Elisabeth Nunes Oliveira, mais conhecida como Beth Cuscuz, propriet�ria de uma boate de Teresina que leva o mesmo nome, foi presa na manh� desta ter�a-feira (14). Al�m dela, mais sete pessoas foram detidas. As pris�es s�o decorrentes da Opera��o Asp�sia, de combate a crimes ligados � explora��o sexual, deflagrada nesta ter�a pela Pol�cia Civil do Piau�. As investiga��es tiveram in�cio h� 1 ano e 3 meses.
O dono da boate Copacabana, Carlos Roberto da Silva Passos, vulgo "Carl�o", tamb�m est� entre os presos. As pessoas detidas s�o acusadas de favorecimento � prostitui��o, forma��o de quadrilha e tr�fico interno de pessoas, ou seja, atrair pessoas de outros estados para o mercado do sexo.
As boates Beth Cuscuz e Copacabana localizam-se, respectivamente, nos bairros Cristo Rei, na zona Sul da cidade, e Dirceu Arcoverde, na zona Sudeste.
Fotos: Jailson Soares/PortalODIA.com
Boate Beth Cuscuz
Boate Copacabana
Os outros seis presos s�o pessoas que davam suporte ao esquema, que v�o desde s�cios e gerentes dessas casas noturnas at� propriet�rios de sites destinados a an�ncios de acompanhantes. Todos foram levados para a sede da Comiss�o Investigadora do Crime Organizado (Cico), onde foram interrogados.
De acordo com a pol�cia, alguns dos envolvidos nesses crimes s�o: Keila Marina de Sousa Jacob, mais conhecida como Cl�udia Pires, s�cia da boate Beth Cuscuz; Rejane Ferreira Melo, gerente da mesma boate; Gorethi Maria Soares de Oliveira Ribeiro e Desterro, gerentes da boate Copacaba, al�m dos propriet�rios dos sites www.pecadocazual.com.br e www.soastops.net, respectivamente, Alan Wolner da Silva Leandro e "Santos".
Entrada da casa chamada de "rancho"
Contudo, algumas dessas pessoas ainda n�o foram presas, como Cl�udia Pires, que se encontra em outro estado. Segundo a pol�cia, ela est� sendo monitorada e pode ser presa a qualquer momento.
As pris�es s�o tempor�rias, com dura��o de cinco dias, prorrog�veis por mais cinco, mas poder�o ser convertidas em preventivas, para que possam se estender por mais tempo.
Al�m dos mandados de pris�o, a pol�cia cumpriu tr�s mandados de busca e apreens�o e v�rios de condu��o coercitiva, tanto nas duas boates em quest�o como numa casa chamada de "rancho", localizada na Rua �lvaro Ferreira, no bairro Cidade Nova, zona Sul da cidade. Essa casa serve de alojamento para supostas prostitutas, quase todas vindas de outros estados, principalmente do Sul do pa�s.
Dentre os materiais apreendidos, est�o comprovantes de pagamentos e material publicit�rio de eventos que fazem alus�o � prostitui��o.
Com os mandados de condu��o coercitiva, mais de 40 mulheres que seriam garotas de programa foram levadas �s bases da opera��o para prestar depoimentos. Em seguida, foram liberadas, j� que s�o consideradas apenas v�timas do esquema. Algumas foram inclusive fotografadas retornando para o "rancho" ap�s os depoimentos.
O delegado geral da Pol�cia Civil, James Guerra, afirmou que o inqu�rito est� apenas come�ando. "Todas as pessoas envolvidas ser�o ouvidas, na condi��o de depoentes. Foram feitas per�cias nos locais, no sentido de comprovar as condi��es a que estavam submetidas essas mulheres e que esses estabelecimentos n�o funcionavam apenas como bares, restaurantes e casas de shows", destacou.
Ao todo, cinco sites relacionados a esses crimes foram retirados do ar, e outras medidas cautelares foram determinadas. Al�m do Pecado Cazual e S� as Tops, foram alvos da pol�cia os sites www.mostrateresina.com.br, www.gatasteresina.net e www.multiescolha.com. O propriet�rio do Mostra Teresina, Francisco Soares Bandeira, tamb�m foi preso.
Esses sites continham uma esp�cie de "card�pio de mulheres", com fotos delas nuas e os dados de cada uma, como telefones para contato e onde atendiam aos clientes. Para manter as fotos nos sites, as garotas de programa tinham que pagar, mensalmente, o valor de R$ 300,00, mas, se quisessem mais ter mais destaque, tinham que pagar mais caro.
James Guerra ressaltou que ficou comprovada a rela��o entre os propriet�rios desses sites e os donos das boates.
Sobre o porqu� de uma opera��o desse tipo n�o ter sido deflagrada anteriormente, a delegada Andrea Magalh�es, titular da Delegacia de Prote��o � Crian�a e ao Adolescente (DPCA), explicou apenas que foi preciso bastante tempo para colher provas suficientes contra os acusados.
O nome da opera��o, Asp�sia, � em alus�o � mulher da Gr�cia Antiga que foi uma das amantes de P�ricles e encontrava-se no mais alto patamar das prostitutas da Gr�cia. Ao todo, 50 policiais participaram da opera��o, que teve como ponto de partida uma not�cia publicada pelo Jornal ODIA.
A delegada Andrea com a reportagem do Jornal ODIA que desencadeou a opera��o em m�os
Quadrilha agencia menores
Al�m das quadrilhas de Beth e de Carl�o, a pol�cia identificou outro grupo que responder� pelos mesmos crimes. A delegada Daniela Barros, do Servi�o de Opera��es Especiais da Pol�cia Civil (SOE), que coordenou a opera��o, informou que foram presas duas agenciadoras pertencentes a essa terceira quadrilha. Elas foram identificadas apenas como Andresca e J�ssica Mel.
Esse n�cleo, disse a delegada, tamb�m atua no Dirceu e estava aliciando inclusive menores de idade. Uma adolescente de 15 anos foi levada � Cico para depor. Acompanhada de sua av�, a menor confirmou que fazia programas, mas mentiu sobre a sua idade, dizendo ter 17 anos.
Ela foi ouvida pela delegada Andrea Magalh�es. Um programa com a menor custava R$ 200,00, e as agenciadoras ficavam com 50% do pagamento.
De acordo com informa��es da pol�cia, algumas menores chegam a realizar de 20 a 30 programas em um �nico dia.
A delegada Andrea explicou que a jovem ser� encaminhada ao Conselho Tutelar e n�o descarta a possibilidade de haver mais v�timas menores de idade. "Era uma teia criminosa e n�s fomos conseguindo chegar a outros n�cleos, outros estabelecimentos. Essa casa no Dirceu era de menor porte, de mulheres que j� eram garotas de programa e resolveram agenciar outras. Cada um vai responder � medida de sua participa��o", afirmou.
"Se aquilo � prostitui��o de luxo, o que eu vi � deprimente", diz delegada
A delegada Daniela Barros se disse "chocada" com o que viu na boate Beth Cuscuz. "Possui quartos onde as mulheres residiam, em que os programas eram realizados em condi��es prec�rias, sem a menor higiene. Se aquilo � prostitui��o de luxo, o que eu vi � deprimente", relatou a delegada.
Segundo a pol�cia, o valor de um programa na Beth Cuscuz variava de R$ 150,00 a R$ 500,00. No local, foram apreendidas agendas com anota��es dos lucros obtidos. Um s� cliente chegava a gastar de R$ 8 mil a R$ 50 mil, o que confirma o alto poder aquisitivo dos frequentadores da boate.
A pol�cia encontrou tamb�m in�meros blocos que evidenciam as metas que as garotas de programa tinham de cumprir. "Cada garota que dan�ava na pista tinha que deixar R$ 120,00 para a casa por dia. Os gar�ons faziam o controle. Enquanto elas n�o liberassem esse dinheiro n�o podiam sair", destacou Daniela.
Al�m disso, havia boletos em que constavam pagamentos feitos a taxistas. Eles recebiam R$ 20,00 por cada cliente levado at� a casa noturna e at� um b�nus de R$ 50,00, se conseguissem levar mais de 25 por noite.
Pelo menos 30% do valor arrecadado com os programas era revertido � pr�pria Beth. No entanto, segundo a delegada Andrea Magalh�es, Beth Cuscuz chegou a afirmar que o estabelecimento vinha passando por dificuldades financeiras e, por isso, teria arrendado o im�vel para Cl�udia Pires.
A delegada ressaltou que Rejane, que atuava como secret�ria de Beth, cuidando do agenciamento das mulheres e dos an�ncios do site pr�prio da boate, estava at� cogitando montar sua pr�pria casa de prostitui��o.
VEJA V�DEOS
Ambiente interno da boate Beth Cuscuz
Uma das su�tes onde os programas eram realizados
Cumprimento de um dos mandados de pris�o
Por: Juliana Dias e Maria Romero