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Autor das Fake News contra políticos do Piauí foi candidato a vereador em Valença

Ele é jornalista e dono de um portal de notícias na cidade. Polícia aponta que ele recebeu R$ 100 mil dos cofres públicos para disparar Fake News.

16/04/2021 08:29

A reportagem de O Dia apurou que o autor das Fake News contra políticos piauienses, que está sendo investigado no âmbito da operação deflagrada hoje (16) pela Polícia Civil, se trata de Thiago Araújo Maciel. Ele é jornalista, dono de um portal de notícias em Valença e foi candidato a vereador nas eleições de 2020 no município.

A investigação, que culminou nos mandados de busca e apreensão cumpridos hoje em Teresina, se iniciou há um ano pela Delegacia de Repressão a Crimes Virtuais. De acordo com o diretor de Inteligência da Polícia Civil, delegado Humberto Mácola, verificou-se primeiramente o disparo de inúmeras mensagens em curto período de tempo direcionados a grupos de WhatsApp e Facebook, envolvendo figuras públicas e autoridade políticas no Estado.


Delegado Humberto Mácola, diretor de Inteligência da Polícia Civil do Piauí - Foto: Assis Fernandes/O Dia

“Chegamos até o nome do acusado e ontem cumprimos o mandado de busca e apreensão na residência e no trabalho dele. Após interrogatório, obtivemos a confissão qualificada e ele indicou nomes de mandantes e como era feito o modus operandi. Todas as informações casavam com o que a investigação revelava”, informou o delegado.

As Fake News divulgadas pelo jornalista tinham como alvos grandes lideranças políticas municipais e estuais no Piauí tais como o governador Wellington Dias, secretários de Estado, deputados estaduais, prefeitos e pré-candidatos a prefeito. Entre os alvos das notícias falsas está também um juiz eleitoral de Valença e autoridades política do município.

“Quanto a essas autoridades, ele apontou o secretário de governo de Valença da gestão anterior, que esteve no cargo até dezembro de 2020, como o autor intelectual ou a pessoa que dava a palavra final, de forma a fazer essa difamação e quando fazer”, disse o delegado Anchieta Nery, coordenador da Delegacia de Crimes Virtuais e quem presidiu o inquérito.


Delegado Humberto Mácola, à esquerda, e o delegado Achieta Nery, à direita - Foto: Assis Fernandes/O Dia

Segundo ele, o jornalista autor das Fake News recebeu dos cofres públicos um valor em torno de R$ 100 mil para criar as notícias falsas e dispará-las em páginas de perfis falsos no Facebook e em grupos de WhatsApp. Ele chegou a administrar até 100 grupos no aplicativo de mensagens e seus perfis falsos no Faacebook tinham até 15 mil seguidores. 

“Esse autor direto, até 2018, recebia alguns valores da prefeitura por meio de seu CPF. Em janeiro de 2019, ele abriu uma empresa e já 60 dias depois disso, começou a receber os primeiros valores públicos”, explicou Anchieta.


O inquérito que culminou na Operação Fake News se iniciou há 1 ano - Foto: Assis Fernandes/O Dia

Ao longo da investigação, foram observadas uma série de situações relacionadas ao pleito eleitoral em vários municípios piauienses, de acordo com a polícia, inclusive o ataque a pré-candidatos a prefeito em Teresina no início de 2020. Em seu depoimento, o jornalista responsável pelas Fake News explicou que foi contratado por um profissional de publicidade do Ceará, mas que os valores financeiros saíram do Piauí para, a partir de outro estado, retornarem para o autor direto dos crimes.

“Era uma forma que eles encontraram de tentar ludibriar uma possível ação do Ministério Público ou da polícia. A gente não está falando de mera crítica, de opinião, até porque um dos valores do estado democrático de direito é a liberdade plena de expressão. Mas ela não é absoluta. Ela enfrenta um limite, que é a honra do próximo. Estamos tratando de uma máquina que foi colocada pra rodar pra escolher a dedo cidadãos e suas famílias para atacar diretamente a honra deles mediante paga”, finaliza o delegado Anchieta Nery.

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