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"œO dia a dia do policial militar é 24 horas", diz tenente coronel da PM

A PM do Piauí aniversaria no dia 25 de junho e comemora 183 anos de atuação. Conheça a história de policias que se orgulham da profissão.

23/06/2018 08:16

Ser policial militar é mais do que manter a ordem pública, é também garantir a segurança da sociedade em detrimento da sua própria segurança. É uma profissão que exige trabalho e dedicação, além de envolver muitos riscos à vida desses profissionais. Mas apesar das dificuldades, é um trabalho que enobrece quem exerce essa profissão e deixa muitas histórias para contar.

A Polícia Militar do Estado do Piauí aniversaria no dia 25 de junho e, ao longo de 183 anos, conta com a força de quem veste a farda todos os dias e dá seu melhor para garantir a segurança da população. O tenente coronel Teixeira, comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar integra a corporação há 25 anos e pontua que essa é uma profissão que requer muita disciplina e comprometimento, além de preparo para atender as ocorrências.

O trabalho do PM é 24 horas por dia, os 365 dias do ano. (Foto: Moura Alves/O Dia)

“O dia a dia do policial é efetuar o policiamento ostensivo e oferecer a sensação de segurança para a sociedade. Isso é 24 horas, os 365 dias do ano. Nós atendemos as ocorrências através do Copom e deslocamos um policial para prestar o atendimento. O serviço policial não tem rotina e toda ocorrência é única. Cada ocorrência é uma abordagem diferente, com pessoas diferentes”, comenta.

Após 25 anos integrando a corporação, o tenente coronel enfatiza que ir para as ruas todos os dias ainda lhe causa frio da barriga e que, ao usar a farda, os policiais devem estar preparados para todas ocorrências que possam vir a acontecer. Segundo ele, esse preparo é primordial, principalmente se houver a necessidade de fazer uso do armamento, tanto para proteger a sociedade como a própria vida.

O tenente coronel enfatiza que ir para as ruas todos os dias ainda lhe causa frio da barriga. (Foto: Assis Fernandes/O Dia)

Quem também está há muitos anos na corporação é o 3º sargento Laércio Ferreira Borges, que já tem 31 anos de profissão. “A dificuldade era muito grande, principalmente entrar nas favelas, inclusive já participei de tiroteio com bandidos. A vida de um policial é difícil, porque ele vai para o trabalho, deixa a família, tem um dia complicado na rua e, às vezes, não volta para casa", finaliza.

Policiais se arriscam

O tenente coronel Teixeira cita ainda dos riscos que os policiais correm todos os dias ao irem para as ruas. Ele relembra o caso do Major Mayron, que foi assassinado durante uma tentativa de assalto em 2016, após os criminosos perceberem que ele estava armado. Segundo o comandante do 1° BPM, a abordagem de um assaltante tende a ser diferente quando é um civil e um policial.


O comandante Teixeira enfatiza que o Piauí ainda é um estado onde os policiais não precisam omitir sua identidade militar. (Foto: Arquivo O Dia)

“O risco à vida é inerente à natureza policial, ou seja, ele não pode se esquivar ou se omitir de nenhuma ocorrência e isso acaba colocando esse policial em risco. Muitos policiais sacrificaram suas vidas em prol da sociedade. O comandante anterior a mim, o major Mayron, foi vítima de um assalto, onde ele teve a vida ceifada em razão de um furto de celular. Quando um policial é abordado o assaltante tende a reagir”, fala.

Já o 3º sargento Laércio Ferreira Borges lembra que já passou por muitos momentos intensos quando trabalhava nas ruas fazendo o patrulhamento e confrontando bandidos, sobretudo em bairros onde a presença da polícia intimidava e era necessário o reforço policial. “A vida de policial é complicada, porque precisamos estar sempre em alerta, senão podemos perder nossa vida no combate", diz.

Contudo, o comandante Teixeira enfatiza que o Piauí ainda é um estado onde os policiais não precisam omitir sua identidade militar, como ocorre em outros locais do país.

Jovem se inspira no exemplo do pai e torna-se o oficial mais novo do Piauí

“Era um sonho de infância me tornar policial, porque eu sempre tive a figura do meu pai como exemplo, tanto profissional como pessoal. Ele entrou na polícia no ano que nasci, então tinha essa imagem do pai, do herói”. Essas palavras são de Miguel Raimundo Batista Júnior, 26 anos, filho de Miguel Raimundo Batista, 48, ou 2° Tenente Batista Júnior e Capitão Batista, como são conhecidos na Polícia Militar do Piauí.


Pai e filho trabalham juntos como comandante e sub-comandante. (Foto: Arquivo Pessoal)


Tendo Miguel Batista como referência, o jovem Batista Júnior almejava ingressar na carreira militar e seguir os passos do pai. Ele fez o curso de Bacharelado em Direito e viu no concurso para oficiais a oportunidade de realizar seu sonho. O pai sempre o deixou livre para decidir que profissão quisesse seguir e o apoiou quando foi aprovado para o cargo de tenente na PM-PI, tornando-se o oficial mais jovem do Estado.

Enquanto o pai tem 26 anos de profissão, o filho inicia a carreira e tem pouco mais de um ano na Polícia Militar. Um fato curioso chama atenção: os dois trabalham na Companhia de Polícia de Barras, onde o Capitão Batista é comandante da Cia e o tenente Batista Júnior é subcomandante.

“Quando eu estava me formando em Direito já tinha desistido de ingressar na polícia como soldado, só que foi no ano que surgiu o concurso para oficial e foi a oportunidade de aliar as duas coisas. Meu pai entrou como soldado, fez a prova para oficial e foi promovido. A Academia de Polícia para oficial é no Piauí, ele é da 4ºª turma de oficiais e eu sou da última, a 7ª turma. Quando eu me formei ele já estava trabalhando em Barras, no comando da Companhia, mas não tinha subcomandante e eu consegui vir para cá trabalhar com ele”, conta.

A escolha de trabalhar com o pai foi de Batista Júnior, o que propicia a ele uma troca diária de experiências, além da gratidão em estar ao lado do homem que o inspira. Os dois estão trabalhando juntos há pouco mais de um ano e moram na cidade de Barras. Apesar da convivência, tanto como pai e filho como hierarquicamente, o jovem enfatiza que dá para separar o pessoal do profissional e que essa relação é bem resolvida entre os dois.

Ser militar está no sangue

O 2º tenente da Polícia Militar, Raimundo Nonato Pereira Filho, não é o único em sua família que é policial. Muitos parentes ingressaram na carreira militar, alguns inspirados nele, como seus irmãos e sua filha, que pensa em seguir a carreira. Seu Raimundo Pereira já tem quase 30 anos de vida militar e lembra de inúmeras situações que passou ao longo de quase três décadas.

“Eu tenho um irmão, que faleceu a pouco tempo, que era 1º sargento da PM. Recentemente meu outro irmão passou no concurso da Polícia Militar, só que no estado do Maranhão, e outro irmão também é militar, mas da Aeronáutica, além de primos e muitos outros parentes. Na família eu tenho vários primos que entraram na corporação antes de mim, mas entre os irmãos eu fui o primeiro e os outros acabaram se inspirando”, comenta.

Ele lembra que o sonho de ser policial vem da infância e das brincadeiras de criança, como ‘polícia e ladrão’, onde sempre queria ser o policial. Um sonho que virou realidade e nunca deixou de encantar o militar, mesmo com os riscos que corre diariamente na profissão. Mais do que vocação, seu Raimundo Pereira pontua que é preciso ter paixão pelo que faz.


Ser policial militar está no sangue. (Foto: Jailson Soares/O DIA)

O 2° tenente comenta que a filha já chegou a fazer o concurso, porém, ainda não conseguiu lograr êxito, mas que pretende fazer as provas novamente. Já seu outro filho não despertou o interesse por essa área e pretende seguir outra profissão. Para seu Raimundo Pereira, não seguir os passos do pai não é algo que lhe incomoda.

“A minha filha é apaixonada e quer muito entrar na polícia, já meu outro filho não tem muito interesse, mas eu deixo que eles fiquem livres para decidir. Claro que seria um interesse meu, mas não quero que eles façam algo contra a vontade deles e depois digam que foi imposição. Ser policial é pesado, desgastante, mas prazeroso para quem trabalha”, finaliza.

A força da mulher piauiense

E as mulheres também têm vez na carreira militar. Isabella Andiara de Sousa Magalhães, 28, ou cabo Andiara, como é conhecida na corporação, ingressou na Polícia Militar em 2010, quando tinha apenas 19 anos, e já soma quase oito anos de profissão. Ela é um exemplo para muitos e muitas policiais, não somente por sua dedicação, mas por ser a primeira policial piauiense a fazer parte da Força Nacional.

Andira foi a primeira piauiense a fazer parte da Força Nacional. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Quando eu fiz a prova da Força Nacional não tinha vaga específica para mulheres, então eu concorri com os outros homens de forma ampla e consegui uma vaga. Para mim foi uma grande vitória porque é um treinamento que requer muita dedicação, muita disponibilidade e eu me comprometi com isso, porque queria ir para a Força Nacional, apesar de saber que era muito difícil. Na época, não tinha nenhuma mulher que iria junto fazer o teste físico, e mesmo assim deu certo. As pessoas que trabalhavam comigo começaram a me admirar e outras policiais femininas também se espelharam no que fiz”, comenta.

Isabella Andiara trabalha na Companhia de Choque do Batalhão Rone e comenta que, de certa forma, foi influenciada a escolher a área militar por conta de seu padrasto, que é coronel aposentado. Na Companhia, ela atua no controle de distúrbios civis, que pode ser intervenção em estabelecimento prisional, desobstrução de vias, estádios de futebol e em manifestações. Além disso, também integra o patrulhamento ostensivo nas viaturas

“É uma profissão que você tem que fazer por dedicação e amor, porque é muito difícil, já que você é policial 24 horas por dia. Tem que se dedicar, independentemente de estar de serviço ou não, porque as pessoas vão precisar de você. O que me motiva a permanecer é o Batalhão, que eu gosto muito, assim como o serviço que faço e gosto bastante, meus companheiros de trabalho que estão sempre me apoiando e me incentivando”, finaliza.

Por: Isabela Lopes
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