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"œEleição é um jogo de cartas marcadas", diz candidata do PCO, Lourdes Melo

Entre as pautas do partido está a defesa da liberdade do ex-presidente Lula.

26/08/2018 10:25

A candidata ao governo do Estado entrevistada pelo jornal O DIA nesta edição é a professora Lourdes Melo, do PCO. Histórica militante de esquerda, ela afirma que o partido está nas eleições para defender a liberdade do ex-presidente Lula e critica toda a legislação que envolve o processo eleitoral. Segundo ela, a eleição é um jogo de cartas marcadas em que sairá vencedor aqueles que já estão 

no poder. A candidata também ataca a clausula de barreira. Lourdes Melo também faz criticas ao governador Wellington Dias e afirma que o piso salarial dos professores não é suficiente para que os profissionais da categoria tenham uma boa qualidade de vida e continuem se qualificando. Demais partidos de esquerda como PSTU, PSOL e PCB também são alvos de Lourdes Melo, já que segundo ela, eles querem se aproveitar da prisão do Lula para melhorar a votação. Outro eixo central da campanha do PCO ao governo do Estado é a geração de emprego. 

Nestas eleições o PCO está protestando contra a prisão do Lula, mas, em contrapartida, não fez nenhuma aliança para esta disputa. Porque O PCO não se coligou com outros partidos que também defendem a liberdade do ex -presidente? 

O PCO nessas eleições tem como luta principal defender a liberdade do Lula e também o registro da candidatura dele até o fim. Nós vamos fazer uma campanha para presidente do Lula, não defendemos plano B e também não defendemos que o Lula não vá até o fim. Nós vamos na urna votar independente disso e se não houver o Lula na urna eletrônica, nós vamos votar e não vamos legitimar nenhum candidato que ficar até o fim dessas eleições. Eleição sem Lula é uma forma de legitimar uma fraude e também de trazer para o país um presidente carrasco, um novo golpista que agora vai dizer que foi eleito através do voto. Nós também temos o Rui Costa, que é o presidente do PCO, mas neste ano não vai se candidatar justamente para fazer a campanha, para fortalecer o Lula, porque tem outros partidos aí, como o PSOL, PSTU, PCB, que eles estão se aproveitando da situação, que nós chamamos, inclusive, de candidatos abutres, que são de esquerda, mas estão querendo ver o fracasso do Lula, para que o voto do Lula seja desviado para eles. Isso é uma incoerência muito grande sabemos que o único candidato que pode tirar o país do golpe é o Lula.

 "A eleição é uma fraude, é uma ditadura, é um jogo de cartas marcadas."

O PCO Nacional integra uma aliança com PT e o PC do B. Porque o partido não seguiu o mesmo caminho a nível estadual? 

O PCO realmente está nessa defesa do Lula com o PT e com PC do B mesmo vendo também que eles têm um setor dentro dos próprios partidos que quer fraquejar, que já defende um plano B e nós não. Nós vamos até o fim. Aqui no Piauí a gente não tem nenhuma aliança com o governador Wellington Dias mesmo porque a nossa aliança nacional em defesa do Lula é incondicional, nós estamos apoiando o Lula, mas não queremos fazer parte do governo do PT. A nossa luta é pelo direito democrático, pela autonomia e pela Liberdade de uma pessoa que está presa injustamente. Aqui no Piauí a gente já vê que o próprio Governador perdeu a confiança no povo. Ele prefere se aliar do que defender a independência dos trabalhadores.

“Eleição é um jogo de cartas marcadas", diz candidata do PCO, Lourdes Melo. (Foto: Geici Mello/O Dia)

Este ano teremos uma novidade no processo eleitoral, que é a cláusula de barreira, que pode fazer com que muitos partidos considerados pequenos deixem de existir. Como o PCO está se articulando para não ser prejudicado pela nova legislação?

Nós acreditamos que a população está compreendendo a mensagem do partido e também acreditamos que nessas eleições nós demonstramos que crescemos muito. Temos candidaturas em vários estados e a gente pretende crescer mais. Mesmo assim a gente sabe que a Justiça Eleitoral faz um papel que não é o dela, por que a Constituição Federal diz que para o cidadão querer se candidatar ele precisa ter maioridade e filiação partidária. Já o TRE cria normas, e não é o papel dele. A função do TRE seria de julgar e de acompanhar as eleições e não te querer impedir. Essa cláusula de barreira tira justamente a participação de quem já é pequeno das eleições. Isso é antidemocrático, mas vamos continuar defendendo o fim da cláusula de barreira, para que todos os partidos que existam hoje possam estar concorrendo com os demais que têm dinheiro para participar das eleições.

"O piso que pagam para o professor é muito baixo. Não dá para sobreviver. Defendemos 10% do PIB para educação."

A senhora tem muita experiência em eleições, já foi candidata por várias vezes, mas nunca conseguiu, por exemplo, obter uma votação expressiva. Para a senhora, qual a dificuldade em conseguir angariar uma maior quantidade de votos? 

Mas como pode a gente conseguir diante da ditadura que é a eleição?! A eleição é uma fraude, é uma ditadura, é um jogo de cartas marcadas. Quem vai ganhar as eleições é quem já está no poder e quem tem financiamento milionário. Nosso tempo na propaganda da televisão é de cinco segundos por aí já se começa a desigualdade. Quanto nós vamos receber de recursos? Até agora nós temos nossas candidaturas registradas, mas nós temos que nos virar em 5 segundos. A gente vai ter que se virar para falar com a população nesse tempo. Então, a eleição é um jogo sujo e quem faz as regras contribui com o jogo sujo. A eleição é desigual.

A senhora é bastante lembrada, por exemplo, nas redes sociais através de brincadeiras e alguns memes. Pretende explorar essa ferramenta para tentar conquistar mais votos? 

Claro! Esse é o nosso espaço, é o que ainda temos, é o único espaço que ainda temos de comunicação democrática e vai ser nesse espaço que vamos conversar. Queria até fazer um apelo aos jovens que gostam, que entendem de internet e de informática, e que queiram colaborar, porque as pessoas não têm a informação e acha que a gente recebe dinheiro igual os outros. Tem pessoas que me pedem emprego e outras coisas que eu não posso ajudar, eu fico é com pena, e também acham que a gente ganha o programa eleitoral na televisão, mas aquilo não é de graça. A gente tem uma produção e para fazer uma filmagem, edição de vídeo, um cartaz, tudo a gente precisa ter condições. Vamos fazer uma campanha financeira, rifas, feijoadas, pedágios e também falar na internet, pedindo contribuição para que a gente possa se sobressair nessa ditadura que é a eleição.

Qual vai ser a estratégia do partido para utilizar o curto espaço que vai ser disponibilizado na televisão? 

A criatividade do ser humano é muito grande e nós fazemos parte disso. Vamos usar os cinco segundos que temos e usá-lo de forma criativa, como já fizemos em outras eleições.

“Eleição é um jogo de cartas marcadas", diz candidata do PCO, Lourdes Melo. (Foto: Geici Mello/O Dia)

A senhora é professora e militante da categoria. No Estado os professores ficaram em greve por cerca de três meses. Qual a sua proposta para a valorização do magistério e melhoria na qualidade de ensino? 

O que nós defendemos não é nada novo. Nós só defendemos que os direitos sejam cumpridos. Por exemplo, defendemos que de salário precisa ser melhorado. O piso que pagam para os professores é muito baixo, não dá para o professor sobreviver. R$ 2.300 não dá. Nós professores somos os profissionais de nível superior que temos o pior piso profissional, sem falar que gastamos para trabalhar porque precisamos nos qualificar, ter um computador, viajar, porque tudo isso faz parte do conhecimento do professor. Saímos de uma greve com uma luta baixa e o governador ainda não cumpriu aquilo que nós realmente reivindicávamos. Tem uma outra questão que é nacional. A gente reivindica 10% do PIB para a educação. Isso foi retirado de uma conferência nacional, com professores de todo país, uma proposta unificada. O problema maior é que o governo golpista, através do que a gente chama de PEC da morte, congelou os recursos por 20 anos, ao invés de aumentar a necessidade. Temos que derrotar o golpe, que revogar todas as medidas que atacam a classe trabalhadora e a educação.

Um dos eixos de sua campanha é a geração de emprego. Aqui no Estado temos algumas dificuldades em atrair empresas e, com isso, abrir novos empregos.  Qual sua proposta para incentivar a atividade industrial no Piauí e ampliar os postos de trabalho? 

O Brasil é um país rico e o Piauí também, tem muita matéria prima. Para o emprego é preciso que a gente lute pela reforma agrária. O trabalhador que está no campo gosta de ficar no campo. Quem não gosta de trabalhar com a natureza? Os jovens vêm para cidade porque a vida lá é muito ruim. Então, a gente depende de uma reforma agrária sobre o controle dos trabalhadores, com assistência técnica, com financiamento para manutenção, com irrigação, e assim sendo já é um campo de trabalho para todos. Por outro lado também se tem desemprego é porque existe uma demanda muito grande de desempregado, para isso é preciso reduzir a jornada do trabalho que hoje para os professores, por exemplo, é 40 horas, reduzindo para 35h. Assim, haverá mais campo de trabalho. E, com relação às empresas que hoje tem monopólio, que mandam, elas pagam um salário de R$ 900, que é uma escravidão, a escravidão branca, e a pessoa tem que trabalhar o mês todo para sustentar uma família. Isso mostra que os empresários são sugadores, são parasitas. Eles não trabalham. Quem tem que mandar nas fábricas e no dinheiro das riquezas que são produzidas pelos trabalhadores são os próprios trabalhadores e, para isso, é preciso haver uma revolução, uma revolução socialista. Os trabalhadores precisam tomar para si o poder de fato e isso não acontecerá através das eleições.

Por: Ithyara Borges
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