O senador Elmano Ferrer
(PTB) informou ontem (04)
que vem sofrendo pressão e
assedio para mudar de posição
e votar pelo afastamento definitivo da presidente Dilma
Rousseff (PR). A presidente
está afastada temporariamente, mas o pedido de impeachment será apreciado no plenário do Senado no final de
agosto. Na ocasião, são necessários 54 votos a favor do afastamento da presidente, para
ela ter o mandato cassado.
Foto: Andrê Nascimento/ODIA
“A discussão está uma verdadeira guerra. Eu vou manter a coerência. Meu voto é
livre e aberto, mas todos estão sendo pressionados. É um
lado querendo me levar pro
outro. Outro querendo me
tirar do outro. Essa pressão é
sobre todos os parlamentares.
Mas vou manter a coerência’,
diz o senador piauiense. Elmano criticou o fato de alguns colegas parlamentares
estarem aproveitando o momento para fazer pedidos de
ordem política local e benefí-
cios pessoais.
“Alguns têm comportamentos provincianos. Nesse
momento de crise temos que
aproveitar para tirar a oportunidade de melhorar o país. A
Lava Jato é um fator importante e pode mudar o futuro de
muitas coisas”, pontua o senador. Elmano acrescentou que
alguns parlamentares demonstram apreensão por conta das
investigações e que todos devem buscar saídas políticas e
democráticas para o país.
O parlamentar comentou
ainda que buscar a saída é
complexo porque o país conta
com quase 40 partidos políticos, que fazem exigências dos
governantes e impedem o andamento dos trabalhos políticos como deveriam ocorrer.
“São siglas sem ideologia, sem
princípios, que exigem muito
do executivo e impede que o
governante consiga priorizar
pontos mais importantes”, diz
Elmano Ferrer.
Após repercussão, senador diz que vai
acabar com ‘super gabinete’
O senador Elmano Férrer
(PTB-PI) disse nesta segunda-feira (04) que vai reduzir o
número de assessores em seu
gabinete. A decisão ocorre
uma semana após o site Congresso em Foco divulgar que
o senador emprega 80 pessoas
com dinheiro público, superando o limite de até 55 cargos de confiança que podem
ser contratados por cada senador, de acordo com regras
do Senado.
“Eu sucedi o senador João
Vicente Claudino (PTB-PI)
e mantive o mesmo gabinete
em Brasília e aqui. Não tirei
ninguém. Mas não é do JVC, é
do partido. Mas já fiz os levantamentos necessários e farei
os ajustes necessários. Quero
reduzir o máximo que puder,
mas não sei quanto ainda”,
disse o senador.
Elmano Férrer ressalta, no
entanto, que fez tudo dentro
da lei. Ele agradeceu ainda as
críticas da imprensa sobre o seu
gabinete. “Foi até salutar isso
pra mim. Eu gosto muito de ouvir a imprensa”, diz ele. Dos 80
assessores de Elmano, 27 estão
em Brasília e 53 no Piauí.
De acordo com o site Congresso em Foco, ao todo, no
Senado, são mais de 3 mil
funcionários lotados em gabinetes ou escritórios de representação, média de 37 por
parlamentar. O campeão de
assessores é o senador Hélio
José (PMDB-DF), com 86
pessoas, cujos salários variam
de R$ 1,8 mil a R$ 18,9 mil.
Pelas regras da Casa, cada
senador pode manter até 55
cargos de confiança, desde
que a remuneração total não
ultrapasse os R$ 70 mil mensais. Ele pode escolher: distribuir salários mais elevados
a poucos servidores, ou contratar muitos assessores com
menor remuneração.
Na prática, porém, alguns
parlamentares extrapolam os
limites impostos pelo regimento interno e inflam suas
equipes com base em brechas
que permitem novas contratações àqueles que ocupam
cargos na Mesa Diretora ou
fazem parte de blocos ou lideranças partidárias. Há casos,
como o de Hélio José, em que
a autorização é dada pela presidência do Senado.