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Osmar Júnior diz que PCdoB já negocia fusão com outras siglas

Partido foi uma das 14 agremiações partidárias que não atingiram critérios estabelecidos pela cláusula de barreira, e, portanto, não terão direito a propaganda gratuita no rádio e na TV nem ao fundo partidário.

17/10/2018 16:08

O ex-deputado federal Osmar Júnior falou nesta quarta-feira (17), em entrevista a O DIA, que seu partido, o PCdoB, já está negociando com outras agremiações partidárias uma fusão.

O partido é um dos 14 que não conseguiram atingir a chamada cláusula de barreira, que prevê um número mínimo de parlamentares na Câmara ou de votação para que as siglas tenham direito a tempo de propaganda gratuita no rádio e na TV, bem como à verba do fundo partidário.


O ex-deputado federal Osmar Júnior observa que o partido teve um destaque inédito nas eleições majoritárias, mas acredita que isso pode ter minado as forças da sigla nas eleições proporcionais (Foto: Elias Fontinele / O DIA)


"Esse é um assunto que está sendo discutido com outras siglas, a possibilidade de incorporação de uma delas ao PCdoB. É um assunto que está em aberto, estamos tratando, esperamos que nos próximos dias tenhamos um desfecho. Essas tratativas estão em andamento", afirmou Osmar.

Além do PCdoB, também não atingiram a cláusula de barreira nestas eleições os seguintes partidos: Rede, Patriota, PHS, DC, PCB, PCO, PMB, PMN, PPL, PRP, PRTB, PSTU e PTC.

Osmar também explicou o porquê de não ter se candidatado a nenhum cargo eletivo neste pleito, mesmo tendo sido incentivado por familiares, amigos e correligionários. "Aqui no Piauí, eu já tinha decidido não me candidatar. Fui convidado pelo partido, por amigos, por outras lideranças, mas entendi que aquela circunstância, ela não permitia que eu pudesse desenvolver a campanha no grau, no nível que ela precisava para poder alcançar êxito", justifica.

Sem atingir critérios da cláusula de barreira, PCdoB já trata sobre fusão com outras agremiações partidárias na mesma situação (Foto: Elias Fontinele / O DIA)

Osmar Júnior lamenta o fato de os eleitores brasileiros terem votado em candidatos cujas propostas, segundo ele, devem provocar um retrocesso em vários setores no país. "O partido conseguiu eleger uma bancada de nove deputados no Brasil, em um ambiente muito difícil, porque essa foi uma eleição muito marcada pelo conservadorismo. Infelizmente, os parlamentares mais votados foram exatamente aqueles  que pregam a volta a um passado não muito distante. Um passado de desigualdade, de ditadura, de violência. Mas esse foi o resultado da eleição, e isso atingiu não só o PCdoB, como outras forças políticas também", avalia o ex-deputado piauiense.

Se por um lado o PCdoB teve um desempenho insatisfatório nas eleições proporcionais, Osmar observa que o partido conseguiu um destaque nas eleições majoritárias que, até então, ainda não havia conseguido em toda a sua história.

Osmar afirma que, mesmo sem ter atingido cláusula de barreira, PCdoB continuará lutando por uma maior distribuição de renda no país, por serviços públicos de qualidade e pela garantia da gratuidade no ensino superior público (Foto: Elias Fontinele / O DIA)

O ex-deputado considera que essa proeminência nas eleições majoritárias pode ter exaurido a força do partido para as eleições proporcionais.

"O PCdoB teve um protagonismo nas eleições majoritárias que ele não tinha tido antes. Nós temos a Manuela D’Ávila, que foi pré-candidata à Presidência da República e fez uma campanha muito bonita pelo Brasil. Em seguida, foi convidada e aceitou ser candidata a vice do Lula e, agora, do Fernando Haddad. Tivemos a reeleição do governador Flávio Dino, no Maranhão. Portanto, esse protagonismo majoritário, que não tinha ocorrido nesse nível anteriormente, de certa forma drenou energias que terminaram não permitindo que alcançássemos a cláusula", analisa.

Em 2014, quando venceu a disputa pelo Governo do Maranhão pela primeira vez, Flávio Dino tornou o primeiro governador eleito pelo PCdoB no país.

Osmar afirma que, independente do resultado das eleições presidenciais, o PCdoB vai continuar lutando por bandeiras como a busca por uma maior distribuição de renda entre os brasileiros e por serviços públicos de qualidade.

"O partido vai continuar sua marcha. O PCdoB é um partido cujo centro do seu programa é defender o Brasil, defender um país com capacidade econômica, com produtividade, que se permita gerar condições de vida para seu povo, que consiga estar em grau de igualdade com outras economias do mundo, e que seja desenvolvido. E isso deve ocorrer com distribuição de renda. O capitalismo, pela sua própria natureza, é um sistema concentrador de riqueza. Ele se alimenta da concentração da riqueza. Nosso papel político tem sido de enfrentar essa questão, lutar para que a economia, ao crescer, possa também ser mais dividida, mais compartilhada. Lutamos por um Estado que, através dos serviços públicos, atenda às necessidades básicas da população", afirma Osmar Júnior.

O ex-deputado também criticou de forma enfática a proposta de fim da gratuidade do ensino superior em universidades públicas do país, que, segundo ele, é defendida por pessoas ligadas ao presidenciável Jair Bolsonaro (PSL).

"Tem uma corrente, e essa é representada por Bolsonaro, que acha que ao Estado só cabe fornecer a educação básica. No ensino superior quem puder faz, vá pagar, e quem não puder não faz. Nós achamos que isso não é aceitável. Serviço público de educação e saúde têm que ser universais. Custa caro, mas tem que ser, é a necessidade do povo. Não há justiça social num país que tem uma economia forte mas uma parcela significativa do seu povo não tem acesso aos benefícios dessa economia fortalecida. Não é esse o país que nós queremos. Então, com cláusula de barreira ou sem cláusula de barreira, o PCdoB vai continuar com essa luta", afirma.

Cláusula de barreira

A emenda constitucional 97/2017 estabeleceu que, nestas eleições, para ter direito ao tempo de propaganda no rádio e na TV e para receber uma parcela do fundo partidário, cada legenda deveria obter, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 1,5% dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1% dos votos válidos em cada uma delas; ou eleger pelo menos nove deputados federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação.

O PCdoB conseguiu eleger os nove deputados federais, mas não distribuídos em um terço das unidades da Federação.

Por: Cícero Portela e Maria Clara Estrêla
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