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Amoêdo considera que Moro não foi parcial no julgamento de Lula

Em Teresina, o ex-banqueiro multimilionário defendeu que a Previdência brasileira passe a adotar o regime de capitalização, que se mostrou um fracasso no Chile.

26/06/2019 19:16

Em passagem por Teresina nesta quarta-feira (26), o ex-presidenciável João Amoêdo (Novo) disse considerar que as supostas conversas entre o ex-juiz federal Sergio Moro e o procurador da República Deltan Dallagnol, reveladas pelo site The Intercept Brasil, não colocam sob suspeição o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no caso do apartamento triplex, no Guarujá (SP).

Para Amoêdo, esse argumento de que Moro, enquanto juiz, teria atuado com parcialidade na análise da ação penal de Lula, é apenas uma tese apresentada pela defesa do petista.

"A troca de mensagens não tem nada de grave. Nas conversas não há nada que pudesse mudar o rumo da investigação nem mesmo as provas obtidas. Então, me parece muito mais uma narrativa de que está do outro lado, querendo descredenciar todo o processo que foi feito, de julgamentos, de condenações, de recuperações de recursos [no âmbito da Operação Lava Jato]", afirmou o ex-banqueiro, que no ano passado, durante a campanha, declarou à Justiça Eleitoral possuir um patrimônio de quase meio bilhão de reais.

O ex-banqueiro João Amoêdo (Foto: Jailson Soares / O DIA)

Sobre a nomeação de Moro para o Ministério da Justiça, Amoêdo diz não ver nada de errado, porém, considera que este não era o momento ideal para ele ter deixado a carreira de magistrado e ingressado no governo.

Durante uma coletiva de imprensa concedida num hotel no bairro Noivos, na noite desta quarta, João Amoêdo reiterou o apoio do Novo à reforma da Previdência Social, mas ressaltou que a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 6/2019 não é suficiente para resolver todos os problemas do país.

"Nós entendemos que esta é uma pauta fundamental. O Brasil hoje tem um desequilíbrio enorme nas contas públicas, um rombo de R$ 120 bilhões [no ano de 2018]. Só com a Previdência o déficit foi de R$ 190 bilhões [também em 2018]. Ou seja, se a Previdência estivesse equilibrada já teríamos um número positivo. E esses número negativo é ruim porque traz insegurança para quem quer investir, reduz a geração de empregos [...] A nossa Previdência é insustentável e é muito injusta, porque os 20% mais ricos ficam com 40% do bolo [do que a Previdência paga]", pondera Amoêdo.

João Amoêdo veio a Teresina para participar de evento do Partido Novo, no qual estão sendo discutidas estratégias da legenda para as eleições de 2020 (Foto: Jailson Soares / O DIA)

Regime de capitalização

Ele também defendeu que o regime solidário (ou de repartição) seja substituído pelo regime de capitalização. Pelo atual regime, as aposentadorias são financiadas pela contribuição paga por quem está trabalhando. Já no regime de capitalização o valor pago por cada trabalhador é depositado numa conta individual, que vai render juros, e os recursos acumulados durante todo o período de contribuição desse trabalhador serão usados para bancar sua aposentadoria.

O regime de capitalização já foi implantado por um país latino-americano, o Chile, durante o governo ditatorial de Augusto Pinochet. Lá, o sistema mostrou-se um fracasso. Milhares de idosos passaram a receber aposentadorias com valores pífios, o que levou a um crescimento expressivo no número de suicídios entre pessoas da terceira idade.

Um levantamento feito em 2015 apontou que cerca de 90% dos aposentados no Chile recebiam menos de 149.435 pesos (cerca de R$ 694,08) de aposentadoria. Naquele ano, o salário mínimo no país era de 264 mil pesos (cerca de R$ 1,226.20). Ou seja, a imensa maioria dos aposentados chilenos recebem um valor correspondente a um pouco mais da metade de um salário mínimo vigente no país.

Apesar dos riscos desse regime, ele interessa ao mercado financeiro, sobretudo às instituições financeiras para onde seriam destinadas as contribuições dos trabalhadores.

Na sua declaração à Justiça Eleitoral, em 2018, consta que cerca de metade do patrimônio de Amoêdo corresponde a investimentos em renda fixa.

Ex-presidenciável defendeu mudança do regime solidário (ou de repartição) para o regime de capitalização na Previdência brasileira (Foto: Jailson Soares / O DIA)

Candidatura à Prefeitura de Teresina

João Amoêdo afirmou, ainda, que o Partido Novo está trabalhando para ter um candidato próprio a prefeito de Teresina nas eleições de 2020. Mas, para que isso seja viável, ele diz que a sigla precisa aglutinar apoio suficiente da população local. 

"A gente pretende ter candidatura à Prefeitura de Teresina. No Novo há um processo diferente. Uma candidatura tem que ser consequência de um processo de atração de filiados, da venda da nossa ideia. Não queremos ser somente uma legenda à procura de um candidato", afirmou Amoêdo, acrescentando que, por enquanto, não pensa em se candidatar a algum cargo no pleito do próximo ano.

Por: Cícero Portela
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