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Policial militar morto por colega de farda filmou a própria morte

O cabo da PM usou o próprio celular para filmar toda a abordagem que culminou na sua morte. Para a polícia, suspeito atirou para matar.

08/02/2019 18:56

O cabo da Polícia Militar do Piauí, Samuel Borges, morto por um policial militar lotado no Batalhão de Timon – Maranhão, no último dia 1º, utilizou o celular para filmar o próprio assassinato. Segundo informações do coordenador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Francisco Costa Baretta, a vítima filmou toda a ação que resultou na sua morte, desde a abordagem ao suspeito.

O homicídio, segundo a Polícia Civil, teria sido motivado por uma abordagem do cabo da PM-PI ao soldado Francisco Ribeiro dos Santos Filho. A vítima vinha com o filho em uma motocicleta na Avenida Presidente Kennedy quando teria avistado o suspeito em uma motocicleta sem placa e portando uma arma de fogo quando iniciou a abordagem. 

Imagem mostra local onde ocorreu a primeira abordagem. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

Imagens gravadas por câmeras de segurança e pelo próprio celular da vítima fazem parte do inquérito da Polícia Civil e mostram todo o trajeto percorrido pela vítima e pelo suspeito do homicídio. Ao todo, seis pessoas já foram ouvidas pela Polícia, incluindo uma policial militar que presenciou a primeira abordagem.

“O cabo verificou que ele vinha em uma moto grande, sem placa e com um volume nas costas que ele imaginou que fosse uma arma, e realmente era, não só uma arma, mas duas. Em outro semáforo ele parou, o cabo tentou novamente fazer a abordagem, mas o próprio autor disse que não tinha satisfação para dar e arrancou com a moto”, relata o delegado. 

Vítima segue suspeito antes de ser alvejado com três tiros. (Foto: Jailson Sores/O Dia)

Logo após as duas abordagens, o cabo Samuel Borges iniciou a perseguição ao suspeito.  Francisco Ribeiro dos Santos Filho teria então parado a moto nas proximidades da Avenida Jóquei Clube e confrontado a vítima. 

“O cabo perguntou se ele era policial e pediu que ele se identificasse, quando começou um bate boca. Nesse momento, quando o autor puxou a arma, três seguranças de uma escola particular nas proximidades do ocorrido, que são policiais aposentados, interviram com as armas em punho pensando que era um assalto. Os dois se identificaram como policiais e saíram”, conta o delegado Baretta.

Vítima e suspeito iniciam discussão e cabo é alvejado com três tiros. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

De acordo com o coordenador do DHPP, quando ia se retirar do local, o cabo Samuel Borges teria avistado que o soldado possuía outra arma irregular, um revólver calibre 38. “Ele perguntou que arma era essa e disse que a arma era irregular, falou que iria levar o soldado para a Corregedoria e deu voz de prisão para ele. Nessa altura o autor do crime diz que se ele continuasse filmando, iria mata-lo”, diz.

Nesse momento, os dois reiniciam a discussão e o soldado teria efetuado o primeiro tiro contra a vítima, atingindo-o na altura da cintura. Em seguida, o cabo derruba o celular no chão e o suspeito efetua mais dois disparos, um na altura da barriga e outro no pescoço. “O cabo estava armado, mas em nenhum momento sacou a arma. Ele jamais imaginou que um colega de farda ia usar a arma contra outro colega. A ação do soldado contra o cabo foi desproporcional, ele atirou para matar”, destaca o delegado.

"Ele jamais imaginou que um colega de farda ia usar a arma contra outro colega", diz delegado Baretta. (Foto: Jailson Soares/O Dia)

O suspeito foi ouvido pela equipe do DHPP no Presídio de Campo Maior, onde está preso preventivamente, e afirma ter atirado em legítima defesa. Segundo o delegado Baretta, o soldado diz que atirou apenas porque a vítima teria feito menção de sacar a arma. “Mas a prova testemunhal e os vídeos mostram o contrário”, conclui o delegado. Francisco Ribeiro dos Santos Filho será indiciado pelo crime de homicídio qualificado.

Por: Nathalia Amaral
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