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Firma de amigo de Temer tem contrato em obra parada de estatal

Delatores da JBS afirmaram à PGR (Procuradoria Geral da República) que em 2014 a empresa de carnes entregou R$ 1 milhão em espécie na sede da Argeplan e nas mãos do coronel Lima.

26/06/2017 08:25

Alvo da Operação Patmos, a empresa Argeplan Arquitetura -do coronel aposentado da Polícia Militar paulista João Baptista Lima Filho, amigo de Michel Temer- participa do contrato de uma obra paralisada pelo governo federal na Valec, estatal que atua no setor de ferrovias.

Empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes, a Valec foi foco de escândalos durante a gestão de José Francisco das Neves, o Juquinha, que foi preso e condenado sob acusação de desvios. O contrato assinado com o consórcio da Argeplan é de 2010, época em que Juquinha ainda presidia o órgão.

Levantamento feito pela reportagem mostra que a empresa do coronel Lima foi contratada de forma direta ou indireta para contratos com órgãos e empresas públicas federais e estaduais que somam, ao menos, R$ 295 milhões de 2009 a 2013.

No caso da Valec, a Argeplan integra o grupo com as empresas Falcão Bauer e Ceppla para "supervisão das obras" de construção de um dos lotes da Ferrovia de Integração Oeste-Leste. Até o momento, segundo a Valec, foram pagos R$ 50,1 milhões em decorrência do contrato, que deve alcançar um "valor total reajustado" de R$ 74 milhões. A participação da Argeplan no consórcio é de 22%, o que representaria um recebimento pela empresa do coronel de R$ 11 milhões.

Segundo a assessoria da Valec, o contrato está paralisado "devido à rescisão do contrato de construção" da obra, uma "decisão unilateral da Valec devido ao descumprimento das obrigações contratuais do consórcio Andrade Gutierrez/Barbosa Melo". Com isso, houve a suspensão dos pagamentos ao consórcio da Argeplan.

É o segundo contrato no setor público em que a Argeplan atua e que está parado. Desde o ano passado estão suspensos os pagamentos relativos a outro contrato, no valor total de R$ 162 milhões, para construção da usina nuclear Angra 3, no Rio. A Argeplan é sócia de uma empresa subcontratada por uma multinacional que venceu licitação.

Delatores da JBS afirmaram à PGR (Procuradoria Geral da República) que em 2014 a empresa de carnes entregou R$ 1 milhão em espécie na sede da Argeplan e nas mãos do coronel Lima. O dinheiro teria como destino final, ainda segundo a JBS, o presidente Michel Temer, então candidato a vice-presidente.

Na Operação Patmos, em 18 de maio, a PF encontrou na sede da Argeplan documentos, incluindo um recibo de materiais para construção, que vinculam a empresa de Lima a uma reforma na casa de uma das filhas de Temer, Maristela. A PF investiga se o coronel pagou despesas pessoais de Temer ou da família.

RODOANEL

Além das obras relativas à Angra 3 e à Valec, a Argeplan foi contratada via consórcios, entre 2009 e 2013, pelo Metrô de São Paulo, por R$ 16 milhões, para serviços de comunicação visual para as 23 estações e seis terminais urbanos, e pela também paulista Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A), com R$ 36,8 milhões, para serviços de engenharia e apoio à fiscalização, supervisão e acompanhamento das obras do trecho Norte do Rodoanel.

A Argeplan integra outros dois consórcios contratados pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) para "elaboração de estudos e projetos" destinados à construção de duas pontes no Estado do Pará: uma em Xambioá, ao preço de R$ 2,8 milhões, e outra sobre o rio Xingu, por R$ 3,4 milhões. No primeiro consórcio, a Argeplan participa com 25%; no segundo, com 20%.

Fonte: Folhapress
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