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Abstenção no 2º turno das eleições tende a ser maior, avalia TRE-PI

Neste domingo (28), os brasileiros voltam às urnas para eleger o novo presidente do país

27/10/2018 08:19

Às vésperas do segundo turno das Eleições 2018, muitos eleitores seguem em dúvida se irão às urnas ou não. Em todo o Brasil, o percentual de abstenção no primeiro turno deste ano foi de 20,3%, superior à última eleição, em 2014, quando a abstenção foi de 19,4%. No Piauí, 15,7% dos eleitores optaram por não irem às urnas no último dia 7. E a expectativa para este domingo é que o número de abstenção seja ainda maior. 

Segundo Eliane Xavier, chefe da Coordenação de Eleições do Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE-PI), as estatísticas mostram que, quando não há eleição estadual, vez que o candidato foi eleito no primeiro turno, a abstenção tende a ser mais acentuada no segundo turno.

Para Eliane, isto não tem nenhum reflexo na apuração e totalização da soma dos votos, assim como os votos brancos e nulos, que são colocados à parte. Eliane Xavier acrescenta que a abstenção no primeiro turno ficou dentro do esperado pelo TRE-PI e desmistifica o que é o voto branco e nulo.

“O voto nulo é quando o eleitor digita algum número que não é de nenhum candidato, como o ‘00’, por exemplo. Assim que digitado, a urna apresenta que o voto é nulo e o eleitor confirma. O voto em branco é quando o eleitor aciona a tecla branca e essa é sua opção de voto. Não há consequência nenhuma em votar branco e nulo, pois eles não entram na totalização do resultado, apenas os votos válidos”, ressalta.

Para sociólogo, descrença dos eleitores os afastam das urnas 

Para o sociólogo Marcondes Brito, mais de 20 milhões de eleitores não foram às urnas no primeiro turno das eleições deste ano por descrença no sistema. Ele explica que a abstenção pode se refletir de diversas formas, sobretudo em período de crise institucional.

“As abstenções e os votos nulos são comuns em períodos de crise institucional, porque, na democracia, você acredita que as instituições podem resolver seu problema da forma mais completa. Quando essas instituições estão em crise, elas não conseguem mais passar essa confiabilidade, um elemento central, que é fazer valer as instituições. Nós votamos em um representante que possa fiscalizar e potencializar as instituições de controle e que fazem valer a democracia. Se isso não ocorre, o indivíduo não se sente estimulado a continuar a votar”, pondera.

“Nós temos uma projeção de abstenção de mais de 20 milhões de eleitores no primeiro turno. Para a democracia, isso e ruim. As pessoas se abstêm porque não têm conseguido ver nas instituições a resposta a seus anseios e questões. Neste sentido, mesmo o voto sendo obrigatório, as pessoas preferem receber a sanção do que corroborar com um sistema que não responde seus mínimos de segurança, seriedade e confiabilidade”, completa o sociólogo.

Marcondes Brito pontua ainda que a representação da democracia no modelo democrático brasileiro é feita através do voto, expressada pela escolha de um candidato que, em tese, deve representar os interesses da sociedade. Segundo ele, é fundamental que as pessoas não se abstenham de votar.

“É interessante que as pessoas votem porque a democracia foi instituída desta forma. A maneira como construímos essa relação de representatividade é pelo voto, então, para nós, é isso que vai fortalecer a democracia. Os votos brancos e nulos podem ser percebidos como algo ruim, ainda mais em uma sociedade onde o voto é obrigatório, pois isso fragiliza muito a democracia. Porque aquilo que deveria ser espontâneo e um exercício de cidadania, torna-se uma obrigação do sujeito para com o estado e passível de sanção, ainda que o valor da multa seja pequeno”, enfatiza.

“Eleições sujas”

O sociólogo acrescenta que a eleição deste ano tem gerado muita discussão, sobretudo com relação à postura dos candidatos e das instituições, que estão sendo descreditadas por não agirem de maneira a dar uma resposta satisfatória para a sociedade.

“Essa é uma das eleições mais sujas desde de 1989. O que estou chamado de sujo são as denúncias sérias, difusão de fake news e pouca ou nenhuma ação dos órgãos de controle, o que deixa os sujeitos desacreditados. Segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), analisando as mensagens de grupo de WhatsApp de um dos candidatos à presidência, de 50 mensagens, apenas cinco eram verdadeiras. Isso, de certo, gera um descrédito das instituições e no próprio sistema democrático”, finaliza.

Por: Isabela Lopes
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