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Rebelião em presídio de Goiás deixa 99 foragidos e nove mortos

Todas as vítimas tiveram os corpos carbonizados, sendo que duas foram degoladas, em Aparecida de Goiânia. No total, 242 fugiram, mas 143 já foram recapturados.

02/01/2018 15:18

A Superintendência Executiva de Administração Penitenciária (Seap) afirmou nesta terça-feira (2) que não há motivo para pânico pelo fato de 99 presos continuarem foragidos após a rebelião que deixou nove mortos em um presídio de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. O órgão informou que as buscas pelos fugitivos continuam.

"Equipes de toda a força de segurança estão no combate, todos estão atentos com prioridade de atuação, mas não há motivo para pânico, a população deve ter cuidados de segurança normais", disse o superintendente Newton Castilho.

O motim começou por volta das 14h de segunda-feira (1º) na Colônia Agroindustrial de Regime Semiaberto, sendo controlado duas horas depois. A Seap informou que, por causa da confusão, cerca de 90 presos saíram da unidade e ficaram na porta por questão de segurança, mas retornaram depois que a situação foi normalizada. Outros 242 presos fugiram, sendo que 143 foram recapturados.

Falta de estrutura e agentes

Castilho ressaltou que o briga entre grupos rivais por causa do tráfico de drogas motivou o conflito. Presos da ala C invadiram as alas A, B e D, onde ficam detentos rivais.

O superintendente confirmou que os presos fizeram um buraco na parede para invadir as outras alas. Ele afirma que o espaço foi aberto no mesmo dia da rebelião.

"A estrutura não oferece segurança adequada, não há concreto e ferragens suficientes para impedir que o buraco fosse feito rapidamente. A estrutura é frágil na unidade", admitiu.

Castilho também reconheceu que a superlotação do presídio, que tem capacidade para 530 internos, mas abrigava 768 bloqueados, ou seja, aqueles que estão no semiaberto, mas não saem porque não tem trabalho efetivo. No momento da confusão, havia apenas cinco agentes penitenciários no local.

Após a rebelião, 153 presos foram transferidos para o Núcleo de Custódia e para o Módulo de Segurança do Complexo Prisional. Parte da Colônia Agroindustrial está interditada porque ficou destruída durante o motim e deve passar por reforma.

Rebelião em presídio deixa celas destruídas na Colônia Agrícola Industria Aparecida de Goiânia Goiás (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

O superintendente disse ainda que pediu ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que agilize a conclusão de obras de cinco presídios no interior. Castilho também solicitou o chamamento imediato de vigilantes prisionais temporários e a realização de concurso para agente prisional.

Barbárie

O delegado Eduardo Rodovalho, responsável por investigar a rebelião, afirmou que as vítimas foram assassinadas de maneira “cruel” e que o cenário no presídio após a briga entre presos era de desolação.

“Foi uma situação lamentável, muitas mortes cruéis. Muitos corpos foram carbonizados, dois tiveram a cabeça decepada e alguns deles tiveram as vísceras expostas. Os foragidos, na realidade, a maioria foi das alas que foram atacadas. Acredito que muitos estavam fugindo do ataque mesmo. Foi uma situação bastante grave. Duas alas ficaram praticamente destruídas”, contou ao G1.

O delegado ouvirá agentes e envolvidos para indiciar os autores e apontar as possíveis causas. “Precisamos ouvir as pessoas envolvidas para esclarecer a situação. Escolheram um dia estratégico, o primeiro dia do ano, feriado, para dificultar a reação imediata. Ainda assim, as forças policiais agiram impedindo uma situação ainda pior”, comentou.

Rodovalho destacou que os ferimentos foram causados por diversas armas brancas, que foram apreendidas pelos agentes penitenciários após o motim. Os agentes também encontraram três armas. Ainda conforme o delegado, os nove mortos ainda não foram identificados. Aqueles que tiveram os corpos carbonizados só terão identidade confirmada após exame de arcada dentária ou DNA, que devem ser feitos pelo Instituto Médico Legal (IML).

Presos fazem rebelião na Colônia Agroindustrial em Aparecida de Goiânia (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Feridos

A Seap informou que 14 presos ficaram feridos, mas hospitais informaram que receberam 13 detentos. Até as 12h30, sete haviam recebido alta.

O Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa) informou nesta manhã que recebeu 11 presos feridos durante a rebelião, sendo que seis já voltaram para a cadeia. Um dos pacientes, de 51 anos, tem estado grave. Os outros quatro presos continuam internados nas enfermarias com estado de saúde estável, mas sem previsão de alta.

Já o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) disse que recebeu outros dois feridos. Segundo boletim médico divulgado nesta manhã, um deles já recebeu alta médica e o outro segue internado em quadro regular.

Parentes cobram informações

Uma mãe reclamou da falta de informações sobre quais presos fugiram e quais morreram. "Eu não tenho notícias sobre o que aconteceu com meu filho. Eles não dão informação, estou passando mal sem saber o que está acontecendo", disse.

Castilho explicou que a lista dos presos que fugiram, dos que estão na unidade e dos feridos deve ser divulgada ainda hoje, pois o cartório estava fechado por causa do feriado. Já os mortos, como tiveram os corpos carbonizados, só terão identidade confirmada após exame de arcada dentária ou DNA, que devem ser feitos pelo Instituto Médico Legal (IML). "A angústia é plenamente normal devido às circunstâncias", reconheceu.

Segundo delegado, alas ficaram praticamente destruídas após rebelião em presídio (Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Fonte: G1
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