Avaliação realista no Palácio do Planalto é de que essa desaprovação recorde do governo deve elevar o preço dos aliados para barrar a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.
A pesquisa Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que apontou nesta quinta (28) que o governo Temer é aprovado por apenas 3% dos entrevistados não surpreendeu o Planalto e já era esperada por interlocutores do presidente. Mas há o reconhecimento de que terá um efeito colateral neste momento.
"Não é surpresa para ninguém que este é um governo impopular. Mas quando o número é divulgado no momento da segunda denúncia, os aliados vão cobrar um preço maior para votar a favor de Temer", resumiu um interlocutor próximo do presidente da República.
Para o Palácio do Planalto, o momento da divulgação da pesquisa foi ruim para o governo pois acontece num momento em que está sendo fechada a estratégia para garantir os votos necessários na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário da Câmara.
O governo quer evitar parecer desesperado para votar logo o tema, pois sabe que isso terá um custo elevado com a cobrança de aliados por mais cargos e emendas.
O governo está tão preocupado em ficar refém da base, que decidiu não mobilizar aliados para garantir o quórum na sexta-feira (22) e segunda-feira (25) para a leitura da denúncia em plenário.
"A ordem é evitar que o governo fique com a faca no pescoço. Mas essa pesquisa vai inverter a ordem. Num governo com aprovação elevada, a situação seria diferente. Mas com essa rejeição ao Temer, a base vai crescer", reconheceu um auxiliar do Planalto.
Fonte: G1