O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ao Supremo Tribunal Federal que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu "ascendência" ao senador Fernando Collor sobre a BR Distribuidora em troca de apoio político no Congresso. A BR Distribuidora é uma subsidiária da Petrobras. A declaração de Janot está na peça de denúncia contra o deputado Vander Loubet (PT-MS) que o procurador enviou ao tribunal em dezembro de 2015.
Trecho da denúncia que o procurador-geral enviou ao Supremo (Foto: Reprodução)
"Após o fim do período de suspensão de direitos políticos, Fernando Affonso Collor de Mello retornou à vida pública. Na condição de senador pelo Partido Trabalhista Brasileiro do Estado de Alagoas (PTB-AL), por volta do ano de 2009, em troca de apoio político à base governista no Congresso Nacional, obteve do então Presidente da República, Luís Inácio Lula da SilvaI ascendência sobre a Petrobras Distribuidora- BR Distribuidora", escreveu Janot.
O G1 procurou o Instituto Lula e a assessoria do senador Collor para comentarem a denúncia, mas ainda não havia conseguido contato até a última atualização desta reportagem.
No entanto, o Instituto Lula havia divulgado nota nesta terça (12), por conta da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. No depoimento, Cerveró também citou a influência de Collor na BR Distribuidora. A nota do instituto diz que "apesar da campanha de boatos e falsas denúncias de que tem sido alvo, Lula não responde a nenhuma ação judicial, porque sempre atuou dentro da lei, antes, durante e depois de ser presidente do Brasil".
(Fotos: Antônio Cruz/Agência Brasil e Jefferson Rudy/Agência Senado)
"Em nome de Fernando Affonso Collor de Mello, Pedro Paulo Bergamschi de Leoni Ramos realizou os principais contatos na sociedade de economia mista, operacionalizou negócios em favor de empresas privadas, cobrou vantagens indevidas e adotou estratégias de intermediação e ocultação da origem e do destino da propina relacionada a tais contratos", continuou o procurador na denúncia enviada ao STF.
Segundo Janot, Pedro Leoni Ramos é o "principal operador" do esquema na BR Distribuidora. Janot escreve ainda que o ex-ministro é amigo pessoal de Collor e repassava propina ao senador.
O poder de Collor sob a BR Distribuidora foi citado também no depoimento de delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. No depoimento, que veio à tona nos últimos dias. Cerveró afirmou que Lula concedeu espaço para que o senador Fernando Collor pudesse ter influência para indicar diretores da BR Distribuidora.
Também no documento enviado ao STF, Janot disse que os negócios irregulares geridos por Leoni na BR Distribuidora são exemplos de práticas para atender a "interesses políticos escusos".
"No ano de 2009, quando parte da BR Distribuidora foi entregue ao senador Fernando Collor de Mello, do PTB, a Presidência da República era ocupada por Luís Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores. Por isso, o PT, por meio da chefia do executivo federal, juntamente com sua bancada no Congresso Nacional, procurou reservar para si parcela da sociedade de economia mista em questão, mantendo-a em sua esfera de influência", afirmou Janot ao STF.
Na denúncia, Janot afirmou ainda que parte da propina do esquema foi usada para pagar dívidas de Loubet na campanha à prefeitura de Campo Grande, em 2012.
Fonte: G1