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Repórter usava codinomes 'Dra. Carla' e 'R-35' em facção criminosa

Jornalista, modelo e advogada Luana Don foi levada nesta quinta para presídio em Tupi Paulista, depois de dois dias em delegacia da capital. Ela é acusada de participar de organização.

07/07/2017 08:18

jornalista, advogada e modelo Luana de Almeida Domingos, de 32 anos, usava os codinomes "Dra. Carla" e "R-35" para repassar informações de crimes do Primeiro Comando da Capital (PCC) a presos e membros da facção, informa o Ministério Público (MP).

Luana Don, como é conhecida, foi presa terça-feira (4) em Ilhabela e levada para delegacia em São Paulo, acusada de participar de organização criminosa. Nesta quinta-feira, ela foi transferida para a Penitenciária Feminina de Tupi Paulista, no interior do estado.

“Ela e outros advogados trabalhavam para o braço jurídico do PCC, usando e-mails com nomes falsos para dificultar que a investigação chegasse a eles”, disse nesta quinta-feira (6) ao G1 o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (GAECO) do MP de Presidente Prudente.

A reportagem não conseguiu localizar os advogados de Luana para comentar o assunto.

Luana é uma das 54 pessoas investigadas pela Promotoria na Operação Ethos, deflagrada em novembro de 2016 para prender, por exemplo, advogados acusados de envolvimento com as atividades criminosas do PCC.

Segundo a acusação, 39 advogados integravam a ‘sintonia dos gravatas, atuavam como ‘pombos-correios’, levando ordens da facção sobre como deveria ser feito o tráfico de drogas e até planos de ataques a agentes de segurança.

 Luana Dom chega à sede do DHPP (Foto: Reprodução/TV Globo)

Codinomes

Os advogados pertenciam ao setor 'R' da organização, sigla alusiva a 'recursistas'. Por esse motivo, eles recebiam codinomes, sempre com a letra 'R'. Luana, no caso, era a advogada número 35 dos 'recursistas', por isso recebeu o codinome 'R-35'. Ela também era chamada pelo nome falso de 'doutora Carla', ou 'Dra. Carla'.

“Para isso, recebiam dinheiro ilícito vindo da venda de drogas e assaltos”, disse o promotor Gakiya, que contesta a versão da defesa de Luana, apresentada antes de ela ter sido presa, de que a mulher não sabia que advogava para o PCC. “É pouco crível que advogados criminalistas não sabiam quem eram seus clientes”.

Atualmente, só um dos advogados investigados por ligação com a facção continua solto e é procurado. Foragida havia oito meses, Luana estava escondida na casa de um parente em Ilhabela, litoral paulista, onde foi presa numa ação conjunta da polícia do Rio com a de São Paulo. A Justiça determinou que ela fique presa preventivamente até seu eventual julgamento.

A expectativa é que a mulher deixasse a carceragem do 89º Distrito Policial (DP), Portal do Morumbi, Zona Sul de São Paulo, ainda na quinta.

Luana chegou por volta das 17h20 desta quinta-feira em Presidente Prudente (SP), depois de deixar o 89º Distrito Policial, Portal do Morumbi, na Zona Sul de São Paulo. Ao ser retirada algemada da viatura, a presa escondeu o rosto. Ela foi conduzida para uma sala da Delegacia Seccional, onde realizou o exame de corpo de delito.

'Musa do crime'

Policiais estão chamando a mulher de ‘musa do crime’. Antes da prisão, Luana era conhecida como repórter do Superpop, apresentado por Luciana Gimenez na Rede TV!. A jornalista ficou no programa de 2012 a 2015.

Por causa da presença de Luana no 89º DP, a delegacia recebeu reforço policial, de acordo com policiais civis. Segundo investigadores, além dos dez agentes que já trabalhavam nesta manhã no local, mais dez policiais armados com fuzis e metralhadoras estavam no prédio por questões de segurança, já que a presa responde por envolvimento com a principal organização criminosa do estado.

Entre outros investigados na Operação Ethos estão Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC, e Luiz Carlos dos Santos, então vice-presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana.

Atualmente, 10 pessoas foram condenadas e 44 se tornaram réus em processos por corrupção ativa e organização criminosa.

A pena para quem participa de uma facção pode chegar a até oito anos de prisão em regime fechado. Entre as provas do envolvimento dos advogados estão 500 mil e-mails interceptados com autorização judicial. A polícia ainda procura um acusado que está foragido.

Fonte: G1
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