Portal O Dia - Notícias do Piauí, Teresina, Brasil e mundo

WhatsApp Facebook Twitter Telegram Messenger LinkedIn E-mail Gmail

Delator diz que Odebrecht deu relógio de US$ 20 mil a Jaques Wagner

Em 2014, o então governador da Bahia negociou o pagamento de uma dívida que o governo tinha com a empresa em troca de doação para a campanha de seu sucessor.

15/04/2017 17:38

Cláudio Melo Filho, ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, afirmou em delação premiada que Jaques Wagner (PT-BA), secretário de Desenvolvimento Econômico da Bahia e ex-governador do estado, teria recebido um relógio avaliado em US$ 20 mil como presente de aniversário, em 2012. Ainda segundo a delação, ele também teria conseguido dinheiro para o candidato a sucessão dele, Rui Costa (PT-BA).

Jaques Wagner, ex-governador da Bahia (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

"O Sr. Jaques Wagner gosta de relógio, é meio notório, todo mundo sabia disso, eu pessoalmente sabia", disse Melo. "A preocupação não foi com o valor, foi com o simbolismo. Depois, ele me agradeceu, mas pessoalmente nunca o vi usando", completou o delator, citando que o presente e o dinheiro foram dados em troca de vantagens para a Odebrecht.

Em 2014, o então governador da Bahia negociou o pagamento de uma dívida que o governo tinha com a empresa em troca de doação para a campanha de seu sucessor. O delator explicou que para fazer o repasse, a empreiteira solicitou o pagamento de uma dívida da Companhia de Engenharia Hídrica e de Saneamento da Bahia. De uma dívida de R$ 390 milhões de reais ficou acertado que o governo pagaria 290 milhões. A empresa ficaria com R$ 260 milhões e os R$ 30 milhões restantes iriam para a campanha eleitoral.

Jaques Wagner também é suspeito de ter recebido cerca de US$ 12 milhões para campanha de reeleição ao governo da Bahia em 2010. Em troca, segundo as denúncias, teria concedido benefícios fiscais associados ao pagamento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que teriam favorecido a Odebrecht .

A acusação consta em depoimentos dos delatores Carlos José Fadigas de Souza Filho e Marcelo Odebrecht. A denúncia foi encaminhada pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), à Justiça Federal da Bahia, por falta de prerrogativa de foro privilegiado perante a Corte. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, também encaminha a denúncia para a Procuradoria da República na Bahia.

Procurado pelo G1, o secretário respondeu que "está tranquilo, trabalhando normalmente para atrair novos investimentos que gerem renda e emprego para os baianos". Ele defende ainda que as decisões do ministro Edson Fachin "sejam pronta e amplamente divulgadas em sua integralidade para evitar o uso político do que está na imprensa".

Na mesma denúncia, o também delator Claudio Melo relata pedido de contribuições financeiras que teria sido feito por Wagner, para a campanha de 2010, em contrapartida da defesa de interesses da Odebrecht. Ele conta ainda que Wagner recebeu, no mesmo ano, um relógio de "presente" da Odebrecht no valor de US$ 20 mil.

Já os depoimentos dos delatores André Vital Pessoa de Melo, Marcelo Odebrecht e Claudio Melo Filho narram que qualquer "apoio" da Odebrecht à campanha do candidato do PT em 2014 estaria condicionado à resolução da dívida da Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (CERB). Com a suposta resolução da dívida, a Odebrecht teria pago a Wagner o montante de R$ 10 milhões.

Jacques Wagner declarou que todas as contribuições recebidas para as campanhas foram dentro da lei, e que o pagamento da dívida da CERB com a Odebrecht obedeceu a uma decisão da Justiça.

Fonte: G1
Mais sobre: