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Audiência termina com presidente da Eletrobras atingido na cabeça

Arquelau Amorim foi atingido por objetos jogados por manifestantes durante audiência pública que trata sobre a privatização da distribuidora.

28/02/2018 18:15

Em meio a muito tumulto e protestos, o governo federal conseguiu realizar na tarde de hoje (28) audiência pública para apresentar a sociedade o processo de privatização da Eletrobras Piauí. A audiência ocorreu na sede do Sindilojas, no centro de Teresina. Durante os protestos, o presidente da Eletrobras Piauí, Arquelau Amorim, foi atingido na cabeça por objetos jogados por manifestantes. Além dele, servidores também ficaram feridos no tumulto e três chegaram a ser detidos pela Polícia Militar.

Cadeiras foram arremessadas pelos manifestantes. (Foto: Reprodução)

Sindicatos que representam trabalhadores da Eletrobras Piauí pediram na Justiça o cancelamento da audiência, alegando que ela não cumpriu os requisitos legais para ser realizada. Ao O DIA, o presidente do Sindicato dos Urbanitários do Piauí, Francisco Sampaio, também criticou o aparato de segurança na audiência e afirmou que o comportamento de seguranças privados e da Policia Militar causou reação de trabalhadores que participavam da audiência, o que levou a tumulto.

 Servidores também ficaram feridos no tumulto. (Foto: Reprodução)

A audiência é um requisito exigido pela legislação para que o governo avance na proposta de privatização. Ao O DIA, a assessoria de imprensa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Sustentável (BNDES), responsável por estudar o modelo de privatização, explicou que o edital que levará a Eletrobras Piauí a leilão será publicado em 15 dias uteis.

“O edital vai prever questões importantes. A vencedora do leilão será a empresa ou consorcio que oferecer maior desconto em relação ao aumento tarifatio autorizado pela Anatel. O vencedor pagará um valor simbólico de R$ 50 mil pelo ativo da empresa e ficará obrigada de fazer aporte imediato de R$ 720 milhões na Eletrobras Piauí”, informa o BNDES. 

Com o processo, toda a estrutura da Eletrobras Piauí vendida será repassada a empresa compradora. Já em relação aos servidores, a principal possibilidade é que o edital preveja um período em que eles não poderão ser demitidos. O DIA apurou que grande parte dos trabalhadores devem ser reaproveitados pela compradora da Eletrobras Piauí.

Na audiência pública, o BNDES apresentou o modelo definido para privatização da Eletrobras e respondeu questionamentos dos presentes.

Sindicato diz que privatização trará prejuízos aos piauienses

O presidente do Sindicato dos Urbanitários, Francisco Sampaio, também criticou o suposto interesse do governo federal em realizar uma audiência pública sem participação popular e fez críticas a privatização da empresa. “A Eletrobras tem investimentos de 5 bilhões de reais, tem dividas trabalhistas, previdenciárias. O governo agora quer vende-la pelo preço simbólico de R$ 50 mil. O governo ainda mente quando diz que vai baratear a energia, na verdade a iniciativa privada, em busca do lucro, vai aumentar cada vez mais”, disse o sindicalista.

Sindicato diz que privatização trará prejuízos aos piauienses. (Foto: Reprodução)

Para Francisco Sampaio, também haverá precarização nas relações trabalhistas, uma vez que outras empresas que também passaram pelo mesmo processo possuem hoje uma alta rotatividade no quadro de empregados, salários baixos e quarteirização. “Tudo isso influencia na qualidade do serviço prestado. Estamos com um escritório jurídico que acompanha a venda das distribuidoras de energia nos seis estados e temos certeza que vamos conseguir decisões favoráveis na Justiça”, diz ele.

Após o tumulto na audiência, três trabalhadores ficaram detidos e foram levados para fazer exames de corpo delito. Também registraram boletim de ocorrência por supostas agressões sofridas por policiais e seguranças particulares. O sindicato também quer que as audiências sejam realizadas nas principais cidades do interior do Piauí.

Por: João Magalhães
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