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Sequestradores de gerente do Itaú fizeram máquina capaz de perfurar cofres

Delegados revelaram que máquina não é vendida no mercado, e foi feita a partir da junção de peças de vários tipos de equipamentos.

08/03/2019 14:31

A Polícia Civil do Piauí prendeu, na madrugada desta sexta-feira (8), mais dois suspeitos de participar do sequestro do gerente de uma agência do banco Itaú em Teresina, crime ocorrido em 17 de janeiro deste ano. Na ocasião, o bancário e sua família foram mantidos em cárcere privado por cerca de 20 horas, sob intensa tortura psicológica, até o horário em que o gerente pôde ir à sua agência para retirar o dinheiro pedido pelos bandidos.

Anderson Alves da Silva, vulgo "Madruga", e João Bosco Santos Silva, vulgo "Pará" ou "João de Deus", foram capturados no município de Picos, distante 322 km da capital. As prisões foram efetuadas pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), com apoio operacional da Divisão de Operações Especiais (DOE) da Polícia Civil.

Os delegados Tales Gomes, do Greco, e Júlio Castro, da DOE (Fotos: Poliana Oliveira / O DIA)

A dupla estava dentro de um ônibus, retornando da Paraíba, onde, segundo o delegado Tales Gomes, do Greco, eles já teriam praticado novos crimes. Em poder dos suspeitos os policiais civis apreenderam uma pistola .40, um simulacro de arma de fogo, documentos falsos e uma máquina improvisada, que não é vendida no mercado, feita a partir de peças de vários outros equipamentos, e que era usada pelos criminosos para perfurar paredes e até arrombar cofres.

Os outros quatro envolvidos no sequestro do gerente do Itaú já tinham sido presos ao longo dos meses de janeiro e fevereiro, acusados de participação em outros crimes. Mas as prisões não foram divulgadas para não atrapalhar as investigações.

Máquina usada por criminosos para perfurar paredes e cofres não é vendida no mercado, e foi produzida a partir da junção de várias peças de outros equipamentos (Fotos: Poliana Oliveira / O DIA)

Segundo o delegado Tales, quando as primeiras prisões ocorreram a Polícia Civil do Piauí já tinha conhecimento da participação dos suspeitos no crime ocorrido na capital, em janeiro, e havia, inclusive, mandados de prisões expedidos contra eles. Mas como os suspeitos já estavam encarcerados, o Greco optou por não cumprir os mandados referentes ao caso do sequestro do gerente do Itaú, de maneira a evitar que os demais integrantes da quadrilha descobrissem que o caso estava sendo elucidado.

O primeiro a ser capturado foi Abimael Pereira da Silva, vulgo "Véi", que seria o chefe do grupo criminoso. Ele foi um dos presos na Operação Cargas, deflagrada no dia 21 de janeiro deste ano, e que teve como alvo uma quadrilha acusada de roubar centenas de televisores e de smartphones que estavam guardados num depósito das Casas Bahia em Teresina, crime ocorrido em dezembro de 2018.

Já o suspeito Daniel Brito de Oliveira foi preso por participação em outro crime do tipo "sapatinho", como é conhecida a extorsão mediante sequestro, ocorrido na cidade de Pedro II, em 2018.

Por fim, os suspeitos Benício Rodrigues da Silva e José Francisco Sousa Costa Júnior foram presos em fevereiro, no município de Luís Eduardo Magalhães (BA), também pela prática do crime "sapatinho", contra o gerente de um banco da cidade baiana.

O delegado Tales Gomes ressalta que a quadrilha atuava em vários estados do Norte e do Nordeste, já tendo sido identificados crimes no Maranhão, na Paraíba e na Bahia, além do Piauí. "Após a prisão do Abimael, dois deles foram pra Bahia tentar um sapatinho. Já esses dois que foram presos hoje, que são o Anderson 'Madruga' e o João Bosco 'Pará', foram para a Paraíba, onde estavam tentando cortar cofres lá. Por uma questão logística, um dos crimes não deu certo e eles decidiram retornar, com certeza para organizar, planejar e executar novos crimes aqui no Piauí e em outros estados", afirma Tales Gomes.

Anderson Alves da Silva, vulgo "Madruga", e João Bosco Santos Silva, vulgo "Pará" ou "João de Deus", foram capturados no município de Picos, na madrugada desta sexta. Outros quatro envolvidos no sequestro do gerente já tinham sido capturados (Fotos: Poliana Oliveira / O DIA)

Participações

Segundo o Greco, a casa de Benício foi usada como cativeiro da família do gerente. Os suspeitos José Francisco Júnior, Daniel Brito e João Bosco "Pará" renderam o gerente em sua casa. E Abimael é apontado como o mentor do sequestro.

Todos os seis presos serão indiciados por extorsão mediante sequestro e organização criminosa. O inquérito policial é presidido pelo delegado Daniel Pires. 

O delegado Júlio Castro, da Divisão de Operações Especiais, afirma que a Polícia ainda não descartou a possibilidade de mais pessoas terem participado do sequestro do gerente do banco Itaú.

O delegado Tales Gomes, do Greco (Fotos: Poliana Oliveira / O DIA)

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