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Crivella denuncia suspeitas de irregularidades de Paes em obras do BRT

Paes disputará 2º turno ao governo do Rio com o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC), que surpreendeu na corrida eleitoral, obtendo no 1º turno 41,28% dos votos válidos, contra 19,56% de seus adversários.

16/10/2018 17:15

Faltando 12 dias para o segundo turno nas eleições para governador do Rio, o prefeito da capital, Marcelo Crivella (PRB), divulgou nesta terça-feira (16) que seu governo investiga suspeitas de irregularidades na obra do BRT Transcarioca, corredor expresso de ônibus construído pela Prefeitura do Rio durante a gestão de Eduardo Paes, hoje no DEM e à época no MDB. 


O prefeito do Rio Marcelo Crivella divulgou investigação de irregularidades na gestão de Eduardo Paes às vésperas do segundo turno das eleições (Foto: Divulgação)


Paes disputará o segundo turno ao governo do Rio com o ex-juiz federal Wilson Witzel (PSC), que surpreendeu na corrida eleitoral, obtendo no primeiro turno 41,28% dos votos válidos, contra 19,56% de seus adversários. 

Candidato do PSC, partido ligado a igrejas evangélicas no país, Witzel se apresentou como o nome do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) ao governo do Rio, o que lhe garantiu 1,7 milhão de votos a mais que seu adversário no primeiro turno. 

Na última sexta-feira (12), Crivella, que é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, declarou apoio a Witzel no segundo turno. Para Paes, a denúncia ora apresentada sobre as obras do BRT tem como objetivo influenciar na corrida eleitoral para o estado. 

Segundo a Prefeitura do Rio, há suspeita de que a obra foi realizada fora das especificações técnicas previstas em contrato, tendo sido empregados materiais de baixa qualidade em sua execução. 

A gestão Crivella alega que já fez dez vistorias no corredor expresso de ônibus e teria constatado trincas no pavimento de concreto, fendas que expõem vigas e estruturas e indícios de reparos nas pistas. Esses problemas, diz a Prefeitura do Rio, indicam "a possibilidade de baixa qualidade da execução da obra". 

Crivella anunciou que chamará as empreiteiras responsáveis pela obra para refazer os trechos onde há suspeita de irregularidades. O corredor foi construído pela Andrade Gutierrez e pelo consórcio Transcarioca, formado por OAS, Carioca Engenharia e Contern. 

O BRT Transcarioca é um corredor expresso de 39 quilômetros e 45 estações que liga a Barra da Tijuca, na zona oeste, até o aeroporto internacional do Galeão, na Ilha do Governador, zona norte da cidade. O sistema de ônibus articulados que trafegam em vias exclusivas foi inaugurado em 2014 às vésperas da realização da Copa do Mundo no Rio. 

Paes era prefeito quando entregou a obra, feita com recursos do municípios e financiamento do BNDES. A obra ficou a cargo da prefeitura, e a operação do sistema foi concedida à iniciativa privada. Segundo a administração do BRT, 241 mil passageiros utilizam o serviço por dia no Rio.   

De acordo com a assessoria de imprensa da gestão Crivella, as investigações começaram há três semanas depois que operadores do BRT entraram na Justiça alegando que os ônibus estavam sendo danificados por conta das más condições das pistas.

A Prefeitura do Rio utilizou ainda uma informação incorreta para justificar o segundo motivo para a abertura das investigações. Cita uma suposta delação do ex-secretário de Obras de Paes, Alexandre Pinto, em ação da Lava Jato que corre no Rio, que nunca ocorreu. 

Na realidade, no último dia 4 de outubro, às vésperas do primeiro turno das eleições, Pinto declarou em interrogatório ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, que Paes, enquanto prefeito, coordenava fraudes às licitações de grandes obras no Rio. O ex-prefeito nega as acusações. 

"Houve então esses dois fatos novos. E aí fomos verificar. E constatamos que a obra foi feita mesmo sem fiscalização. Em todos os trechos que abrimos, verificamos que a obra não foi feita de acordo com o projeto. Se houve corrupção, vou deixar para a Justiça apurar. Mas o fato é que pagamos mais de R$ 2 bilhões por uma obra que foi feita completamente fora do projeto", disse Crivella.

Em agenda de campanha em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, nesta terça-feira (16), Paes sugeriu interesses de campanha na investigação apresentada pela atual gestão na prefeitura.

Ele ressaltou, contudo, que não vê problema em se fazer uma sindicância na obra e tentou colar em Witzel a pecha de inexperiente para o cargo que disputa, fazendo paralelo com Crivella, que assumiu seu primeiro cargo no executivo após vencer as eleições para a prefeitura da capital fluminense em 2016. 

"A gente fica com a certeza de que o Crivella está em campanha para o Witzel. A gente sabe que essa é uma parceria estabelecida. É uma maneira de ele achar que atrapalha [a minha campanha]. Não atrapalha, não. Eu sou bastante diferente do Crivella e o Witzel é muito parecido com o ele. Quem está vivendo a experiência do Crivella na Prefeitura do Rio, pode se preparar. O Witzel representa essa inexperiência, essa incompetência, esse jeito meio dissimulado, essa coisa de lobo em pele de cordeiro, como ele já se revela. Eles são iguaizinhos, juntinhos nessa", disse Paes.

Fonte: Folhapress
Por: Lucas Vettorazzo
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