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Eduardo Jorge, vice de Marina, propõe uma política de renda mínima no país

Médico sanitarista e autor de projetos de lei que ajudaram a estruturar o SUS, Eduardo Jorge também propõe que campanha de Marina defenda uma medicina pública humanizada.

14/08/2018 16:58

Incorporado na última hora à chapa da presidenciável Marina Silva (Rede), o ex-deputado Eduardo Jorge (PV) sugeriu à candidata que incorpore em seu programa de governo temas como renda básica e humanização da saúde.

A ex-senadora deve registrar um documento com diretrizes do plano nesta terça-feira (14), ao oficializar sua candidatura no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Eduardo e o presidente nacional do PV, José Luiz Penna, se reuniram nos últimos dias com o coordenador do programa, João Paulo Capobianco, que recebe contribuições externas para o plano desde o início do ano.

O vice defendeu que a chapa proponha a discussão sobre adotar uma política de renda mínima no país, bandeira empunhada pelo ex-senador e vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) desde a década de 1970.

O tema é quase um mantra na boca do petista, que cita a causa em praticamente todos os seus discursos e artigos. A proposta virou lei em 2004, mas nunca foi implementada.

"É uma abertura para uma discussão que está sendo feita no mundo inteiro", disse Eduardo à reportagem sobre seu pleito. Para ele, que foi do PT de 1980 a 2003, o sistema "é muito importante para essa nova forma como o trabalho vai ser organizado, com a evolução da tecnologia e da automação".

Segundo o vice, a questão não estava no programa. "É preciso fazer essa homenagem ao Suplicy, uma espécie de profeta desse assunto", brincou.

O verde defende a criação de programas-piloto em alguns municípios, "para aplicar como funciona, como é a reação psicológica, se isso vai provocar que a pessoa deixe de trabalhar ou invasão de gente vinda de fora".

Já havia manifestações de simpatia à ideia no entorno de Marina. Na semana passada, um dos economistas que assessoram a presidenciável, André Lara Resende, disse em um evento que o tema da renda universal deve ser debatido e que o Bolsa Família pode funcionar como embrião de um programa mais amplo.

Eduardo Jorge, que é médico sanitarista e autor de projetos de lei que ajudaram a estruturar o SUS (Sistema Único de Saúde), também falou com Capobianco sobre a necessidade de o programa da campanha defender uma medicina pública humanizada.

"A pessoa não pode ser uma peça, um prontuário, um número, num sistema onde não tem calor humano ajudando na cura dela", afirma.

O vice diz que a atenção básica é negligenciada no Brasil e que é previso investir em prevenção. "Se você não tem uma atenção básica, tudo se agrava, cai no hospital, cai no especialista", afirma.

Uma política preventiva de saúde, acredita, deve incluir medidas como a redução da poluição do ar e o controle do uso de agrotóxicos nos produtos que os brasileiros consomem.

No campo da alimentação, outra ideia sustentada por Eduardo Jorge é o incentivo ao vegetarianismo e ao veganismo. Ele -que é vegetariano (não come carne, mas consome ovos e leite, diferentemente de veganos)- diz que a causa tem que ser estimulada, mas não pode ser tratada como política de governo.

"Falo com muita prudência porque não podemos ser totalitários. É uma questão cultural. Seria uma questão de convencimento, de exemplo. O vegetarianismo é importante na prevenção de doenças e na promoção do equilíbrio ambiental", afirma.

Na convenção que oficializou a candidatura, há alguns dias, em Brasília, o ex-deputado condenou a "escravidão animal" e disse que bois, porcos, frangos e peixes são "torturados diariamente para colocar um pedaço de carne na mesa".

Apesar de ter divergências com a cabeça de chapa em temas como descriminalização do aborto e da maconha, o vice vem dizendo que eles possuem uma "concordância programática de 90%".

Ambos são partidários de que o Brasil realize uma reforma política que acabe com a reeleição para a Presidência da República e limite a dois mandatos seguidos a atuação parlamentar. Também defendem que se avance no debate sobre a substituição do modelo presidencialista pelo parlamentarista.

"O parlamentarismo é uma bandeira que todos nós historicamente defendemos. Perdemos no plebiscito e agora o Eduardo trouxe a abertura para o debate", disse Marina nesta segunda-feira (13), no encerramento de um evento em São Paulo.

Eduardo insistiu também para que seja mencionada no programa de governo a hipótese de implementar o voto distrital misto nas eleições para o Legislativo. Marina é favorável ao modelo.

Fonte: Folhapress
Por: Joelmir Tavares
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