram que as postagens não tivesse interesse político-partidários. Boa parte dos influenciadores que tuitaram sobre os candidatos petistas e sobre Wellington Dias eram de estados do Sul e Sudeste do país e não possuem qualquer ligação com o Piauí.

Ação pode ser considerada ilegal

Para o advogado eleitoral Carlos Yuri, a ação simultânea dos influenciadores digitais para alavancar a campanha de Wellington Dias pode ser considerada como propaganda ilegal por desrespeitar a resolução nº 23.551 do Tribunal Superior Eleitoral, que veda a “veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, excetuado o impulsionamento de conteúdos, desde que identificado de forma inequívoca como tal e contratado exclusivamente por partidos políticos, coligações e candidatos e seus representantes”.

Em resumo, se a campanha for paga, ela tem que ser identificada como tal e seus valores de contratação devidamente declarados juntos à Justiça Eleitoral. Em caso de descumprimento da lei, a multa pode variar entre R$ 5 mil e R$ 30 mil reais, foi o que explicou Carlos Yuri.

Neste domingo (26), a Coligação “Piauí de Verdade”, encabeçada por Luciano Nunes, entrou com uma representação na Justiça  por propaganda irregular pela Coligação “A Vitória Com a Força do Povo”, encabeçada por Wellington Dias. O objetivo é apurar possíveis ilegalidades da mobilização do Twitter.  A chapa de Luciano Nunes informou que entrará ainda, com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) para verificar suposto abuso de poder.

O outro lado

Em nota, o governador do Estado e candidato à reeleição, Wellington Dias, destacou que a ação não foi realizada pela campanha e que os comentários nas redes sociais foram feitos por simpatizantes com a esquerda e com o Partido dos Trabalhadores. Confira nota na íntegra:

Nota repercussão twitter

Sobre a repercussão do nome do governador Wellington Dias nas redes sociais, em especial no Twitter, é importante esclarecer que esta não é uma atividade organizada pela campanha. O que se observa pelos comentários nas redes sociais e nos prints que circulam é que este é um movimento nacional, que simpatiza com a esquerda e com o Partido dos Trabalhadores. O governador Wellington foi incluído de alguma forma por fazer parte deste contexto.

Fonte: Folhapress
Por: Maria Clara Estrêla, com informações de Débora Sögur Hous da Folhapress
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