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Dudu: 'Prefeitura quebrou a Constituição' ao construir Praça dos Orixás

O parlamentar usou a tribuna e afirmou que foi chamado por pastores e padres que estão se sentido lesados pelo município.

07/11/2017 12:52

O anúncio da inauguração de uma praça na zona norte de Teresina causou polêmica na sessão desta terça-feira (7) na Câmara Municipal. A Praça dos Orixás foi feita em homenagem às religiões de matrizes africanas, umbanda e candomblé, e foi alvo de críticas por parte do líder da oposição na Casa. Segundo o vereador Ediberto Borges, o Dudu (PT), o prefeito Firmino Filho (PSDB) usou dinheiro público para beneficiar determinada religião, o que seria inconstitucional, uma vez que o Estado é laico. “O prefeito tem essa mania de ser contra as leis”, afirmou o petista.

O parlamentar usou a tribuna e afirmou que foi chamado por pastores e padres que estão se sentido lesados pelo município. Segundo Dudu, eles pediram a construção de espaços para as outras religiões.

O vereador Edilberto Borges, Dudu (Foto: Assis Fernandes / O DIA)

“Eles estão reivindicando com justiça um espaço para cultuarem a Bíblia, que não é só evangélica nem católica. Seria um espaço laico, para quem quiser cultuar a Bíblia ter também seu espaço, já que a prefeitura promoveu e quebrou um artigo constitucional”, disse. 

Dudu afirmou não ser contra a religião, mas disse que não é justo com os demais segmentos religiosos. “Isso pode se tornar uma coisa grave. Sob pena de criarmos uma guerra entre as religiões, uma achar que está sendo beneficiado pelo poder publico e outra não. Eu sou católico e não iria achar normal que o município ou o estado fizesse templos com dinheiro público, direcionado para aquela religião. Como é que o município patrocina uma praça dos orixás para atividades da umbanda, do candomblé e, portanto, religiosa?”, questionou. 

O pronunciamento de Dudu teve o apoio da vereadora Cida Santiago (PHS). “O prefeito não respeita, de fato, as leis. Precisamos respeitar as religiões. Mas quando acontece um fato como este, é estar priorizando uns e outros não, o que causa a intolerância religiosa pela própria provocação do poder público”, pontuou a vereadora. 

Em contrapartida, o vereador Enzo Samuel (PC do B) alegou que, se forem considerados os argumentos de Dudu, as proposições apresentadas dentro da própria Câmara Municipal também ferem a Constituição, que estabelece a laicidade do Estado. “Concordo que o Estado é laico e que os poderes precisam respeitar. Todavia, o que me chama atenção é que este poder [Legislativo] também tem obrigatoriedade nisso e o que a gente vê nesta Casa? Votações de proposições para se criar o dia de uma tal religião. Se o Estado é laico, quando se cria para um, tem que se criar para todos, ou não cria para nenhum. Existe uma contradição nesta Casa”, ressaltou Samuel.

Firmino Filho diz que 'não há privilégios'

O Prefeito Firmino Filho (PSDB) rebateu as críticas do vereador Dudu (PT) e disse que a Praça é um meio de igualar a visibilidade das religiões de origem africana, que, segundo ele, são discriminadas até hoje. Atualmente, há em Teresina mais 480 terreiros onde são realizadas as cerimônias de umbanda e Candomblé.

Firmino Filho negou que haja favorecimento de um segmento religioso. “Não há privilégio. A Prefeitura sempre apoiou todas as religiões, mantendo o conceito de estado laico. Com a Praça dos Orixás, buscamos resgatar uma dívida com os povos de terreiro”, justificou. 

A íntegra desta notícia você confere na edição desta quarta-feira do jornal O DIA. 

Por: Ithyara Borges - Jornal O Dia
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