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"œVamos inserir a UFPI no desenvolvimento do Piauí e dos seus municípios"

Em entrevista, o candidato à reitoria da UFPI, prof. Gildásio Guedes afirma que é necessário trabalhar por um maior orçamento da instituição, para que seja possível investir em ensino e pesquisa.

04/08/2020 07:01

O DIA segue com as entrevistas realizadas com os candidatos à Reitoria da Universidade Federal. As eleições ocorrem dia 12 de agosto, de forma online. Nesta edição, a conversa é com o candidato da Chapa 2, professor doutor Gildásio Guedes. Formado em Matemática, com mestrado em Matemática Aplicada e doutorado em Educação: novas tecnologias de informação e comunicação, ele possui experiência de 40 anos como docente da instituição, onde ocupou diversos cargos administrativos. Ao O DIA, Gildásio Guedes afirma que é necessário trabalhar por um maior orçamento da instituição, para que seja possível investir em ensino e pesquisa, além de garantir que os investimentos repercutam no trabalho dos professores, alunos, servidores e de toda a comunidade acadêmica. 

De maneira geral, qual a importância da Universidade Federal do Piauí no processo histórico do estado? 

Eu particularmente considero a Universidade Federal do Piauí, como dizia um ex-reitor, o segundo maior acontecimento deste estado. Qual foi o primeiro acontecimento? A própria criação do Estado. Então da década de 70 até hoje, nesses últimos 50 anos, a universidade tem exercido um papel de forte presença para contribuir com o desenvolvimento em todas as áreas, saúde, educação, tecnologia e produção de novos conhecimentos, inclusive a interiorização através de vários projetos inclusivos. 


Candidato pela chapa 2, Gildásio Guedes já foi chefe de departamento, diretor do CCN e gestor do Centro de Educação Aberta - Foto: O Dia

Como o senhor vê essa polarização entre esquerda e direita na política universitária? Dentro deste contexto, muito tem se falado que a universidade pública têm produzido mais militantes que estudantes, o senhor concorda? 

Sou um homem que não tem uma militância política partidária, logo não estou na esquerda e nem na direita. Sou um homem que o meu partido é o PU, o Partido da Universidade. São 40 anos dedicados, de manhã, de tarde, de noite e às vezes nos finais de semana, no projeto de educação à distância e em outras palestras, de forma que eu vejo e sinto muito que essa polarização aconteça, mas eu não participo e nem estou inserido e nem integrado nesse contexto de direita e esquerda. Sou um homem da universidade, passando por várias instâncias administrativas. Chefia de departamento, direção de centro, gestão de setores e coordenador de projeto, de forma que eu não tive tempo de ter uma militância voltada para a partidarização da universidade. Essa opção partidária ela não faz bem. Eu particularmente acho que a produção do conhecimento e a transmissão está desvinculada e, quanto mais desvinculada, mais produção temos. Agora é claro que a universidade tem esse campo democrático que abraça a todos, por isso não podemos fugir dessas situações de esquerda de direita. Eu sou um homem do Partido da universidade, e me sinto feliz. Se eu não estivesse feliz e não tivesse bem com o PU eu estaria, por exemplo, dentro uma militância política ou então aposentado, pois já tenho tempo para isso. Como amo a minha universidade, gosto do serviço que desenvolvo, acho que faço muito bem as pessoas, tanto da cidade grande como de cidades pequenos, é que continuo na luta, não penso ainda em me aposentar. 

Professor, entre suas propostas de gestão há alguma relacionada à ideologia de gênero no âmbito universitário? 

Não temos uma proposta centrada em assuntos exclusivos, mas respeitamos todas as pessoas, com todas as diferenças e com todas as suas opções. Não somos um homem da intransigência, somos do diálogo e da aceitação do ser humano. Somos oriundos de mentalidade cristã, que em primeiro lugar devemos enxergar o homem e não as suas opções. Nós inclusive, na nossa carta programa, não tratamos dos problemas específicos de cada departamento, tratamos de generalidade, com respeito, inclusão e também respeitando a diversidade. Nossa carta programa é limpa, íntegra e respeitadora, então não temos esse problema de ser contra ou favor, nós enxergamos em primeiro lugar o ser humano, que são os professores da nossa universidade, nossos alunos e nossos técnicos, e são nossos parceiros que não são poucos. 

Quais são os seus projetos para o desenvolvimento do estado do Piauí, através da contribuição da Universidade Federal? 

Queremos ampliar a ação universitária em seus principais campi. Temos alguns com vocação educacional, com vocação no agronegócio e outros com vocação tecnológica, então nós temos que incentivar e manter o intercâmbio com os órgãos que estão voltados para a produção e para educação. A universidade não pode fugir dos principais acontecimentos tecnológicos e nem dos principais acontecimentos que podem contribuir para a formação de profissionais qualificados. Temos que estar vinculados aos desejos da sociedade piauiense e do Brasil, estarmos inseridos nos principais programas do estado. Não podemos nos prender em nossos muros, temos que sair e trabalhar. Uma das opções é a inovação, reinventar a universidade, torná-la preparada para o momento atual e para o futuro, para que a gente tenha um aluno mais contemporâneo, um professor mais contemporâneo e uma pessoa integrada tanto em partes que ele esteja desenvolvendo atividades para o desenvolvimento do estado como também para o seu desenvolvimento pessoal. Um homem que faz o que gosta, quer que seja aluno ou que seja técnico e professor, ele produz melhor. Nós queremos Inserir a universidade no todo, em todas as grandes ações do estado e dos municípios, pois temos que contribuir mesmo. Se possível, criar novos campus, incrementar mais ainda a extensão e favorecer os insumos no tempo, aula certa para a continuidade das pesquisas. Não podemos fugir os anseios da comunidade e nem deixar a universidade parada dentro dos seus muros. Temos que ir atrás e contribuir, de todas as formas, para o desenvolvimento do estado e da nossa sociedade. 

Qual deve ser o papel da pesquisa na universidade federal em um dos estados mais carentes do país? 

A pesquisa tem uma importância, porque além de desenvolver experimentos, produtos e de assimilar o conhecimento já constituído, ela em conjunto com a graduação desenvolve da melhor forma o conhecimento e o alunado. Os resultados da pesquisa devem ser considerados de várias formas, a básica e a aplicada. O importante é que o professor que faz pesquisa, ele faz com prazer. A gente tem essas opções, podemos fazer as pesquisas localizadas, pesquisas voltadas exclusivamente para desenvolvimento da formação do ser humano. O certo é que a universidades sem esse tripé ensino-pesquisa-extensão, tripé, mais a internacionalização e a gestão, deixa muito a desejar. Então é importante termos agilidade suficiente para suprir as necessidades básicas dos nossos pesquisadores, para que eles possam apresentar novos processos, novos produtos e novos encaminhamentos para a universidade estar inserida no bem estar da nossa sociedade. É muito importante desenvolvermos, apoiarmos e contribuirmos como gestor, de forma rápida e ágil, para que nossos pesquisadores tenham ações e resultados na medida em que os projetos são realizados. Uma universidade sem pesquisa é uma universidade que deixa a desejar. 

O custo dos alunos das universidades públicas tem se aproximado e até superado o valor das mensalidades de instituições privadas. Qual é sua opinião em relação a essa questão? 

Não considero custo, considero investimento. Então quando eu considero investimento não dá nem para a gente comparar. O que nós temos que comparar são os resultados, os bons alunos e bons profissionais no mercado de trabalho, de fato que o valor a mais ou a menos isso é insignificante diante dos resultados que as universidades públicas e a UFPI tem disponibilizado para o mercado. Essa questão, da dicotomia entre o preço do custo do curso da iniciativa privada são questões irrelevantes, no meu modo de pensar, porque nós temos o melhor produto, já comprovadamente, dentro da sociedade entre aqueles que estão formados pela UFPI. Se formos para qualquer área, por exemplo, a prestação de serviço na saúde, em que somos um polo, mais de 50% dos médicos do estado concluíram o curso na UFPI, então não podemos comparar custos quando temos resultados excelentes. No que diz respeito a atender com qualidade e professores com boas aulas, considero um investimento, porque o que vale são resultados. Temos que ter o profissional com conhecimentos básicos e conhecimentos técnicos, necessários e suficientes para o exercício da profissão, e isso a UFPI tem feito, por isso o que fazemos é investimento. 

Ainda falando na questão de custeio, vamos olhar para o orçamento anual da UFPI. Qual é esse orçamento? Ele é suficiente para atender a todas as necessidades? Neste sentido, há alguma proposta específica para o Hospital Universitário? 

O orçamento da universidade tem caído um pouco nos últimos anos, mas os serviços permanecem, então nós precisamos de mais recursos porque à medida que contratamos professores, que abrimos um curso novo, um programa de mestrado, de doutorado e um grande programa de pós-graduação, vamos precisar de insumos para o desenvolvimento das pesquisas. Temos um orçamento abaixo da nossa necessidade. Pensamos que precisamos trabalhar mais, para aumentar mais ainda a matriz de financiamento e podermos prestar um melhor serviço. Temos muita dificuldade, às vezes, com a parte burocrática e de licitação. Às vezes temos mais dificuldade ainda com a questão orçamentária, do dinheiro que chega na ponta. Essas são dificuldades que precisamos atacar, que desburocratizar e desengessar aquilo que nós temos no orçamento para que ele possa chegar na sala de aula, no laboratório, ao bom docente e do bom pesquisador. Há alguns programas especiais que estão se consolidando, como a licenciatura do campo, como educação à distância, como PARFOR, estes também precisam consolidar seus orçamentos e se institucionalizarem, estarem sendo atendidos na medida do possível. No caso, por exemplo, da licenciatura do campo, há uma dificuldade imensa para receber os alunos no período das aulas. É dificuldade de locomoção, de hospedagem, de atendimento e de alimentação. Tudo isso porque às vezes falta gestão e aplicação correta. Ainda que os recursos sejam poucos, temos que trabalhar para melhorar todos esses programas. No caso da educação à distância, atendemos a 48 municípios, 30% da UFPI é na modalidade a distância, entre licenciaturas, bacharelados e dois mestrados. Saímos da cidade de Teresina e estamos de norte a sul, de leste à oeste, tanto através dos campus na modalidade presencial, mas também com a modalidade a distância. Então nós atendemos a sociedade piauiense de uma forma distribuída, e nós precisamos melhorar o orçamento. Tínhamos uma metodologia de muitos encontros presenciais, pois a educação a distância é semi- presencial, mas os recursos foram diminuídos e com isso tivemos influência na quantidade de encontros presenciais, porque preparamos o professor a toda uma logística, de acomodação, alimentação, pernoite, retorno e material a ser distribuído. Tivemos dificuldade de manter o mesmo padrão, e acho que o presencial estamos também com algumas dificuldades que podem ser sanadas, mas o orçamento não está totalmente suficiente. Nós temos necessidades de mais recursos para aplicar em todas as áreas e ampliar a quantidade de professores que querem pesquisar, de estudantes que querem participar. Há uma dificuldade muito grande na modalidade não presencial do estudante ser assistido com bolsas para viajar e estar presente na extensão e em outras atividades do professor. São coisas que um orçamento diminuído dificulta, então temos que trabalhar para ampliar orçamento, planejadamente. 

Por fim, qual mensagem o senhor deixa para a comunidade universitária? 

Minha mensagem é muito simples, ela está vinculada ao nome da nossa chapa: experiência, educação e compromisso. Isso está muito fortemente vinculado a mim, que tenho 40 anos de universidade, e ao professor Viriato, nosso candidato a vice-reitor que é doutor em medicina e diretor do Centro de Ciências da Saúde. Nos meus 40 anos, desenvolvi atividades como gestor. Fui chefe de departamento no curso de Matemática e de Computação, diretor do CCN e de toda área de informática da universidade, e diretor da educação à distância. Passei a minha vida servindo, de manhã, de tarde, de noite e às vezes no final de semana. Por onde passei deixei a marca de um gestor preocupado e de bons resultados. No caso do CCN deixamos cinco bacharelados na área de exatas, prontos e funcionando, e quatro licenciaturas, dentro de um programa de revitalização e modernização. Fui para o setor de informática e nós tivemos a grande preocupação de instalar internet na universidade. Além disso, recebemos também 360 microcomputadores, de forma que instalamos a internet e 30 laboratórios. Como gestor do Centro de Educação Aberta, começamos com um curso e 500 alunos, hoje nós temos 17 cursos e 10.000 alunos, essa é a marca da experiência, da educação e do compromisso está fortemente vinculada ao nosso trabalho e a nossa vida. Colocamos o nosso nome não é porque queremos ser reitor, colocamos nosso nome porque

Por: Breno Cavalcante, Lívio Galeno e Najla Fernandes
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